Saúde mental: tópico sensível para os times de futebol

Mesmo com o passar dos anos, o estigma relacionado à saúde psicológica ainda permeia o esporte. 


Por Paulo Iorio


Foto 1: Lucas Figueiredo 

Reprodução: CBF


Apesar de terem ocorrido avanços até os dias atuais, ainda há um preconceito enraizado, em relação à saúde mental no esporte. A psicologia nasceu há 60 anos e foi reconhecida como a profissão mais habitual em relação ao tratamento de transtornos mentais; contudo, até o presente, existem algumas pessoas que resistem à ideia de aceitar ajuda de um psicólogo, devido ao estigma associado à profissão. Não foi preciso ir muito longe para encontrar um exemplo de ambiente em que não há um profissional da área. A atleta de handebol da UFF, da atlética de Comunicação Social, Fernanda Vicente, comentou sobre a questão da equipe não ter especialistas que cuidem da saúde psicológica: "Eu não sinto falta e acho que nem as meninas do time. Claro que durante os jogos tem uma pressão maior, mas todo mundo é muito parceiro nesse sentido e estão sempre se ajudando. A treinadora também é super compreensiva e sempre dá força pra quem precisa. Pelo menos a nossa equipe funciona assim".


Essa situação não acontece unicamente na Universidade Federal Fluminense, no futebol profissional há exemplos, como o do Flamengo, que não possui psicólogos em sua equipe principal e que, recentemente, demitiu a especialista do sub-20, Michelle Rizkalla - que pedia um aumento salarial desde 2021, alegando vencimentos defasados. A psicóloga comentou sobre a situação de desvalorização: "É necessário que os profissionais que lidam com o esporte, principalmente na modalidade do futebol, se interessarem […] em conhecer, em buscar o que de fato eles fazem, como de fato a parte mental agrega ou impacta no desempenho e na formação desses jovens […] no bem estar desse ser humano".


O clube carioca já efetivou outro profissional no cargo que era de Michelle, porém, é válido ressaltar a obrigatoriedade de especialistas da área da psicologia nas categorias de base - além de um assistente social.


Foto 2: Psicóloga Michelle Rizkalla Melhem no Flamengo 

Reprodução: Instagram (@michellerizkalla)


Psicólogo há mais de 30 anos, Paulo Ribeiro acumula passagens por grandes clubes, como o Vasco e o Flamengo e, atualmente, trabalha no Botafogo FR. Paulo comentou sobre a situação de vulnerabilidade dos times que não têm especializados na área: "A maioria dos clubes das equipes profissionais de futebol não tem o psicólogo do esporte [...] então não é que falte visibilidade, falta ainda, aquilo que falei sobre desconstruir esse estigma, esse preconceito do psicólogo ser aquele profissional que lida com transtornos mentais".


A saúde mental do atleta vai determinar como ele enfrenta certas situações, ultrapassa dificuldades e se adapta às exigências. Com o aumento de esportistas ansiosos e depressivos, a psicologia seria a resposta que precisa ser notada por alguns clubes.


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