As mudanças no consumo da literatura e nos hábitos dos leitores contemporâneos

Por João Pedro Boaretto

Foto: Imagem da Internet

Os livros sempre foram pontes para novas discussões, fontes de novos conhecimentos, gerando momentos de lazer e de estudo. No momento atual, com a pandemia da Covid-19, eles também ganharam a função de escape da realidade, trazendo distração para os leitores. Para estudantes e professores, além de ser uma grande fonte de conhecimento e aprendizagem, ler é um momento importante da rotina.

Para a estudante de jornalismo da UFF Lara Diana, a leitura sempre foi um momento prazeroso e sempre que possível, ela compra novos livros, abrindo novos “caminhos” e novos “mundos” através das histórias fictícias. Sua primeira experiência marcante, assim como a de outros diversos jovens, foi com a saga Harry Potter, criando desde então um hábito de leitura diário. 

Tal hábito também está presente no dia a dia da professora de português Graziane Boaretto, que além de usar os livros como ferramenta de trabalho em suas aulas, os tem como companheiros diários “sábios e divertidos”, usando as histórias para estudar, trabalhar e para seus momentos de lazer. Mas ela confessa que não é fácil ler todos os dias, ainda mais com as distrações atuais, como os celulares e computadores. Contudo, apesar das redes sociais por muitas vezes acabarem tirando o foco dos leitores, se usadas com propósito podem ser boas fontes de novas histórias. “Sempre leio uma crônica ou um poema, nem que seja através das redes sociais.”, ao seguir seus escritores preferidos. “Tenho sempre um livro por perto, para abraçar as oportunidades.”, afirmando que quando tem uma brecha nas atividades, não hesita em dar uma folheada nas páginas. 

Uma técnica utilizada por diversos leitores é desligar os dispositivos móveis durante a leitura, evitando conferir incessantemente os aplicativos e as notificações que saltam na tela de bloqueio a todo momento. Para Lara, o que funciona é deixar o celular distante e só pegá-lo novamente quando atingir a meta de páginas que ela mesma se propõe a ler, ou ainda, desligar a internet do aparelho caso precise do celular por perto.

Mas as novas tecnologias também são aliadas da literatura. Com a chegada dos e-readers, como o Kindle, o Lev e o Kobo, dispositivos modernos que simulam as páginas de um livro em suas telas e contam com uma biblioteca extensa em seus dados, os leitores não precisam mais ir até as livrarias ou aguardar a chegada dos livros as suas casas para se aventurarem em novas histórias. Com isso, novos comportamentos e novas formas de se acessar obras literárias clássicas e atuais vêm sendo moldados. Porém, como toda tecnologia, tais suportes não são acessíveis a todos e ainda existem aqueles leitores que preferem a experiência através das tradicionais páginas dos livros físicos.

Graziane, nas escolas onde trabalha, tenta democratizar o acesso às histórias ao levantar discussões sobre temas atuais aliados a algum livro, inserindo os alunos no mundo literário e trocando dicas durante as aulas. “Levo a turma para a biblioteca da escola, deixo que andem por ela, olhem as estantes… alguns até leem!”, afirmando que faz o possível para incentivar o hábito da leitura até mesmo naqueles alunos menos interessados. Amigo oculto e sorteio de livros também foram opções dinâmicas encontradas pela professora para atrair a atenção dos alunos, reforçando sempre o poder dos livros, levando em consideração os temas e gêneros abordados no programa escolar.

Tendência ou não, os ebooks são mais uma possibilidade para aqueles que gostam de ler e vêm ganhando novos adeptos nos últimos anos. Lara, mesmo preferindo as versões físicas, que aumentam sua coleção de títulos na estante, afirma que usa bastante os e-readers quando está lendo por lazer e é uma alternativa melhor que as telas normais, como as dos computadores.

O que vale mesmo, no fim, é ler. Não importa o suporte e muito menos o tema escolhido, mas sim, o momento de leitura. Graziane garante que ler é benéfico para todos, principalmente para os jovens da geração atual, extremamente ocupados com os jogos virtuais, os aplicativos de mensagens instantâneas e as distrações dos serviços de streaming. “Sempre falo com meus alunos que o importante é ler, pode ser um jornal de esportes, uma receita culinária ou bula de remédios! Ler uma notícia no Google ou uma fofoca no Facebook!”, afirma a professora, mostrando que vale tudo para ir construindo o hábito de leitura e se encantar aos poucos com o universo literário.

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