O vírus e a ausência de distinções socio-economicas e raciais
Por Karine Bitenbender
Foto: Google
Aroldo Magno de Oliveira é professor da faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), e um autêntico Jequitibá de Rubem Alves por natureza de luta. Criar a Revista Querubim foi bem mais que intuir que o reino das palavras pertence a todo aquele que se dispõe a ele. Magno, como é conhecido na sala de aula, faz questão de enfatizar que não cabe a um título de doutor definir a quem pertence o espaço da autoria. A justiça da igualdade anda vigilante e assídua quanto ao desenrolar desse pensamento.
"Nenhum membro da Revista Querubim contraiu o Covid-19.”, dissera Magno enquanto se empenhava para responder à entrevista, sem deixar as suas marcas de humanidade. Magno traz na personalidade os sinônimos de seu nome. Ele é aquele que sabe ser profissional, apesar da sua natureza solidária, que lhe confere doses de empatia diária entre seus alunos. Daí a resposta que veio, antes, clarificada pelo espírito de liberdade.
Se o Covid-19 não escolhe idade, cor de pele ou classe social, a Revista Querubim tampouco. Hoje, as publicações da Revista Querubim, segundo Magno e a Senhora Igualdade – se nos pudesse falar tête-a-tête –, são indispensáveis. Durante a pandemia, talvez com mais ênfase que antes, “a Revista mantém contato frequente com os autores. Período em que muitos estão produzindo e enviando os seus textos. Tudo é feito por e-mail, mas sempre é feito.” – diz o professor que defende a necessidade do diálogo. Aqui, entenda-se diálogo conforme as exigências desse quase “milagre” da língua na atualidade. Diálogo, que não é monólogo, sempre carece de um interlocutor a quem se direciona a fala. Se falar é preciso, ouvir também. Interpretar, contudo, cada vez menos, quando se condiciona este espaço a um, outro ou outrem, que não a todos.
Para os Querubin’s da UFF, “ o trabalho na Revista é entender todas as produções dos autores como importantes, uma vez que só é possível aprender no exercício constante. É o aprender fazendo. Entendemos que o ser humano desenvolve as suas potencialidades humanas conforme a sua própria experiência. Muitas vezes, não adianta dizer para o outro o que se deve ou não se deve fazer, é preciso contribuir no sentido de ampliar a sua experiência, para que ele desenvolva uma determinada aprendizagem”. É por isso que a autoria tem sido posta em um lugar de privilégio, lugar que não é, sequer, do espaço e tempo, mas do sujeito.
O sujeito tem autonomia em sua formação, e é capaz de exercer papel transformador em si próprio, defende com força, o fundador da Revista. “Neste momento, é preciso intensificar a abertura de canais alternativos de comunicação para que todos da comunidade, inclusive os setores progressistas, democráticos e revolucionários, possam estar se pronunciando, veiculando as suas propostas para a superação da atual crise de saúde, econômica e social”. Porque os Querubin’s são todos, somos ambos e são tantos. Não com o propósito raso de seres celestiais que habitam as nuvens acima da terra e fraturam o mundo em céu e inferno, mas como seres que fazem na dimensão a que pertencem, a igualdade do lar que desejam.
Magno, reforçando o convite para todos os que quiserem partilhar do banquete das palavras, falou sobre a transferência de plataforma da Revista, que agora está em: periodicos.uff.br/querubim. Defendendo a permanência do isolamento social, e a propagação do aglomerado das palavras, Aroldo Magno se despede e nos aguarda na Revista Querubim.
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