LIEX, um fruto do ressignificar

  Por   Luiza   Menezes




 Reunindo fotografia, material audiovisual e muita prosa e poesia, o LIEX (Laboratório de Imagens Expandidas) se auto define como uma “rede de comunicação e afetos”. Projeto de extensão nascido durante a pandemia, preocupou-se com os desafios das novas limitações mas, no final, percebeu que foram justamente elas as origens de seu fruto mais bonito: manter estudantes, arte, comunidade e produção acadêmica ainda conectados de alguma forma. 

De acordo com Letícia Barbosa, estudante do 4° período de Comunicação Social Jornalismo e integrante da equipe, o projeto seria inicialmente uma atividade no Colégio Universitário Geraldo Reis, planejada desde dezembro de 2019. Entretanto, em virtude da pandemia, isso não pôde ser concretizado, passando este, então, por uma experiência similar à das pessoas: a de adaptação. 

Com isso em mente, a equipe tomou o cuidado de alinhar seus temas a esse novo modo de viver, trazendo podcasts como “Os limites e desafios da convivência na quarentena” e “O sistema carcerário brasileiro na pandemia”. Tudo isso em conversas ricas e, sobretudo, produzidas com os meios mais “alternativos” de um ambiente caseiro. 

A partir disso, Letícia pôde refletir sobre o quão importante o trabalho tornou-se para ela, apresentando-se como “um meio de ainda sentir-se útil” em meio ao ócio e aos questionamentos que este eventualmente traz. Ainda encontrou no projeto “uma oportunidade de manter-se ligada à produção acadêmica, construindo um portfólio e adquirindo experiência em tempos e formatos adversos”.

O professor e coordenador do projeto, Michele Pucarelli, chama a atenção para a relevância disso na dinâmica: “Quero fazer com que os alunos tomem a dianteira de sua própria história”. “Os quatro primeiros períodos são o momento que você tem para experimentar tudo, então eu quis fazer com que o LIEX tivesse essa cara, com que ele fosse um pouco de tudo”. 

Distribuído nas redes sociais mais diversas como o Instagram, o Facebook e o Spotify, ele conta também com um site próprio, no qual matérias que unem o visual, o textual e o pessoal são publicadas. Esse era o desejo principal de Michele, que vê o projeto como uma “oportunidade de unir e colocar em prática tudo o que os alunos aprendem de forma segmentada nas aulas”. 

Essa experiência é elucidada na publicação “Quando quebrei o relógio da cozinha”, cujas composições, das mais variadas, foram inteiramente produzidas pela aluna Luísa Souza, estudante do 4° período de Comunicação Social Jornalismo e integrante da equipe. 

 



Nessa obra, a aluna expõe a fragilidade que a ansiedade traz - condição que foi amplamente debatida e aflorada durante o isolamento social. Em sua entrevista ao Alô, Gragoatá!, ela destacou a importância do projeto em meio a quarentena, pois suas produções funcionaram como um processo de cura, onde pôde ajudar outras pessoas que passam pela mesma situação e, ao mesmo tempo, se expandir. “Ao retratar esse processo de maneira pessoal e íntima, entendendo angústias, dúvidas e alegrias expressas por meio da imagem, isso me custou o relógio da cozinha, mas ganhei tempo”.

A organização ainda disponibilizou um e-mail (liex.uff@gmail.com) para que os demais estudantes da universidade pudessem fazer o mesmo, abrindo assim um canal de compartilhamento de sentimentos e impressões desse período que tanto afasta fisicamente. “É uma maneira de manter atados os nossos laços, fazer com que e querer que essa casa cresça. Para mim, esse é inclusive o grande encanto da comunicação”, declarou Luísa. 

Para a jovem, a companhia da “comunidade uffiana” também foi fundamental durante esse período. “Acompanhei muitos amigos lançarem projetos desejados há muito tempo, mas que não saíam das gavetas por conta da correria do dia a dia. Penso que essas horas de repente multiplicadas que nos foram impostas, tenham feito com que repensássemos onde deveríamos investir nossa energia. E poder perceber o tanto de coisa boa que a gente tem logo ali, ao nosso redor, é muito bacana”.

E é com base nessa possibilidade enriquecedora de troca que o coordenador pensou o Laboratório de Imagens Expandidas. “Nas optativas, tenho alunos de Design, Arquivologia, Publicidade, etc. Isso gera conversas muito interessantes entre os alunos. Acredito que essa ideia do meu quadrado e o seu quadrado seja muito redutora de possibilidades”. 

Para Luísa Souza, a maior herança do projeto será a lembrança de ter construído um trabalho relevante e capaz de tocar o outro. Já quando questionado, Michele Pucarelli declarou que para ele, o LIEX ainda está, como tantas outras coisas, em um processo de construção, pois nesses tempos vimos que “até a impossibilidade foi capaz de gerar possibilidades”. Por isso, aproveita para convidar os estudantes dos mais variados departamentos a integrar o LIEX UFF. Afinal, “Fotografia é uma história, e eu quero saber qual história você tem para me contar”.



Link para acesso as redes LIEX: https://linktr.ee/liex.uff 

Instagram: https://www.instagram.com/liex.uff/ 

Para visualizar o ensaio completo, acesse: https://liexuff.wixsite.com/liex/post/quando-quebrei-o-rel%C3%B3gio-da-cozinha


Comentários

  1. Excelente, Luiza! Matéria muito bem escrita e bem detalhada, explorando perfeitamente todas as nuances do projeto: o contexto da criação; seu significado; seus objetivos e seu impacto em nós, estudantes. As entrevistas foram esclarecedoras e as fotos do ensaio elucidaram muito bem alguns aspectos abordados - o tempo; a arte; a ansiedade. A única ressalva que tenho é quanto ao subtítulo - a falta dele, pois o título é muito instigante e senti falta de algo que o complementasse.

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  2. Uma matéria muito interessante Luiza, meus parabéns! A formatação da reportagem está dinâmica e deixa a leitura bem fluida. Destaco também a boa seleção de falas que você tirou dos entrevistados, todas são bem fortes e muito acolhedoras para esse momento que vivemos em sociedade. Eu não conhecia o Liex , mas pela mensagem de união que você passou através da matéria, fez aumentar ainda mais minha curiosidade por esse projeto.

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