A obra, que está sendo feita em parceria entre a Universidade Federal Fluminense e a Prefeitura de Niterói, será concluída no segundo semestre de 2022.
Por Ana Carolina Ferreira
Foto 1: Área do novo campus no Gragoatá
Reprodução: Bruno Pacheco
5 blocos de sala de aula, 6 blocos com bibliotecas, cinema, estúdios de gravação, salas de marketing e sala de exposição. Essa é a estrutura interna do novo Instituto de Arte e Comunicação Social (IACS), no Campus do Gragoatá. A obra, de acordo com o reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Antônio Claudio Lucas da Nóbrega, será entregue no segundo semestre de 2022.
O projeto, orçado em 28 milhões, é uma parceria entre a Prefeitura de Niterói e a UFF. No dia 28 de novembro de 2021, em vistoria às obras, o prefeito da cidade Axel Grael afirmou, em entrevista ao Boletim Unitevê (TV universitária da UFF), “Essa é uma obra que vai oferecer, tanto para a universidade quanto para a cidade de Niterói, uma infraestrutura fantástica para atividades e formação de profissionais”.
Nesse sentido, o reitor da universidade, assim como o prefeito, acredita que a parceria seja benéfica não apenas para a comunidade acadêmica, mas também para a cidade. Em suas palavras, “A universidade não recebia nenhum recurso para fazer grandes investimentos em obras. Essa parceria com a prefeitura, que tem sempre um olhar de qualificação da cidade com uma sensibilidade muito apurada do prefeito, envolveu também o Cinema Icaraí para ser reativado nesta grande cooperação de cultura, artes e cinema”.
O novo campus receberá os 10 cursos de graduação do IACS, que são: Arquivologia, Artes, Biblioteconomia e Documentação, Cinema e Audiovisual, Comunicação Social, Estudos de Mídia, Jornalismo, Produção Cultural. Há também os cursos de Pós-Graduação em Ciências da Informação, Cinema e Audiovisual, Comunicação, Cultura e Territorialidades, Mídia e Cotidiano e Estudos Contemporâneos das Artes.
Sobre a volta às aulas, a diretora do IACS, Flávia Clemente, afirmou: "A princípio, as aulas voltam presencialmente em março. Nesse caso, não voltaríamos ao novo prédio, e sim ao antigo “Casarão Rosa” [apelido recebido pela primeira e principal instalação do IACS], pois a previsão é que seja feita uma entrega parcial das salas de aula em abril. A partir daí, poderemos começar a equipar as salas de aulas, mas o restante será entregue apenas no meio do ano. Então, a perspectiva para ocupar o novo prédio é em meados de 2023.”
Ainda que não seja ocupado esse ano, os alunos estão muito ansiosos para conhecer e estudar no novo IACS. Roberto Malfacini, aluno e coordenador geral do Diretório Acadêmico de Comunicação Social (DACO), é um deles. “O novo IACS impactará na vida estudantil em diversos fatores, por termos mais espaço, um lugar no Gragoatá, termos salas de aulas maiores para acomodar mais alunos, ficarmos mais perto do bandejão, e a vista vai ser a mais bonita dos departamentos”, afirmou ele.
Foto 2: Área externa em construção do novo IACS
Reprodução: Bruno Pacheco
O Casarão Rosa e o projeto do novo IACS: uma longa história
Em março de 1968, o cineasta Nelson Pereira dos Santos saiu da Universidade de Brasília (UNB) com o curso de Cinema por motivos políticos. Nelson conversou com o então reitor da UFF Manoel Barreto Netto e foi para Niterói com o curso e os alunos de cinema. Foi nesse contexto que Nelson se tornou fundador do curso de Comunicação Social, da graduação em Cinema da UFF e do cinema do Centro de Artes da UFF.
Nas palavras de Flávia Clemente, diretora do IACS, “O curso não tinha sede. As aulas ocorriam na reitoria, no jardim ou na varanda, onde hoje funciona o Centro de Artes. Depois, fomos movidos para o prédio de Matemática, que fica no Campus Valonguinho. Então, conseguimos o primeiro endereço definitivo, o casarão da Lara Vilela. Só que ele era uma escola, o Ginásio Bittencourt Silva, então não era adaptado para receber um curso de comunicação. O casarão sempre foi um lugar muito amado, mas muito improvisado, até hoje é assim”.
O primeiro projeto da criação de um novo IACS é de 1985. De acordo com Flávia, a ideia era fazer um prédio que contemplasse as especificidades dos cursos e que permitisse a convivência universitária, já que o Casarão Rosa da Rua Lara Vilela era uma unidade isolada das demais.
Na época, havia o Departamento de Ciências da Informação, com os cursos de Biblioteconomia e Arquivologia, e o Departamento de Comunicação, com o curso de Comunicação Social, que tinha três habilitações (Cinema, Jornalismo e Publicidade). Além disso, havia também o Departamento de Artes, que não tinha nenhum curso, pois era “doador” de disciplinas. “A dimensão do IACS era bem menor mas, de toda forma, naquele projeto estavam contempladas todas as especificidades, ou seja, laboratórios, estúdios, todos os espaços necessários para os cursos funcionarem”, afirmou a diretora.
Como fica o casarão quando o novo IACS estiver pronto para receber os alunos?
Para encontrar a resposta, é necessário voltar 14 anos atrás. Em 2008, com o REUNI (plano de Reestruturação e Expansão da Universidades Federais) o então reitor, Roberto Salles, colocou a pedra fundamental, dando início à obra do novo IACS. O projeto inteiro contempla 15 blocos no total, mas em 2008, a UFF previu a entrega de apenas 11 blocos.
No que isso implica? Nas palavras da diretora do IACS, “Nos anos 80 tinham cerca de 400 alunos. Hoje temos cerca de 3500, então mesmo que a gente receba os 11 blocos do novo IACS, não vai ser suficiente para a gente contemplar a comunidade acadêmica que temos hoje”.
Como medida provisória, o reitor assinou um documento no qual afirmava que, enquanto a UFF não entregasse os blocos restantes, o casarão permaneceria do IACS. Segundo Flávia Clemente, “Na verdade, a gente vai continuar no casarão e expandir para o novo IACS, pois precisamos dos dois espaços. Aliás, soma-se ao fato de que, recentemente, perdemos o IACS II, um casarão menor na Rua Tiradentes, onde funcionavam nossas pós-graduações. A UFF devolveu esse espaço à prefeitura, então temos uma necessidade ainda maior de ficar nos 2 endereços”.
Além disso, há também um apego emocional da comunidade acadêmica ao Casarão Rosa. Para o aluno Roberto Malfacini, “O Casarão tem muita história, acho que lá é incrível para receber os alunos, para entender a história das pessoas que passaram por lá, da luta que existiu naquele lugar. Tem muita vida ali, e eu acho importante nós termos contato com isso. Vejo o casarão como um marco da nossa história.”
A professora e diretora do IACS também compartilha desse sentimento. “A gente deve se manter no casarão porque estamos habitando há mais de 40 anos, deveríamos preservar esse espaço. Temos cursos onde passaram pessoas que marcaram a história, deveríamos abrir pra comunidade, para as pessoas conhecerem, para fazer projetos de extensão. Eu acho que o casarão tem uma vocação muito grande para continuar sendo um espaço do IACS”, afirmou.
O novo campus fornecerá estrutura e qualidade à comunidade acadêmica. Todavia, nem mesmo a ansiedade por uma vida estudantil melhor pode apagar décadas de história do Casarão Rosa da Rua Lara Vilela, que deve ser preservada na memória do IACS.
a matéria ficou incrível e me deixou com mais vontade ainda de ter logo aulas presenciais no casarão!
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