ONGs niteroienses relatam suas atividades durante a pandemia

 Por Camila Saggioro

Encontro presencial da Adama antes do começo da pandemia.

Foto: Instagram.com/adamaniteroi


A união faz a força. Três ongs de Niterói revelam alternativas encontradas por suas equipes para continuar a prestação de serviços à sociedade após o começo da pandemia e o consequente isolamento social. O uso da internet e das redes sociais estão entre as principais formas que encontraram para continuação de seus projetos e atendimento à comunidade.

Atividades presenciais e coletivas sempre foram a principal forma que as organizações sem fins lucrativos encontravam para se conectarem com as pessoas e atender as necessidades delas. Com encontros, reuniões e projetos sociais, as ongs realizavam seu papel enquanto transformadoras da realidade. Tudo isso mudou em fevereiro de 2020, quando veio a público o primeiro caso de Covid-19 no Brasil, e medidas de isolamento social foram instauradas.

“Essa nossa função ao vivo é muito forte”, declara Dra. Thereza Cypreste, fundadora da Adama, ONG com 11 voluntários de apoio a mulheres diagnosticadas com câncer de mama e que tem como principal objetivo resgatar a cidadania da mulher. A doutora conta que, apesar de um começo complicado, a Adama encontrou, através de lives no Instagram e Facebook, grupos de WhatsApp e reuniões no Zoom, formas de continuarem dando suporte às mulheres associadas ao programa. “A internet salvou a gente. Essas são maneiras para manter as mulheres ocupadas, para não irem às ruas e correrem o risco de se expor.”

Apesar de serem adaptações, muitas medidas acabaram se tornando essenciais em tempos de pandemia. É o que revela Daniela Araujo, coordenadora executiva da Bem TV, ONG voltada para a formação de jovens através da comunicação social. “Quando chegou a pandemia, o que começamos a fazer foi uma adaptação dos projetos que a gente tinha antes. E aquilo que era pra ser uma adaptação se tornou uma metodologia, uma ideia de educonexão.” 

Além disso, a coordenadora também relata que a Bem TV vem investindo em uma plataforma digital para encontros e fóruns de debate e também incentivando a ideia da segurança de renda, em que as famílias têm autonomia sobre as doações que recebem. “Os jovens recebem bolsa para não só reforçar a rede de comunicação popular, mas também para ficarem em casa.” Em 2020, essa rede alcançou cerca de 128 mil moradores de comunidades com informações corretas sobre a Covid-19.

Mesmo com todas as facilitações da tecnologia, foi um processo difícil sair do presencial para o virtual. “Demorou um pouquinho para nos adaptarmos a essa novidade”, fala de Davy Alexandrisky, secretário executivo do Campus Avançado, organização voltada para a transformação social a partir da cultura. Davy disse que um dos principais projetos realizados durante a pandemia foi o Papo na subida, conjunto de 28 lives no YouTube voltadas para as comunidades de Niterói. Além disso, também estão sendo oferecidas oficinas de fotografia, cerâmica e vídeo, tudo, claro, virtualmente.


Encontro virtual da Adama durante a pandemia.

Foto: Instagram.com/adamaniteroi


Esse intenso esforço das ongs para atenderem a sociedade da melhor maneira possível já havia sido reconhecido antes mesmo da pandemia começar. O relatório do Brasil Giving Report, que mede dados sobre filantropia no mundo todo, teve sua terceira edição sobre o Brasil lançada ano passado, referente ao ano de 2019. Nele, 80% dos entrevistados disseram que organizações sociais tiveram impacto positivo em sua comunidade, enquanto 82% afirmaram que essas organizações tiveram um impacto positivo no país. Dessa forma, é inegável a importância das ongs para a sociedade brasileira, sejam em tempos de pré pandemia ou no meio dela.

E, mesmo sendo através de uma telinha, as interações e projetos não deixaram de ser menos significativos e nem menos interessantes para os participantes das ONGs. “O retorno tem sido muito bom, porque elas gostam [dessas interações]”, Dra. Thereza Cypreste conclui.

A comunicação virtual, antes usada apenas como complemento nas relações, se tornou a principal ferramenta de trabalho da Adama, da Bem TV, do Campus Avançado e de tantas outras organizações sociais. É através de lives, plataformas, reuniões online e publicações nas redes sociais que elas conseguiram manter a chama da solidariedade acessa e impactar a comunidade em tempos tão difíceis.


Comentários

  1. Muito bom, Camila! O texto muito bem escrito e a leitura ficou bem leve. Parabéns!!

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