COVIDA: como a sensibilidade do áudio-drama ajudou no combate da desinformação acerca do novo coronavírus?

 Por Esther Almeida



“Sempre estive pensando de que maneira eu poderia colaborar com um programa social que tivesse uma abrangência de um tipo de solidariedade, onde eu pudesse, dentro dos meus conhecimentos, ajudar.” Contou o professor titular (aposentado) do curso de Jornalismo, João Batista de Abreu, sobre a criação do projeto que coordenou, “COVIDA – A Pandemia em áudio-dramas”.

Por intermédio do filho, Pedro Aguiar, o professor soube da existência de uma iniciativa multidisciplinar na Fundação Instituto Osvaldo Cruz (Fiocruz) de Salvador em parceria junto à Universidade Federal da Bahia (UFBA), entrou em contato e também falou com integrantes da Assessoria Brasileira de Imprensa (ABI), para trazê-la ao Instituto de Artes e Comunicação Social (IACS), em formato de podcast.

A principal função do COVIDA é ajudar no combate da desinformação sobre a pandemia do Covid-19, através de áudio-dramas. João Batista, que dava aulas da disciplina “Técnicas de rádio drama” e tem especialização em rádio pelo Ciespal – Radio Nederland Training Centre, viu no formato o potencial ideal para combater as fake News.

“Eu pensei o seguinte: já que tem tanta desinformação, por quê a gente não produz programas dramatizados que tenham a ideia de transmitir isso? No caso, de tirar essas falsas ideias que estão sendo disseminadas.”, disse.

O projeto conta com roteiros escritos pelo coordenador – alguns junto com participantes – o apoio sonoro do operador de áudio Marcelo Santos – que também trabalha no projeto de podcast “Bicicleta e companhia” – e com a participação de ex-alunos da Universidade Federal Fluminense (UFF). Suas histórias sempre tinham um desfecho positivo, pois uma das intenções da equipe é fomentar a esperança no ouvinte. Além disso, a montagem dos podcasts era feita separadamente – cada ator recebia sua parte do roteiro e gravava em casa, para depois enviar as gravações – contando com o toque final do operador de som. 

 “Às vezes os diálogos eram muito longos e como cada um gravava em sua casa, ficavam muito frios, não conversavam um com o outro. Aí, depois que eles mandavam a primeira voz, eu pedia para eles gravarem o que chamamos de ‘cacos’, que eram tipo ‘ah, sim’, ‘sei’, ‘é verdade’... Então, isso entrava na medida que eu ia montando e percebia essa necessidade da interação entre um personagem e outro, aí ficava fácil.”, diz Marcelo sobre as edições. 

Uma das vozes participantes, o jornalista e ator, Lucas Ronconi, foi aluno do professor João Batista e fez parte dos episódios “A esperança equilibrista” e “Sobre as repúblicas dos estudantes”. Ele nos conta que a arte foi a principal ferramenta para ajudá-lo a manter a saúde mental durante o isolamento social e na tentativa de poder fazer o mesmo pelos outros, aceitou o convite para participar do COVIDA. 

“A arte tem esse lugar. Esse lugar de entreter, de mostrar, de fazer com que aquilo toque na gente, nos fazer refletir. E eu acho que isso é uma vertente de como o projeto pode ter ajudado no isolamento, dando esperança.”, afirmou. 

Ronconi alega ter sido extremamente desafiador conseguir entrar nos personagens em um espaço de tempo tão curto, o que fez com que ele procurasse vários vídeos para inspirá-lo na caracterização, além de adereços que possuíam ligações com as histórias. Outro desafio foi transformar parte de sua casa em um ambiente propício para gravações.

“Como aqui em casa não tem um lugar meio abafado para poder falar e ficar um bom áudio, eu peguei um cobertor e joguei em cima de mim para gravar. Aí, ao mesmo tempo que eu estava dentro desse cobertor, eu precisava estar lá no interior de Minas, conversando com meus colegas do circo e vivendo aquela história, mesmo com os desafios do momento da gravação.”, disse sobre o podcast “A esperança equilibrista”.


O projeto COVIDA já foi finalizado, mas os dez podcasts ainda estão disponíveis no site do IACS. Para ouvir, acesse: iacs.sites.uff.br/covida-a-pandemia-em-audiodramas/


Comentários

  1. Oi, Esther. Que projeto legal. Reportagem muito boa. Só tenho duas observações. A primeira é que acho que você não precisa ficar colocando as siglas de todas as intituições que você fala se não for usá-las novamente no texto. A segunda é que se o filho do professor João Batista de Abreu for o também professor Pedro Aguiar, seria legal ter essa informação de pai e filho professores da UFF.

    ResponderExcluir
  2. Esther, amei sua matéria e achei o projeto incrível, concordo com as observações da Júlia, e achei a frase da segunda fala da matéria um pouco confusa "isso estava na medida que eu ia montando". Mas eu realmente amei a matéria e a causa!!!

    ResponderExcluir
  3. Eu realmente gostei muito dessa matéria, não fazia ideia da existência desse projeto. Também senti falta da identificação do professor, como a Júlia disse, mas de resto está perfeito!

    ResponderExcluir

Postar um comentário