Mobgrafia é a arte de fotografar com um aparelho móvel, o celular, e foi uma das atividades propostas pelo LACCOPS para a Semana Acadêmica da UFF 2020
Por Lanna C. Oliveira
A Semana Acadêmica teve seu início de forma remota no dia 17 de outubro e vai até o dia 23 do mesmo mês. Assim como diversos eventos acadêmicos que ocorreram este ano, as mesas e apresentações são online através de plataformas digitais como Youtube e Google Meet. Uma das atividades propostas foi a “Mobgrafia: Fotografia com celular. IV Mobilize-se: Cidadania e Equidade. LACCOPS 2020”e aconteceu na quarta-feira, 21, ministrada pelo jornalista e professor da Rômulo Correa (UFF), que teve sua estreia na Semana Acadêmica justamente este ano.
Respondendo ao Alô, Gragoatá! antes de sua palestra, ele contou um pouco sobre o processo do jornalismo e da fotografia em conjunto. “Vivemos numa sociedade onde a imagem tem um papel primordial na transmissão de conhecimento e informação. Nossa relação com o mundo é cada vez mais mediada por imagens que inundam as redes digitais. A fotografia sempre dependeu estar atrelada ao texto para se constituir em uma fotografia jornalística. Atualmente, essa relação entre informação textual e visual no jornalismo se amplia com as possibilidades que as plataformas oferecem para o aproveitamento das imagens em relação à mídia impressa. Por exemplo, o recurso digital de criar uma galeria de fotos, frente às delimitações de espaço físico dos meios impressos.” E concluiu que “[...] o fato primordial que fortalece a relação entre imagem e texto no jornalismo é o de nossa cultura contemporânea estar completamente baseada na visualidade.”
Além disso, Rômulo falou mais sobre a ideia desse projeto e como surgiu.“Eu faço parte da LACCOPS e decidimos realizar a quarta edição do Mobilize-se em parceria com a Agenda Acadêmica. A minha participação é uma de nove outras atividades que o Mobilize-se/LACCOPS vai promover durante a Semana Acadêmica com temas variados que envolvem processos de comunicação: design, storytelling, montagem e produção audiovisual etc.” Ele acrescentou que seu objetivo com a atividade é “[...] analisar essa nova modalidade fotográfica e suas influências nos processos comunicacionais.”O professor também disse que daria dicas de como aproveitar melhor a câmera do celular. E quando perguntado se esse tema fora escolhido especificamente para se encaixar com o tempo atual, ele afirmou que a pandemia e o ensino remoto, que impedem as aulas práticas e o acesso as câmeras profissionais da universidade, apenas aceleraram um processo natural. “Acredito que, no futuro, as câmeras dos celulares resolverão certas deficiências técnicas e de qualidade da imagem, se comparados às câmeras profissionais. Não vejo um dispositivo substituindo o outro, mas uma ampliação de possibilidades de se fazer fotografia.”
Ainda sobre a pandemia e a forma como afetou suas aulas, o professor diz que tentou não excluir nada, mas foi impossível. “A disciplina obrigatória ‘Linguagem Fotográfica’ tem um conteúdo a ser cumprido e com o tempo mais limitado, as atividades práticas foram reduzidas. Porém na optativa "Oficina de Fotografia", estou trabalhando com os alunos no esquema de uma aula teórica e na aula seguinte, eles mostram a prática realizada a partir do conteúdo visto e tem funcionado bem. Vejo como problema maior das aulas remotas, a redução de tempo e não a impossibilidade da prática.” Já em sua vida pessoal, Rômulo diz gostar de fotografar projetos de longa duração de fotografia documental e que, mesmo sua formação sendo em jornalismo, consegue atuar em diferentes áreas da fotografia (publicidade, produto, retrato etc. “[...] A minha área de atuação principal é mesmo o ensino da Fotografia. Além da UFF, trabalho em outras duas instituições de ensino superior e confesso que a atividade de professor, por vezes, me rouba o tempo de ser fotógrafo. A quarentena também traz certas impossibilidades, mas uma hora isso tudo passa.”
Sendo sua primeira vez do lado de quem apresenta as atividades, ele diz ter caprichado no powerpoint com muitas imagens para se preparar “[...] não consigo falar sobre fotografia sem imagens.” E completou que por ser a primeira vez de forma online “[...] dá um certo nervoso, medo do desconhecido. Acho que tem também muita fantasia, de gaguejar, esquecer, essas coisas, mas na hora vai.” E foi mesmo. A atividade aconteceu em formato de live na plataforma do Youtube e teve por volta de 1h20 de duração, com chat ao vivo onde os alunos puderam fazer perguntas e comentários. Rômulo entrou a fundo no assunto, e de forma bem explicativa falou sobre a fotografia com o celular, diferenças entre os dispositivos, indicações de aplicativos, ângulos, luzes etc, além de dar várias dicas e tirar todas as dúvidas feitas.
Uma das pessoas que assistiram a atividade sobre Mobgrafia foi a Esther Almeida, estudante do segundo período de Jornalismo da UFF, e essa também foi sua primeira vez na Semana Acadêmica. Mas ela já havia acompanhado a oferta das palestras no ano anterior e notou que este ano as apresentações foram reduzidas e tiveram muito menos interesse “público” do que a presencial de 2019. Esther acredita que se acontecesse presencialmente não teria muita diferença no conteúdo em si “[...] não posso dizer que senti falta de algo. [...] a única diferença seria a interação física, ‘né’, que a gente poderia ter de no final da palestra conversar com o palestrante, parabenizar. [...] online muitas vezes isso passa muito despercebido, porque mesmo que a gente parabenize são muitas mensagens que acabam se perdendo.”
Por estar acontecendo de forma remota a aula de fotografia, que exige prática e muitos alunos não terem contato com câmeras profissionais, essas que a universidade fornece normalmente para uso, Esther afirma que a live sobre Mobgrafia foi ótima e muito útil para poder perceber que tem como fazer fotos boas com o que tem em casa. “[...] é um maquinário mais comum que, no caso, é o celular. [...] A gente enxerga que fotografar com o celular é possível. É possível fazer uma foto de qualidade pelo celular, e com os aplicativos que ele indica dá um ânimo. É um estímulo.”
Em relação as aulas remotas, ela diz não ter grandes dificuldades para compreender, apesar de umas disciplinas serem mais puxadas que outras, mas isso não tem relação direta com o fato de ser online e sim ao teor das disciplinas. “Mas acaba me afetando negativamente na questão da organização [...] na aula presencial eu consigo me organizar melhor, consigo fazer melhor os meus horários. Na aula remota isso está sendo um grande desafio para mim, é um esforço muito maior que na presencial.” A estudante ainda diz considerar o nível de aprendizado online inferior, mas não por culpa dos docentes, e sim por ter dificuldades de se concentrar sem ter um ambiente propício em casa para estudos, com distrações internas e externas, incidentes doméstico, até mesmo a internet e energia que pode faltar, ou o computador que dá problema, algo que dificilmente aconteceria na aula presencial. O fato do semestre ser mais curto que em anos normais também a incomoda, pois faz tudo parecer mais corrido “[...] isso traz o desespero de ter que preparar tarefas em cima da hora, várias tarefas ao mesmo tempo... isso prejudica muito.” São realmente tempos difíceis esses.
A live “Mobgrafia: Fotografia com celular” e outras se encontram salvas no canal de Youtube da Laccops UFF, para quem perdeu e não pôde participar, ou caso queira rever.
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ResponderExcluirMatéria muito boa e bem escrita! Parabéns, Lanna! As informações estão claras, e as falas dos entrevistados foram bem explicativas e agregadoras, já que, mostram o lado do professor que realizou o evento e o de uma aluna que o assistiu. Eu não tiraria nada, mas, talvez, poderia ter sido legal acrescentar quais aplicativos e dicas o professor Rômulo deu, acho que daria ainda mais especificidade e utilidade ao texto.
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