Mídia, raça e apropriação cultural: estratégias de poder e resistência

Evento da UFF busca encontrar novas formas de inserção do negro na comunicação e na sociedade
Por Giovana Rodrigues

Desigualdade. Comunicação. Representatividade. Essas foram algumas das temáticas debatidas no evento Mídia, raça e apropriação cultural: estratégias de poder e resistência. Organizada por projetos de extensão da Universidade Federal Fluminense (UFF), a programação recebeu 112 participantes no dia 22 de outubro, terça-feira, das 13:30 às 17:30, na sala Interartes do Instituto de Artes e Comunicação Social (IACS).





Realizado durante a semana da Agenda Acadêmica, o evento teve como objetivo discutir novos formatos midiáticos que não reproduzissem desigualdades. Para isso, contou com a presença de, ao todo, sete palestrantes e duas mesas de conversa, que foram intercaladas por um intervalo de 10 minutos. A primeira mesa teve como tema Narrativas descoloniais: subversões aos regimes hegemônicos de representação e a segunda, Apropriação Cultural x Apreciação Cultural na mídia contemporânea.

A fim de debater a temática da primeira mesa, foram convidados quatro palestrantes: Marcos Moura, jornalista e produtor cultural, Alberto Sena, ator, diretor de cinema e também produtor cultural, Dani Balbi, professora e Doutora em Literatura Comparada e Letycia Nascimento, jornalista e mestranda em Mídia e Cotidiano. Para realização da segunda mesa, foram chamados 3 participantes: Fernanda Carrera, professora e Doutora em Comunicação, Bruno Rico, escritor e publicitário e Dayana Souza, graduada em Estudos de Mídia e mestre em Comunicação.



O evento foi uma realização dos projetos de extensão Dissemina: Perspectivas afrocentradas de raça e gênero na comunicação e na cultura e Contatos: (re)construindo a publicidade, recebendo apoio do Programa de Pós-graduação em Mídia e Cotidiano (PPGMC) da UFF. Coordenado pela professora Geisa Rodrigues, o Dissemina foi criado no início de 2019 devido à necessidade de representar o negro na mídia e na cultura sem reproduzir padrões racistas, sexistas e heteronormativos. Já o Contatos, é um projeto coordenado pela professora Ana Paula Bragaglia, que visa dialogar com o público a fim de entender sua demandas e críticas em relação à publicidade e a sociedade de consumo. Dessa forma, espera-se promover uma visão mais crítica sobre as estratégias mercadológicas contemporâneas.

Fernanda Carrera, uma das palestrantes, falou sobre sua recente pesquisa, Algoritmos racistas: uma análise da hiper-ritualização da solidão da mulher negra em bancos de imagens digitais, no evento. A professora conta que ficou muito feliz com o convite e que acha fundamental ter esse tipo de debate no espaço acadêmico. “O estudante negro sai muito mais fortalecido para o mercado de trabalho”, explica. “Além disso, esse tipo de discussão ajuda a olhar para dentro também, percebendo de que forma podemos transformar esse espaço em um lugar mais inclusivo e diverso”, completa.



Geisa Rodrigues, coordenadora do Dissemina e uma das organizadoras do evento, também conta que acha fundamental que esse tipo de discussão aconteça em um espaço elitizado como a universidade. “Muitas vezes não percebemos o quanto a academia sempre foi branca, heteronormativa e sexista (...)”. “Eventos como estes, protagonizados por alunos negros, com palestrantes negros, transexuais, LGBTQ, ativistas e comunicadores populares, são urgentes”. A professora também menciona que se sentiu muito bem com sua participação. “Eu tenho uma filha negra. Cada vez que consigo fazer um evento como esse, é um pedaço de mim que eu reconstituo”. “Não podemos mais falar pelo os outros (...). A pesquisa e o espaço têm que ser deles”, conclui.


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