Com o período de pandemia, e a necessidade de isolamento social, como sobrevive uma atlética universitária que já tinha o semestre todo planejado.
Já vimos aqui no Blog, em 2019, as dificuldades e desafios de uma atlética quando o assunto é a parte financeira. Imagine então unir a isso um cenário de crise em meio a uma pandemia, com aglomerações proibidas e aulas presenciais sem nenhum prazo de retorno. O Alô, Gragoatá! foi atrás de uma das mais conhecidas atléticas do Gragoatá, a Atlética de Artes e Comunicação Social da UFF (AACS), para saber um pouco mais do desafio que está sendo encarar uma pandemia, sob o ponto de vista financeiro e administrativo dessa organização.
Aluna do curso de cinema e presidente da AACS, Larissa Maia, cita que a maior perda foi no planejamento. Quando questionada sobre um prejuízo financeiro, ela afirmou: “não posso chamar de prejuízo porque não foi uma perda de dinheiro. A gente não teve prejuízo porque a gente não investiu, até chegamos a encomendar canecas, blusas, tirantes, mas como não chegou a vir, a gente só cancelou as encomendas”. Com o decreto da pandemia no mês de Março, faltando três meses para a principal competição do calendário da Atlética, os Jogos Universitários de Comunicação e Artes (JUCS), Larissa viu todo o planejamento do semestre ido por água abaixo: “o semestre ia começar, a gente tinha já planejado o JUCS inteiro, tínhamos planejado todo o semestre da atlética e a preparação pro JUCS. A gente já tinha começado a vender os pacotes para a competição, já tínhamos algumas semanas de venda, com uns vinte, trinta pacotes vendidos.” Algumas pessoas tiveram seus dinheiros devolvidos como preferiram, mas o curioso é que alguns deixaram o dinheiro da compra do pacote como um crédito para uma nova data da competição: “na época, a gente não tinha dimensão do que seria essa pandemia, alguns achavam que seriam dois ou três meses parados, e que em Julho iria rolar o JUCS 2020, tudo normal. Então o pessoal falou: ‘ah não, deixa aí, que eu já paguei mesmo, pode deixar que quando tiver uma data, eu já tô com o JUCS garantido!’ E aí foi isso, está até agora lá o dinheiro.”
Dentre os principais planejamentos do semestre da AACS, também não pode faltar o famoso AACS Day, o dia temático da atlética na semana de recepção aos novos calouros. Para a presidente, um evento extremamente necessário para a renovação da atlética, pois a cada semestre surgem novos integrantes tanto para a torcida quanto para os times, e que claro, é muito afetado com a distância: “a gente estava prestes a ter um AACS Day, e a gente precisa ter esse AACS Day todo semestre porque a atlética tem que se renovar, e se você não tem o AACS Day, como você vai renovar?”. O “novo normal”, agora mais virtual do que nunca, até que ajudou a AACS a se manter perto dos seus novos e velhos integrantes, mas para a presidente, e acredito que também para os novos calouros, não foi a mesma coisa do que só o presencial é capaz de oferecer: “a maior dificuldade foi chegar nessas pessoas (calouros) virtualmente, porque quando a gente está lá (presencial), a gente consegue passar, na palestra de boas vindas, tudo que a gente sente, por viver essa realidade de atlética, como é proporcionar essa atmosfera de esportes, festas e fazer a integração dos cursos. Muita gente vem falar comigo depois dessa apresentação que a gente faz, dizendo ‘Po, que maneiro, eu não conhecia, agora já to conhecendo um monte de gente, quero muito entrar pra atlética’, ai eu já pegava o telefone, colocava em todos os nossos grupos e era isso. Agora não, agora a gente teve que criar novos grupos, ir atrás de todo mundo (calouros e veteranos), botar todo mundo no grupo, e mesmo assim, as vezes a gente não consegue passar o que a gente quer, porque antes a gente passava vídeo, conversava, mostrava as coisas na apresentação, e ai como que você faz isso tudo agora pela internet? Não faz!”.
Apesar do depoimento um pouco desanimador, a atlética se adaptou bem ao mundo virtual de 2020. Em seu perfil no Instagram(@aacsuff) o engajamento durante o período de isolamento social tem sido alto, e a ideia de fazer um “trote virtual” para os calouros desse ano atípico deu certo, movimentando as redes sociais da AACS, e animando até quem não era calouro: “quando a galera responsável teve essa ideia e vieram falar comigo, eu falei que era óbvio que tínhamos que fazer alguma coisa virtualmente, mas que fosse algo divertido. E aí pensamos nas pinturas, que são comuns em trotes de faculdade, mas como somos de comunicação, logo pensamos na pintura virtual. Lógico que não chega nem perto do que a gente costuma fazer presencialmente, mas pra rede social foi legal, porque o pessoal aderiu. Lembro que os grupos no Whatsapp bombaram, a galera contando que as votações tavam super acirradas, com o pessoal votando loucamente, as notificações do Instagram da atlética pintando toda hora no meu celular, que eu não aguentava mais!”. Porém, antes dessa divertida brincadeira virtual, também houve a hora de falar sério. No começo da pandemia, além de posts alertando a prevenção, cuidados e sintomas do coronavírus, a atlética também criou uma campanha chamada “#FicaremosJuntos”, para marcar presença virtual, mas principalmente para mostrar que estava todo mundo unido nesse momento difícil: “no último JUCS, pra quem esteve presente, foi um JUCS de muita união de todo mundo da delegação, e se você perguntar pra qualquer pessoa, você vai ouvir sempre a mesma coisa, que todo mundo estava muito unido, até nos piores momentos, como quando alguém torcia o pé, ia todo mundo junto pro hospital, era sempre assim. Então assim, quando voltou a empolgação pra um novo JUCS, e aí vem essa pandemia, a gente decidiu que íamos ficar juntos mais uma vez, só que virtualmente. ” A campanha contou com uma série de lives, com a presença de psicólogos, para falar dos tempos de quarentena, os convívios, as ansiedades, e que também teve boa adesão dos estudantes, com boas médias de público, que de certa forma, para Larissa, conseguiu manter viva a chama e a união da torcida.
A palavra-chave é união, apesar de todas as nossas dúvidas sobre futuro, a presidente Larissa Maia disse que planeja junto a outras atléticas a organização de um campeonato que unisse e movimentasse a comunidade universitária de Niterói, como um dia foi para ela o “InterUFF”, mas que, dessa vez, também englobasse as faculdades particulares da cidade: “estamos juntando todas as atléticas de Niterói para conversar sobre uma possível liga entre todas elas. A UFF, por exemplo, é muito grande, você de Jornalismo convive com um cara de Educação Física, ou um de Física, Biologia, você está ali no Gragoatá e pode conviver com todas essas pessoas, almoça com essas pessoas, e a partir dessa união veio essa ideia.”
Nada é certo por enquanto, apenas uma ideia de futuro, já que o momento ainda é de cautela, citando como exemplo os campeonatos oficiais, como o Campeonato brasileiro de Futebol, onde casos de Coronavírus são recorrentes: “é perigoso porque a gente não tem especialidade nesse assunto para falar para o público que tudo vai dar certo, que todos vão seguir os protocolos. Se nem os principais campeonatos, como o JUCS, tem previsão para voltar, então não tem como e nem porque a gente pensar em voltar nesse momento. Então assim, nosso planejamento é esperar até quando for possível, quando tivermos alguma esperança de ser viável a volta de treinos, campeonatos, a gente vai se organizar pra fazer”.
Hoje, a incerteza do futuro afeta todo o meio universitário, e o que permanece é a saudade, mas para a Atlética de Artes e Comunicação Social e seus integrantes fica a certeza de que “um lobo (símbolo da atlética) nunca anda só”.
Matéria excelente Alexandre, com ótimos depoimentos e com um panorama amplo sobre como a AACS está agindo durante a pandemia. Só chamaria a atenção para alguns poucos erros de concordância e para o uso de alguns verbos primeira pessoa, que talvez não seja a melhor conjugação para um texto jornalístico.
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