Despertando sentimentos e lembranças, os jogos representam muito mais do que simples eventos esportivos.
Por João Pedro Pereira
Torcida da Atlética de Artes e Comunicação da UFF (AACS).
Reprodução via Instagram @aacsuff
Calor humano, suor, barulho e festa. Alguns poucos componentes que podem começar a descrever o cenário dos jogos universitários, eventos que reúnem diversos estudantes em prol de competições e, principalmente, da socialização. Embora pareça mais um torneio esportivo, para os estudantes, os jogos cumprem um papel importante na formação como indivíduos e na integração da vida acadêmica.
A base para a realização desses eventos são as Atléticas, organizações esportivas criadas pelos próprios alunos, sendo divididas de acordo com cada curso ou área. As Atléticas cumprem esse primeiro papel de integração, são os espaços onde pessoas com gostos parecidos podem confraternizar e formar amizades, tudo isso inserido em um contexto esportivo de treinos para as competições. Seria incompleta qualquer análise que abordasse os jogos universitários sem contextualizar a importância que as atléticas possuem, como dito por Daniel Pinheiro, estudante de jornalismo e membro da bateria “Lobos da UFF”: “Não só os jogos, mas as atléticas, em geral, representam uma forma de integração muito forte. É a chance de ter contato com pessoas e com histórias que você não teria no seu dia-a-dia.”.
Diante desse cenário, os jogos acontecem de maneiras diferentes, cada um com suas próprias especificidades. Existem os jogos entre Atléticas de uma própria universidade, geralmente realizados nas próprias instâncias da universidade, ou da cidade em que ela se situa; os jogos em que Atléticas de um mesmo curso, porém de universidades diferentes, se enfrentam, esses realizados em cidades sede como Vassouras, uma dos locais mais utilizadas por universitários para sediar tais eventos; e, ainda, jogos em que Atléticas de diferentes cursos de várias faculdades se enfrentam, também com viagem para alguma cidade.
Todas essas formas de jogos funcionam como uma maneira dos estudantes viverem experiências novas, conhecerem pessoas e fugirem um pouco da rotina, muitas vezes exaustiva, da Universidade. “É uma experiência incrível tanto para quem joga quanto para quem vai para torcer. Apesar de ser uma competição, o clima é bem descontraído e tem integração entre atléticas. Não conheço alguém que tenha ido e se arrependido.”, comenta Marcos Leandro, estudante de Publicidade e Propaganda da UFF, e coordenador do time de vôlei da Atlética de Artes e Comunicação Social (AACS).
É importante destacar que, apesar desse caráter de sociabilidade e entretenimento, a parte esportiva é, como não poderia deixar de ser, bastante destacada. Treinos ocorrem durante todo o ano, e preparam os times para as competições. Além disso, a competição é o momento em que os esforços de trabalho são concretizados, seja por parte de quem organiza os eventos, ou dos próprios atletas, como pontuado por Fernanda Hiraga, formada em cinema pela UFF e atualmente coordenadora de vôlei da AACS: “Ali é uma certa celebração disso. Os jogos representam esse ápice, a materialização de um trabalho de um ano inteiro. É um objetivo comum que conecta as pessoas envolvidas. Acho legal essa autogestão, essa coisa sendo construída coletivamente, onde cada um precisa do outro, inclusive da torcida.”
Atletas da Atlética da Unirio durante os jogos.
Reprodução via Instagram @atleticaunirio
Como quase tudo, os treinos das atléticas, assim como esses eventos, foram paralisados durante boa parte da Pandemia. Jogos que seriam realizados em 2020 e 2021 não ocorreram, escancarando a importância e a falta que fizeram para os estudantes. “A galera que ainda não tinha percebido a importância e a diferença que isso fazia na vida, foi perceber neste período de isolamento. As atléticas e os jogos são uma válvula de escape muito grande. Você tira um pouco a cabeça daquela pressão do dia-a-dia, daquela correria, e respira um pouco. Dentro de casa você não tinha muito isso [...] ficava uma coisa meio pesada, meio monótona.”, comenta Daniel Pinheiro.
Contudo, alguns jogos, como a Liga Universitária Carioca (LUCA) e a Taça Universitária Carioca (TUC), voltaram a ser realizados no final de 2021. O TUC, finalizado no ano passado, pretende retornar já neste mês. Já o LUCA, que paralisou as competições devido à onda de casos de covid, ocasionada pela variante Ômicron, também visa retornar com os jogos ainda neste início de ano. Querendo ou não, diversos jogos universitários já voltaram a acontecer ou planejam a realização para os próximos meses, como é o caso dos Jogos Financeiros, competição entre Atléticas Financeiras de diversas universidades, marcado para serem realizados em abril na cidade de Vassouras. Diego Vianna, estudante de Administração Pública, coordenador financeiro e de futsal da Atlética da Unirio comenta sobre a realização desses jogos, no cenário atual: “Eu acho que o TUC e o LUCA, que são, em tese, menores, poderiam estar ocorrendo. Porém, sem torcida, com espaçamento entre os jogos e exigência do comprovante de vacinação. O mínimo seria fazer esse controle.”
Publicação da Atlética de Odontologia da UFF, conscientizando sobre os cuidados no início da Pandemia.
Reprodução via Instagram @atleticaodontouff
Os jogos universitários estão retornando, alguns até já retornaram. Motivados por um sentimento de carência de pouco mais de 2 anos, é nítida a ânsia pela realização desses eventos. Mas é importante se considerar o contexto vivido. A Pandemia ainda não acabou, muito pelo contrário, está vivendo um novo ápice. A organização dos jogos, principalmente aqueles marcados para o primeiro semestre do ano, deve ser cautelosa, para que o calor humano, o suor, o barulho e a festa sejam de fato aproveitados em um cenário propício para isso.
Amei! Um baita jornalista :D
ResponderExcluir