Entenda a situação alarmante nas redondezas do campus Gragoatá
por Catarina Brener
Às 23 horas, de uma sexta-feira, Pablo foi assaltado na Praça Araribóia. Às 4 horas, de um sábado, Pablo foi assaltado na Rua Enel. Às 22 horas, de uma outra sexta-feira, Pablo foi assaltado no centro de Niterói.
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Desenho na Rua Hernani de Melo mostra riscos de assaltos - Foto: Catarina Brener |
Pablo Alves, estudante do terceiro período de Psicologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), mora em Niterói há um ano e já foi assaltado três vezes. Para ele, a segurança do bairro Gragoatá e arredores não é boa. “Há alguma circulação de guardas, uma ou outra viatura, mas ainda há muitas áreas altamente perigosas. Acho que o melhor exemplo que temos é a ‘rua do perdeu’ – apelidada assim por estudantes e moradores locais – que é um local de referência no quesito assalto”, afirmou o estudante.
O sentimento de insegurança no bairro Gragoatá e adjacentes faz parte da rotina de quem circula por ali. Duas ruas são apelidadas, segundo o entrevistado, como “rua do perdeu”. A primeira é a Rua Hernani Pires de Melo e a outra é a General Andrade Neves. Na tentativa de combater os frequentes assaltos, os próprios moradores da Rua General Andrade Neves contrataram um vigia particular para patrulhar durante a noite.
Na cidade de Niterói, a prefeitura lançou o projeto Niterói Presente, que coloca cerca de 300 homens na patrulha das calçadas da cidade. Ainda que esse esforço municipal seja reconhecido, parece que certos procedimentos carecem de atenção, assim como apontam as críticas quanto à abordagem seletiva dos policiais, por exemplo.
Arthur Gouvêa, morador de São Domingos há 23 anos, foi assaltado duas vezes e não acredita que o programa seja a solução da violência. “Até agora, só vi abordando gente negra ou quem estava usando drogas. Dá para perceber que a abordagem muda de acordo com o bairro e a cor da pele da pessoa. Além disso, parece que só procuram por quem esteja fumando maconha”, criticou Arthur.
Além de todas as inseguranças narradas acima, existe uma que se apresenta como especialmente grave: a vivida pelas mulheres. Além de assaltos, o estupro é outra realidade que incita ao pânico. Após um estupro no mês de maio de 2018, às margens da Baía de Guanabara, outro acontece em 2019 mas dessa vez, dentro da Universidade Federal Fluminense.
Fernanda Magalhães, de 23 anos, faz parte do Coletivo de Mulheres da UFF – projeto que busca debater sobre a cultura patriarcal e a segregação instalada na sociedade - e conta um pouco sobre a falta de segurança que as mulheres sentem.
“A vulnerabilidade que nós, mulheres, estamos vivendo, é algo muito triste de se ver. Após anos, ainda existe um machismo penetrado na sociedade e, infelizmente, muitos ainda não percebem. Os estupros que ocorrem são velados, enquanto deveriam ser capas de jornais. A movimentação para recolhermos dados sobre os estupros e apresentá-los aos órgãos competentes é uma de nossas prioridades no momento.”
É de extrema importância que todos que vivem na região do Gragoatá se unam e debatam com seriedade a questão da falta de segurança, a fim de encontrar soluções que aumentem a qualidade de vida de quem usufrui do espaço para estudo, moradia ou lazer.
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