Joga como mulher

Conheca as atletas que, com muita garra e resistência, honraram o nome da AACS nos Jogos Universitários de Comunicação Social e fizeram Vassouras se arrepiar
por Ana Flávia Rodrigues

Foto: Lilo Oliveira

   O JUCS 2019 não foi fácil para a Atlética de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense. A AACS, que tem por tradição desde 2013 não fazer feio, passou por alguns momentos difíceis, mas graças aos times femininos e à torcida que não parou por um instante, a preto&rosa não abaixou a cabeça e promete voltar com tudo em 2020.

  Não é para menos, já que a rotina de treinos das meninas é intensa e conta com profissionais qualificadas nas equipes técnicas. “Aprendi na prática que quanto mais treinos, melhores os resultados” contou Fernandinha, atleta que ajudou a levar o time de basquete até a final, contra a ESPM. Além dos treinos marcados pela treinadora, Fernandinha revela que costuma combinar com as meninas treinos aleatórios e independentes, “apenas para reforçarmos fundamentos do esporte e passar as regrinhas e dicas que, para quem já tem familiaridade com o basquete são simples, mas pra quem está começando ou ainda não conhece muito, vão servir de base e fazer grande diferença.”, ela afirma.

  Andressa, atleta da equipe de tênis de mesa, reconhece que “não ia ser fácil a competição, pois existem competidoras muito bem preparadas, mas todas queriam dar o seu melhor.” E sem dúvida não mediram esforços para isso. Na entrevista, ela contou que abriu mão de muitas coisas para estar ali, sua preparação não foi barata e muito tempo foi dedicado, especialmente, depois dos resultados positivos no JOIA, outro campeonato pelo qual a atlética compete.

  Yasmin do time de handebol, também foi ouvida e revelou que embora tenham chegado à semi-final, as meninas do time não estavam com altas expectativas, mesmo com os treinos duros. Elas não foram à final, mas Yasmin já deixou claro: “A gente saiu querendo continuar, querendo o que vinha pela frente, iniciando a preparação pro segundo semestre e pensando já no JUCS 2020.”

  Essa vontade toda é motivada por uma resistência desmedida em um meio cujo histórico é sexista. Yasmin conta “[a presença e valorização da mulher no esporte universitário] sempre foi uma coisa que me orgulhou muito na atlética, porque desde quando eu entrei, já percebi uma vontade de mudar esse cenário.” A AACS é uma das pioneiras nesse movimento e levanta desde sua criação, o incentivo ao feminino. “Em 2016, a gente foi a primeira torcida a levar uma faixa falando sobre isso, que é a bandeira do ‘JOGA COMO MULHER’, e virou uma campanha posteriormente, a "Elas Por Elas”, relembrou a atleta, que também diz ter orgulho de jogar por uma atlética com esse tipo de engajamento.

  “Sempre vi que a disparidade no incentivo, seja emocional ou até de investimento mesmo, e o interesse em acompanhar os times masculinos sempre foram maiores do que nos times femininos”, desabafou Fernandinha, que acompanha e pratica esportes desde a infância. “Ver na AACS que não é assim que funciona, seja em jogos, atingindo melhores resultados do que os times masculinos, ou até mesmo nos treinos, nos quais, na maioria das vezes, os times femininos tem maior regularidade, de verdade, é lindo!”

  Os bons resultados dos times femininos também vêm acompanhados de uma torcida incansável, que faz questão de gritar aos quatro cantos das quadras: “Não é mole, não, o feminino é o orgulho do lobão!” E é nessa empolgação que a UFFANFARRA, torcida oficial da AACS, fez o time de handebol virar um jogo e passar de fase, como bem lembra Yasmin: “nesse JUCS, no nosso primeiro jogo, nós estávamos perdendo de 4x0 e em nenhum momento a torcida parou de gritar, de incentivar, falando pra gente virar e com o apoio deles, a gente conseguiu.” Fernandinha confessa que, mesmo focando 100% no jogo, sentiu a energia emanada pela torcida. “Quando termina o jogo, a vitória vem, e eu olho pra torcida e tá todo mundo cantando, pulando e sorrindo, dá um super orgulho de ver toda aquela arquibancada de preto e rosa.”

  E é nessa empolgação que as atletas pretendem chegar ao JUCS 2020. Se a torcida pode ter esperança? A Andressa responde, “estamos avançando e sempre melhorando, estamos de olho nas medalhas e eu me sinto confiante! [...] Não podemos abaixar a cabeça nunca e sempre botar na cabeça que não somos menores e menos capazes que NENHUM time!” Yasmin contou que o time de handebol está conquistando novas meninas e se adaptando muito bem à comissão técnica. Os treinos estão regulares (confira aqui) e a certeza de que a UFF vai brigar pelo pódio ano que vem é forte.

  Fernandinha, que também é VP de esportes da AACS, revelou mudanças significativas nas comissões técnicas e na estrutura dos treinos, com novos materiais esportivos e todo aparato necessário para o bom rendimento e segurança dos atletas. Pela primeira vez, a atlética contratou um treinador de natação. Houve mudanças nas equipes de basquete e cheerleading, que ganhou segundo lugar no JUCS desse ano. E, se depender da diretoria, a AACS tem “destino a um lugar permanente no pódio do JUCS e de todos os jogos que participarmos.” Foi dado o recado, “para o JUCS 2020, as expectativas podem e devem estar lá no alto!”

Foto: Lilo Oliveira

Comentários