Como a dança foi impactada pela pandemia?

Em meio às restrições da COVID-19, academias de dança e bailarinos tiveram de se adaptar para continuar suas atividades.

Por Lara Diana

Foto: Ballet Lenita Ruschel, Portal Press

Quando a quarentena se tornou uma medida necessária para conter o avanço do coronavírus, as academias de dança tiveram que fechar suas portas por um período indeterminado e redescobrir maneiras de inovar e manter a dança em suas vidas. A partir de março de 2020, essas escolas tiveram que se reinventar e se adaptar ao período remoto e aos protocolos para a segurança da população.

Quando a pandemia chegou no país, todas as escolas de dança tiveram que fechar, sem previsão de retorno. Cynthia Dantas, que é professora de dança, bailarina, coreógrafa e diretora do Centro de Dança Niterói, conta: “Foi desesperador, foi muito difícil olhar para isso. Mas, ao mesmo tempo, foi desafiador. [...] A gente precisou entender qual ferramenta usar para a gente não parar”. O CDN, escola fundada pela dançarina, comprou, então, o domínio de duas salas virtuais na plataforma Zoom, reorganizando as grades das turmas regulares para se adaptarem ao ensino online. Cynthia continua contando que era “uma forma de se movimentar, de levar a dança para dentro da casa dos alunos e das pessoas que estavam ficando adoecidas”.

Em setembro de 2020, com a flexibilização das restrições, voltaram as aulas presenciais. O CDN passou a funcionar de três formas: completamente presencial, um formato híbrido entre os formatos e completamente online. Nas aulas presenciais, o protocolo de segurança da prefeitura de Niterói determinava que tudo deveria ser feito sob fiscalização, com uso obrigatório de máscara, álcool, distância demarcada entre todos nas salas, dentre outras medidas de prevenção.

No final do ano, seria feita uma mostra, que é comum entre as academias de dança, porém teve de ser adiada com a agravação dos casos da COVID, sendo remarcada então para fevereiro. A mostra de dança recebeu o nome Híbrido, por causa do período peculiar em que foi criada. Cynthia diz: “A gente levou para o palco o que cada professor estava desenvolvendo na sala de aula e, também, as turmas online participaram, porque era uma mostra híbrida. [...] Foi uma live gravada, e aí a gente transmitiu, uma semana depois, no nosso canal do YouTube”.

Maryane Cypriano, que é aluna de arquivologia na UFF e estudante de dança na faculdade Angel Vianna, sempre teve interesse na dança, mas começou a dançar no CDN em 2017, após conhecer Cynthia, que fez a coreografia de sua festa de 15 anos. Ela acabou se envolvendo mais, fazendo diversas modalidades diferentes: “A dança é minha essência. Eu sou a dança e a dança sou eu. Isso é o que me alegra e me motiva”.

Para Maryane, se adaptar às aulas remotas foi um processo difícil, e voltar às aulas presenciais no CDN foi um alívio: “A dança também foi e sempre vai ser importante para mim, em relação a minha saúde mental, porque é ela que me deixa feliz”. Para Cynthia, a dança já é essencial em um momento usual, e se torna ainda mais necessária no contexto atual: “Eu pude vivenciar tantas transformações de vidas, de pessoas que passaram por mim, chegavam com uma série de problemas, e eu pude ter a felicidade de ver como transforma, como faz a gente ficar forte, ficar feliz”. 

Comentários