Os benefícios das atividades físicas para a saúde mental durante a pandemia.
Por Hugo Góes
O dia é 17 de março de 2020. Após quase 90 dias do ano a cidade de Niterói vive um dia diferente, algo que a maioria dos seus habitantes nunca havia passado antes. A prefeitura da cidade publica em seu site oficial uma série de medidas de restrição a circulação de pessoas no município. Dentre elas estavam o fechamento de alguns pontos turísticos, autorização do home office para alguns servidores públicos e fechamento das escolas municipais. Essa última tinha validade de apenas 15 dias mas iria se estender por muito mais tempo.
Essas medidas foram não só sentidas pelo púbico alvo citado no parágrafo anterior, mas por toda a população. A recomendação geral, tanto dos órgãos públicos – ou pelo menos parte dele – e de toda a comunidade científica era para que todos que pudessem permanecessem dentro de suas casas.
Um dos grupos mais afetados pela impossibilidade de sair de casa, foram aquelas pessoas que tinham uma rotina de prática de esportes. Para muitos, as atividades físicas são fontes de não só forma de manter uma estética agradável e um bom estado do corpo, internamente falando, mas também a saúde mental em dia.
Um estudo divulgado pela Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, publicado no dia 14 de setembro, procurou comparar diversas pessoas com rotinas similares e as dividiu em três grupos: Ativos durante o confinamento, inativos durante o confinamento e inativos antes do confinamento. O resultado mostrou que aqueles que mantiveram algum tipo de exercício durante os meses da pesquisa apresentaram melhores índices de qualidade de vida e qualidade subjetiva de sono, e menores níveis de ansiedade, estresse e depressão.
A equipe do Alô, Gragoatá! , conversou com Bárbara Reis, psicóloga do esporte formada pela UFF e atualmente cursando o mestrado na área, para entender um pouco mais sobre os estudos na área. Sua pesquisa na pós graduação busca responder uma pergunta bastante semelhante a que o artigo da RBAFS trouxe: A qualidade de vida dos praticantes de atividades físicas no período de pandemia é melhor do que daqueles não praticam? O adicional em sua pesquisa é que Bárbara tenta entender se há alguma variação de acordo com a atividade e com a forma com que ela está sendo transmitida. Em entrevista Bárbara afirma ainda estar em fase inicial de coleta de dados, mas já afirma que a resposta a primeira pergunta é positiva. "Ainda estou na parte inicial da análise de dados, encerro esse mês, porém já pude dar uma analisada nos resultados, estatisticamente, e já posso dizer que sim, minha pesquisa corrobora a literatura e também apresenta diferenças significativas entre praticantes e não praticantes em relação às variáveis estudadas, ou seja, pessoas que tem praticado atividade física nesse contexto de Pandemia apresentam melhores níveis de ansiedade, depressão, estresse, positividade e qualidade de vida, e a forma que estas tem sido realizadas não interfere nestes benefícios. Quanto às modalidades, ainda não tenho um resultado muito claro. "
Em tempos de pandemia, a necessidade da permanência do isolamento é bastante complicada para alguns. Por isso a prática de atividades físicas se torna importante. Segundo a psicóloga qualquer atividade que faça bem para a pessoa é válida. "A atividade física é uma ótima estratégia para lidarmos com as emoções negativas que surgiram nesse período de pandemia, exatamente pelos benefícios que trazem para a saúde mental. E estudos mostram que a prática realizada dentro de casa é segura e muito eficaz, inclusive quando a pessoa utiliza o próprio peso do corpo. Esses estudos mostraram que apresentam resultados da mesma forma que uma academia, por exemplo. Na minha pesquisa eu investigo isso, se o fato da pessoa praticar em casa ao invés de praticar na rua interfere. A pesquisa mostrou que a prática em si, independente do lugar e da forma que é feita, traz benefícios pra saúde física e mental, então não precisamos ficar presos a ideia de que para termos resultados, precisamos sair de casa para fazer. Fora que nesse período, sabemos que a motivação das pessoas diminuiu bastante, então é importante focar em atividades que deem prazer a pessoa, e não precisa ser nada muito bem elaborado, pode ser uma dança, brincar com os cachorros, yoga, pilates, funcional, hit, o que quer que seja. É importante respeitar os próprios limites e começar do básico, fazendo pouco tempo, pra ir avançando aos poucos, até pro corpo e pra mente acostumar."
Tendo isso em vista, o blog entrevistou dois moradores da região do Gragoatá, ambos estudantes. Queríamos saber como era a vida pré pandemia com relação as atividades físicas, o que tem feito atualmente e se as atividades antes praticas retomaram suas rotinas normais em algum momento dos últimos meses.
" Antes da pandemia eu estava praticando algumas atividades físicas. Aos fins de semana. Aos sábados especialmente eu ia jogar futebol, futsal na UFF, que existe uma pelada lá bem tradicional. Nos anos anteriores eu nadava na piscina da UFF e eu tinha retomado o remo imediatamente antes da pandemia então quando a pandemia estourou lá pra março a UFF já fechou de imediato." disse Lucas Cheibub (26), mestrando da faculdade de História na UFF.
Já no contexto de pandemia, Clara Alves trouxe uma visão diferente do que se fala tanto na pesquisa da RBAFS e da psicóloga Bárbara Reis. Para ela, a prática que era feita antes da pandemia não era só um bem físico e que ajudava na saúde mental, mas também atentou para a questão da possibilidade de sociabilização. "Antes da pandemia minha realidade era completamente diferente. Eu não praticava esportes mas praticava atividades circenses. Eu fazia acrobacia aérea semanalmente no Rio de Janeiro ao ar livre com professor e grupo especifico de pessoas. Fora isso somente a caminhada até as barcas e depois ao trabalho. E isso era excelente ajudava na minha qualidade de vida, principalmente porque era uma atividade de sociabilização, conhecer pessoas, encontrar amigos de longa data e sempre compartilhar de um momento especial durante a aula ou ate após a aula." afirmou a estudante de Relações Internacionais.
Atualmente, ambos mantêm rotinas parecidas. As atividades praticadas tem sido corridas ou pedaladas próximas a região da Cantareira, tanto para retomar o condicionamento físico, quanto para manterem uma estabilidade mental. Contudo, ambos avaliaram que a questão da própria segurança como um tema a ser avaliado para praticar tais corridas. A presença de pessoas desrespeitando o uso de máscaras na rua é o principal motivo.
O texto é bem escrito, tendo o tema da saúde mental e das práticas esportivas bem trabalhados e relacionados ao “enredo” proposto. Destaca-se também a maneira como o contexto da pandemia em 2020 foi introduzida no texto, dando à referência do motivo pelo qual foi necessário que houvesse restrições no que diz respeito à circulação das pessoas e, nesse sentido, à prática de esportes ao ar livre. É importante ressaltar que as três entrevistas foram bem feitas e realmente deram um tom de argumentação e exemplificação fundamentais para a devida compreensão do texto, inclusive pela relação que elas tiveram com o estudo científico citado anteriormente.
ResponderExcluirEntretanto, acredito que poderia ficar ainda melhor com a correção de alguns erros de pontuação, sobretudo com relação às vírgulas… procure atentar para as devidas pausas (mas sem exageros) ao longo do texto através da colocação das vírgulas, pois foi um ponto que dificultou, de certa forma, uma melhor compreensão do seu texto. Além disso, notei um leve equívoco na repetição de palavras (algumas bem próximas) dentro dos mesmos parágrafos, algo que não é tão prejudicial e que com certeza foi notado por você quando fez uma releitura. Em geral, os pequenos pontos negativos não atrapalharam a construção e compreensão do seu ótimo texto, esteja ciente disso. Parabéns!
Excelente texto, realmente apresenta posições diversificadas da realidade na pandemia.
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