Nessa sexta- feira (6) rolou o primeiro encontro do cineclube Afrodisséia promovido por estudantes da UFF.
por Júlia Martins
Da esquerda para a direita: João Carlos e Lucas Silva |
O clima chuvoso e o friozinho niteroiense combinaram perfeitamente com a pipoca quentinha e o telão projetado na sala 218 do bloco C do Campus Gragoatá. Cerca de 20 pessoas se reuniram nessa tarde de sexta feira (6) para participar da primeira edição do projeto Afrodisséia - Cineclube Cajado Filho criado por João Carlos Pinho e Lucas Silva, ambos alunos do curso de Letras portguês – literatura da UFF.
A iniciativa surgiu a partir de uma vontade de fuga da burocracia acadêmica. “A gente tava cansado e atolado de coisa da faculdade pra fazer” - disse João Carlos, uma das mentes por trás do projeto. “Faculdade não é para ser só isso, uma coisa automatizada, temos que fazer algo mais humano, mais a nossa cara.” Nesse sentido, para o processo de criação do cineclube, os meninos se inspiraram num antigo projeto que o Lucas faz parte no qual voluntários exibem filmes em escolas públicas para as crianças da Baixada Fluminense.
O coletivo é voltado para as questões raciais, desde o olhar que temos para o continente africano até a realidade de pessoas negras em diáspora no Brasil, Estados Unidos e ao redor do mundo. Sendo assim, serão exibidos filmes de diversos diretores negros a fim de promover e trazer um pouco da cultura presente no Cinema Negro Mundial para o ambiente universitário. “É um movimento lento dentro da universidade e um debate muito restrito à certos nichos de alguns cursos, mas é uma demanda dos estudantes”-acrescentou João Carlos. “É uma questão de identidade, se é o que somos, tem que estar sempre presente no meio acadêmico, mais que um evento, tornar algo normal.”
O filme escolhido para a sessão de inauguração foi Do the Right Thing (Faça a Coisa Certa) de Spike Lee. Antes da exibição, os estudantes apresentaram o projeto e explicaram como funciona o coletivo, no qual todos têm espaço para falar e trazer suas opiniões, entretanto, declararam repúdio à posturas genocidas e à incitações de ódio, visto os últimos acontecimentos no estado do Rio de Janeiro. Além disso, complementaram “A ideia não é ser uma coisa minha e do Lucas, é algo nosso.”
Autorizado pela coordenação de Letras, o cineclube, fará ligações com as disciplinas Literaturas Africanas de Língua Portuguesa I e Teoria da Literatura III, com o intuito de conciliar a pauta em questão com o meio acadêmico. “Ás vezes, a burocracia afasta a gente das coisas, mas temos que tomar atitude. Se não, quem irá fazer por nós?, acrescentou João.
De fato, eles fizeram a coisa certa: Afrodisséia se reunirá quinzenalmente e disponibilizará a programação na página do evento no Facebook. Para mais informações acesse o link aqui e não perca mais um encontro.
Matéria relevante e bem elaborada. Há pequenos erros de redação que podemos corrigir em sala. Mas estou feliz pelo engajamento.
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