A persistência do racismo no esporte

 Faltando menos de um mês para os Jogos Universitários, o debate faz-se necessário para que o esporte não reflita um problema da sociedade.


Por Ruann de Lima



Foto 1: Protesto na PUC-RIO 

Reprodução: The Intercept Brasil



Durante os jogos universitários do estado do Rio De Janeiro de 2018, em Petrópolis, alunos da PUC que participavam do evento, praticaram atos racistas contra alunos da UERJ, jogando bananas e fazendo barulhos que assemelhavam-se aos de macacos. O racismo no esporte se faz presente tanto na esfera profissional como na amadora e faltando pouco menos de um mês para os próximos jogos universitários, em que a UFF estará presente, o debate sobre essa temática torna-se essencial; principalmente depois do caso ocorrido no último sábado (14/05) no qual gestos preconceituosos foram executados por uma integrante da torcida de Direito da UERJ em um jogo de futsal feminino, válido pela LUCA (Liga Universitária Carioca). A aluna da UERJ foi afastada da atlética e não participou mais do evento.




Foto 2: Cascas de banana foram arremessadas em direção a alunos da UERJ 

Reprodução: Google Imagens



“O Futebol é racista”, disse Marcelo Carvalho, diretor do Observatório Racial do Futebol, em entrevista. É através do futebol, modalidade mais popular do país, que essa fala pode ser estendida para o mundo dos esportes e não só no âmbito profissional; manifestações racistas estão presentes nas demais escalas da sociedade, inclusive no esporte universitário.


De acordo com Marcelo, o esporte dá uma oportunidade ao negro, não por inclusão e sim por uma busca da vitória, do título ou do lucro, seja na venda de atletas ou através de ações feitas pelos jogadores. Esse problema ainda faz-se muito presente pela falta de lideranças negras dentro de entidades e clubes, que, muitas vezes, não realizam esse debate de forma correta – com atitudes reativas e não proativas. 



Foto 3: Marcelo Carvalho Diretor do Observatório Racial no Futebol

Reprodução: Globo Esporte RS



“A arquibancada e a torcida promovem muitas manifestações racistas dentro do âmbito esportivo, e é através dessa carapuça de torcedor fanático que se tenta justificar possíveis ‘provocações’ que são criminosas e racistas”, afirma Irlan Simões, jornalista do Sportv e Mestre pela UERJ em cultura de arquibancada. 


Esse ambiente preconceituoso dentro de espaços universitários vai de encontro ao que propõe a própria natureza da universidade e, segundo o Professor Júnior, Mestre em História da África e consultor do Vasco da Gama no combate ao racismo: “A educação é um fator importantíssimo no papel da sociedade antirracista”. Para ele, não basta apenas punir, mas sim educar e transformar essa temática em uma pauta discutida amplamente no corpo social. 



Foto 4: Junior debatendo racismo com jogadores do Vasco

Reprodução: Rafael Ribeiro



É através do esporte, que as pessoas acabam agindo em defesa de uma camisa, causa ou universidade e escancaram problemas estruturais que ocorrem nas esferas sociais – e o racismo é um deles – por esse motivo, o debate tem que estar presente em toda a sociedade, para atingir o máximo de pessoas e promover o avanço dessa.


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