Por Stephany Mariano
Foto: Instagram @lupauff
Apesar da falta de investimentos, cortes de verba em universidades públicas e na área do cinema nacional, alunos da UFF junto a um professor de cinema dão vida a um projeto de preservação de produções audiovisuais da universidade.
“Filmografia do curso de cinema da Universidade Federal Fluminense: memória, história e preservação”, foi coordenado pelo professor Rafael de Luna Freire com financiamento pelo CNPq e com realização do LUPA (Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual). O projeto realizou um compilado da filmografia completa da produção audiovisual do curso, contendo mais de quatro décadas de produções.
O curso de cinema da UFF, foi criado em 1968, possuindo muita história e registros únicos. Ele se articula com o setor de arte cinematográfica e posteriormente surge o Instituto de Artes e Comunicação Social, consolidando esta área com suas habilitações e cursos que existem atualmente. Em 2020, o curso chegou a ser reconhecido pelo Congresso Forcine como patrimônio cultural da cidade de Niterói.
Organização e desenvolvimento
A equipe do projeto foi formada pelos graduandos Vinícius Curvelo e Laura Batitucci, bolsistas de Iniciação Científica e Apoio Técnico. O “Alô, Gragoatá!" conversou com a Laura Batitucci, uma das organizadoras do projeto, para saber sobre essa iniciativa e entender como foi a dinâmica e o processo de desenvolvimento até chegar ao resultado final.
Laura é formada em Letras pela UFMG e após sua formação ela percebeu que na verdade queria fazer Cinema, fazendo sua segunda graduação na UFF. Quando entrou na Universidade disse não saber exatamente o que queria fazer, mas posteriormente descobriu a área da preservação juntamente com o LUPA, onde entrou em 2018. “Comecei a me relacionar, gostei e entrei mais nesse mundo”, afirmou.
O Filmografia foi elaborado em 2017 pelo Rafael Freire e segundo a Laura, inicialmente seria um centro de estudos relacionado a preservação audiovisual, mas com o passar do tempo foi ganhando uma proporção maior. Em 2018 o projeto foi apresentado ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Em 2019 ele foi aprovado e o apoio financeiro foi liberado para ajudar na organização e maior viabilização do mesmo.
Depois que se reuniu com o professor Rafael e o Vinicius no projeto, contou que a parte inicial da organização foi com a utilização de uma planilha que juntava informações e dados, que eram obtidos através de fontes variadas, como professores da Universidade que possuíam listas com compilados de filmes produzidos por seus alunos por exemplo.
Uma ferramenta que ajudou nesse processo inicial de coleta de dados foi o sistema de registros de filmes produzidos pelos alunos de cinema para a conclusão do curso. O levantamento de dados foi feito partindo de produções de 1972 até 2016, portanto, essa etapa de pesquisa foi grande parte do processo. A lista foi organizada e a partir daí iniciou-se a etapa de contatar os autores das produções para conseguir cópias dos filmes e a autorização para utilizá-los.
Com a pandemia de COVID-19 e com o isolamento social, o Filmografia precisou continuar de forma remota, uma vez que não poderiam mais encontrar com as pessoas que possuíam o material físico, como é o caso das películas, onde o conteúdo se encontra em um rolo com diversos formatos e tipos. “Alguns que eram dos anos 70 estavam no CTAV, Centro Técnico Audiovisual, aí nós íamos lá e conseguimos também esses filmes” contou ela. A graduanda afirmou que a maior parte das cópias que possuem são digitais, as físicas são a minoria, o que facilitou a organização e o avanço dessa etapa.
Quando perguntada sobre o papel do LUPA no projeto, a organizadora disse que o Laboratório foi de grande importância para ele, levando em consideração o seu papel de gerar a consciência de preservação das produções audiovisuais. “A gente vê que os filmes que a gente faz dentro da universidade fazem algum sentido, sabe? É representativo”, disse ela.
Além de se sentir motivada a realizar o projeto e por querer ressaltar essa questão da preservação, que às vezes infelizmente acaba sendo negligenciada, ressaltou que ver o projeto ganhando vida e deixando de ser apenas uma lista de filmes a impulsionou ainda mais. “A parte interessante mesmo é a gente colocar os filmes para serem vistos” e terminou afirmando que espera despertar o pensamento de valorização da universidade pública e sua importância nas pessoas que acessarem esse conteúdo, para assim incentivar a produção criativa que existe no âmbito acadêmico, que representa os alunos e a história da UFF. Algo que é notável com o próprio nome do projeto: memória, história e preservação.
O filmografia foi finalizado este ano e possui 772 filmes, que foram produzidos das mais diversas formas e estão disponíveis gratuitamente para visualização no site do LUPA, compilados e organizados com seus referentes dados. O site da filmografia é http://www.cinevi.uff.br/lupa/filmografiauff/
Comentários
Postar um comentário