Guerra do tráfico reduz movimento no comércio local e impede que moradores tenham uma rotina normal
Por Sthefany Pereira
Foto 1: Imagem do Morro do Estado – Niterói
Reprodução:
Internet
Inseguros
e desprotegidos, moradores e trabalhadores do Morro do Palácio e do Morro do
Estado têm vivido ou sobrevivido em meio à guerra do tráfico que assombra as
comunidades desde maio deste ano? Mais de um ano depois do último confronto
entre facções rivais, a cidade de Niterói volta a ser palco de novas disputas
armadas.
A
rotina de incerteza dos confrontos faz com que moradores da região sintam-se
inseguros e inseridos em confrontos armados inesperados, como afirma um
entrevistado que mora próximo ao Morro do Palácio e preferiu não se
identificar: “Eu estava no local que trabalho quando aconteceu. Eu, a dona e os
clientes ficamos mais de uma hora presos, ouvindo tiros sem saber o que estava
acontecendo do lado de fora. Depois disso conseguimos correr para casa e
ficamos uns três dias sem sair, algumas pessoas estavam agindo normalmente, mas
nós ficamos com medo e sem trabalhar por quatro dias.”
Um
morador e comerciante do Morro do Estado, identificado como “B”, relatou a
insegurança e o medo durante os confrontos: “Meu comércio funcionou
normalmente, esperamos ficar calmo para descer o morro, às vezes você quer
descer mas começa a sair o tiroteio, então você tem que ficar em casa esperando,
(...) é insegurança total.”
O confronto entre TCP e CV
O
TCP (Terceiro Comando Puro) iniciou uma disputa com o CV (Comando Vermelho), há
cerca de quatro meses, visando o controle do tráfico nos Morros do Estado e
Palácio, localizados, respectivamente, na região central de Niterói e no Ingá,
bairro da zona sul. Desde o confronto instaurado entre as duas facções mais
perigosas do Estado do Rio de Janeiro em junho do ano passado, o TCP não tinha
atuação na cidade. O comando concentrou seus esforços inicialmente na tentativa
de tomar o controle da comunidade do Centro.
No
dia 26 de maio, um dos primeiros dias de confronto, foram encaminhadas
mensagens de texto via aplicativo que indicavam supostos toques de recolher
após às 18h. Estabelecimentos localizados próximo aos morros foram fechados,
professores da Universidade Federal Fluminense (UFF) cancelaram as aulas e as
ruas ao entorno das comunidades ficaram vazias.
A
guerra entre TCP e CV segue intensa pelo quinto mês consecutivo e com pouco
intervenção policial, deixando os moradores e comerciantes no fogo cruzado e
sem saber quando conseguirão voltar a não se preocupar com os confrontos nas
comunidades em que vivem interferindo em sua rotina.
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