93% dos passageiros se sentem prejudicados com o serviço do BusUFF

Ainda que de 8 a 10 estudantes gostem do BusUFF, alunos relatam dificuldades passadas com o serviço de transporte

Por Laura Fernandes

Foto 1: BusUFF Rota 1 parado no DCE, no campus do Valonguinho
Reprodução: Twitter @busuffpassou

Você que estuda em qualquer um dos campi da UFF e tem o costume ou o desejo de usar o BusUFF: Está satisfeito com os horários disponibilizados? Pois essa é a principal dificuldade enfrentada pela maioria dos alunos que utilizam os ônibus da Universidade Federal Fluminense.

Fizemos um levantamento com cem estudantes de diversos cursos de graduação da UFF sobre as dificuldades enfrentadas por eles no uso do BusUFF. Os dados mostram que 93% desses alunos se sentem prejudicados de alguma forma com os horários disponíveis e acham que poderiam melhorar. 

Foto 2: Gráfico sobre horários do BusUFF
Reprodução: Google Forms

O BusUFF tem duas rotas, com a intenção de cobrir todos os campi da cidade. Ambas as rotas têm o ponto final no DCE, no campus do Valonguinho, no centro de Niterói, com horários predeterminados para suas saídas. “De manhã tem muita gente para subir e acaba atrasando também, ou mesmo por conta do trânsito, e isso faz com que eu me atrase para a aula. Deveria ter pelo menos mais um ônibus e passando de 20 em 20 ou de 30 em 30 minutos. Ou também prejudica porque preciso esperar, ou quando chego, ele já foi embora e tenho que pagar passagem porque não posso ficar 1 hora esperando por ele (às vezes, de noite)”, desabafou a estudante Ana Carolina Mota, de Geografia.

Uma forma que muitos alunos da UFF encontraram para tornar a utilização do BusUFF mais funcional, foi por meio da criação de diversos grupos de WhatsApp — específicos para o Rota 1 ou o Rota 2 —, destinados a atualizações a respeito de onde está o BusUFF. Essa prática já é bem popular e é adotada por 75% dos alunos da pesquisa. Esses grupos funcionam da seguinte forma: ao ver o BusUFF passando, o aluno envia uma mensagem no grupo falando onde o viu, para que os outros saibam por onde ele anda, ou então, como alguns alunos também fazem quando entram no ônibus, compartilham a localização em tempo real no grupo, para que os outros possam acompanhar seu trajeto.

Ainda nesse tema, 4% dos alunos sequer sabiam que os horários já eram predefinidos e 22% dos alunos não usam o BusUFF justamente por conta dos horários, que não os atendem. A aluna de Biomedicina, Julia Melo, também falou sobre os atrasos dos ônibus e as instabilidades nos horários. Ela contou que, na segunda, dia 30 de maio, o BusUFF atrasou mais de meia hora porque foi abastecer, o que acabou a atrapalhando um pouco, já que os alunos não foram avisados.

Outra estudante que se queixou a respeito dos problemas com os horários foi a Carol Anjos, aluna de Comunicação Social. Ela comentou que os horários são muito espaçados, então nem sempre é possível contar com o BusUFF para voltar para casa. 

Esse espaçamento entre os horários também foi lamentado pela aluna de Engenharia Agrícola e Ambiental, Hannah Costa, que contou que, muitas vezes, acaba tendo que fazer hora para pegar o BusUFF. Porém, Hannah também apontou outro problema que alguns alunos enfrentam: a falta de sinalização. “Fui pegar o BusUFF na Reitoria e o motorista não me pegou e disse para eu pegar o próximo no ponto de ônibus, sendo que eles demoram 1h30 para passar, então tive que caminhar 50 minutos para voltar para casa”, desabafou a estudante. O ponto do BusUFF da Reitoria, na verdade, não fica exatamente em frente à reitoria, e sim cerca de 100m antes, algo que não é evidenciado em lugar algum para os estudantes desavisados.

Mais um ponto negativo dos ônibus da UFF, também bastante comentado, é a superlotação. A Ana Carolina Mota, que já havia comentado sobre os horários, também falou da superlotação enfrentada por ela, ainda em época de pandemia: “Às vezes de manhã ele vem muito cheio, então a situação de superlotação dentro de um ônibus no período de pandemia que ainda está ocorrendo, por exemplo, é algo que já vivenciei”, relatou a estudante de Geografia.

Além desses problemas mais comentados, Carol Anjos também lembrou outro problema além do espaçamento de horários: “As cordinhas que servem pra tocar a campainha às vezes não estão funcionando, então já perdi o ponto por causa disso, porque o motorista não parou”, declarou a estudante de Comunicação.

Gabriel Augusto Carvalho, estudante de Serviço Social, também compartilhou uma situação ruim que enfrentou no primeiro dia de aula após o retorno das aulas presenciais: “Estava eu às 17:50 em frente ao terminal (o BusUFF passaria em minutos, segundo o 'quadro de horários') aguardando o tão sonhado BusUFF. Às 17:57, faltando apenas 3 minutos para o início da aula no Gragoatá, ele passa direto, sem nenhum aluno dentro e com as luzes todas apagadas, deixando eu e uma fila consideravelmente grande de alunos a ver navios. No meu caso, não me prejudicou em nada, mas deixou a desejar nesse quesito”, contou.

Porém, Gabriel também fez questão de deixar seus elogios, afinal, o BusUFF tem seus problemas, mas ainda ajuda bastante: “Para não ficar só como uma lista de reclamações, gostaria de ressaltar também a importância do BusUFF na minha vida, até porque ele me ajuda e ajuda muitos outros colegas a economizar o dinheiro da passagem e a nos locomover até os nossos campi. Fora a playlist sensacional lá de dentro, que é sucesso!”, declarou o estudante de Serviço Social.

De fato o BusUFF possui algumas complicações que acabam dificultando um pouco o dia a dia dos alunos, porém, por ser uma funcionalidade totalmente gratuita, disponibilizada visando o bem dos estudantes, mesmo com seus problemas, ele acaba sendo útil para muitos, como podemos ver no gráfico abaixo.

Foto 3: Gráfico de satisfação dos alunos com o BusUFF
Reprodução: Google Forms

Ou seja, por mais que o BusUFF seja uma ótima ferramenta para os alunos da UFF, ainda é evidente que diversas coisas poderiam melhorar, como: o aumento de horários, em uma frequência de saída a cada 20 ou pelo menos 30 minutos; maior pontualidade quanto aos horários dos ônibus; o aumento do número de ônibus para evitar a superlotação; a visualização da localização em tempo real dos ônibus em algum lugar, como no app da UFF ou o próprio Moovit, que já mostra os horários e os trajetos; uma melhor comunicação quanto às informações relacionadas ao BusUFF; e também uma maior participação dos alunos presentes nos grupos do BusUFF. Com essas melhorias se tornando realidade, o BusUFF passaria a ser o recurso que os uffianos merecem e, com isso, certamente eles passariam a ter ainda mais orgulho de estudar em um lugar que oferece boa assistência e um transporte de qualidade.