Projeto de extensão da UFF promove espaço de participação através da escrita
A Revista Querubim tem o papel de divulgar a produção escrita de todo aquele que se dispõe a materializar ideias através da palavra, desde estudos a divagações de alguma forma pertinentes às Ciências Humanas. Para isso, apesar das publicações preservarem o rigor da escrita, o espaço da revista não é restrito a membros da comunidade acadêmica.
O propósito, portanto, enraíza-se em dar voz aos que não têm vez: aqueles que escrevem compromissados com a sua escrita, mas não têm visibilidade por distinguirem-se da linguagem acadêmica. Valoriza-se a escrita embasada na bagagem do seu autor, que direciona o que escreve a uma sociedade humanizada, é o que descreve o site dos Querubim's. O projeto tem a premissa de construir pontes entre a produção textual e a participação do povo no contexto político do qual faz parte.
Uma das lutas do projeto é expandir o campo da escrita, que é tradicionalmente destinado àquele considerado intelectual. A partir deste mote, defende o coordenador e criador do projeto Aroldo Magno: “penso que as pessoas que escrevem, o fazem a partir de observações, reflexões e pesquisas, então por que todas elas não podem publicar os resultados disso?”.
O caráter contra-hegemônico da revista, de não valorizar a dicotomia escritor-autor, é consonante ao pensamento de Magno, que atua na disciplina de Estágio Curricular Obrigatório - pela faculdade de Educação da UFF. “Tem algumas pessoas que se destacam, mas qualquer um pode ser escritor, qualquer um pode escrever”, diz o professor que fundou a revista em 2015. Ele complementa: “eu percebia que as revistas acadêmicas e científicas, de modo geral, se preocupavam de forma exagerada com a pós-graduação e as questões burocráticas, com isso acabavam publicando muito pouco (...) Com a experiência da revista, percebi que quanto mais o autor publica o que escreve, cada vez mais é incentivado a escrever".
Magno defende que a formação integral do indivíduo ampara-se nas bases do modelo humanista, que é próprio do socialismo. Neste modelo, o sujeito tem autonomia em sua formação, é capaz de exercer papel transformador em si mesmo e perceber a sua possível contribuição para o outro. Movimento que se opõe ao pensamento paradigmático e próprio do neoliberalismo capitalista.
Apesar dos valores políticos defendidos pelo conselho editorial da Querubim, produções com orientações divergentes também são aceitas e publicadas. Ademais, o método de avaliação dos trabalhos submetidos não segue o padrão de aprovado ou reprovado, mas constitui-se pela devolução dos escritos com sugestões de alteração ou adequação. Assim, nenhum texto é dispensado, apenas repensado.
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Para mais informações:
Gostei muito das interações do editor chefe ( Marcel). Acho que elas deram a dimensão que o meu propósito quis e a minha escrita não alcançou. A percepção que tenho é que o texto tomou forma depois dos ajustes dele. Sobretudo quanto ao fechamento, ele conseguiu amarrar a minha escrita com uma sutileza proporcional ao contexto e que eu não havia pensado. Tenho a sensação de que quando o tema nos afeta diretamente, isso fica ainda mais difícil. Horário já dizia que só escrevemos bem sobre aquilo que dominamos. A verdade disso fica, porém, nebulosa. Porque sempre que escrevo com esse contexto (domino e o tema me afeta) o meu uso da palavra é falho para comunicar a verdadeira dimensão do que devia ser dito.
ResponderExcluirO Marcel fez-me a gentileza de aparar as arestas e acertar as pontas soltas.
Porém, não gostei da alteração no título. Pela característica da minha escrita (frequentemente atravessada pela literatura. O que não significa sinônimo de escrita literária), acho que a mudança no título causou-me a estranheza da não identificação.
O título original era " Revista Querubim, uma iniciativa de dar voz." O título é a representação da minha sensação quando conheci a revista e por isso faço questão de ressaltar o meu incômodo com a alteração para "Revista Querubim: para além dos muros da academia ".