A pandemia e os seus efeitos na música

 Por Cassiane Souza

Foto:site da Orquestra Sinfrônica da UFF

De acordo com o site oficial da Orquestra Sinfônica Nacional, a orquestra nasceu em 12 de janeiro de 1961 criada pelo Governo Brasileiro “com finalidade precípua cultivar e difundir a música sinfônica do país”. Depois de 21 anos de atuação, o presidente João Figueiredo publicou um decreto que trouxe medidas que aniquilaram o Serviço de Radiodifusão Educativa (SER) do MEC em que a OSN estava lotada. A sua migração para a Universidade Federal Fluminense por completo ocorreu em 28 de janeiro de 1986 pelo então presidente José Sarney. A OSN UFF seguiu com os seus concertos no Cine Arte UFF nas manhãs de domingo. Agora, conta com 83 músicos que continuam a realizar o objetivo inicial da orquestra de difundir a música brasileira. 

Tiago Teixeira, 29 anos, clarinetista da Orquestra Sinfônica Nacional da UFF há quatro anos realizou a sua contribuição em 3 CD’s da orquestra, o que é um marco, pois em geral gravar 3 CD’s em quatro anos e com obras brasileiras não é comum. Com o advento da quarentena desde de 13 de março de 2020 a orquestra não tem nenhum encontro presencial, nem ensaios e nem apresentações. Contudo, a orquestra permanece com atividades on-line. Tiago lamentou a distância entre os alunos da UFF e a orquestra, mas disse que estão buscando meios para se aproximar mais dos alunos que fazem parte da Casa da OSN. Mesmo com a incerteza da volta das suas atividades presenciais os planos para o próximo ano estão em progresso.

Pensando na atuação da orquestra durante a pandemia, o contato com o grupo da mídia da mesma foi essencial para compreender como tem sido as suas tarefas. O grupo é composto por Luiz Felipe Muringa, Taís  Soares e Keith Viana que são violinistas, mas em dado momento surgiu um interesse mútuo de divulgar a orquestra pelas mídias. Em entrevista ao Alô, Gragoatá! eles revelam não receber nenhuma renda ou patrocínio para exercer tal função, mas fazem com amor e dedicação. Pelo fato de fazer parte da orquestra, eles conseguem passar o que realmente querem com a visão de músicos. De início eram feitos apenas os bastidores das atividades, mas com a pandemia o trabalho triplicou. Segundo eles, pensar em atividades interativas para o âmbito on-line, e a adequação dos músicos que não tinham habilidade com a tecnologia foram alguns dos desafios apresentados pelo grupo. O número de seguidores dobrou nesse tempo e isso motivou ainda mais a equipe a não parar. É um caminho sem volta e os que não levavam a sério o trabalho da mídia, hoje estão inseridos no meio digital, engajados e sabendo usar as ferramentas. Sem o meio digital muitos não sobreviveriam ao ano de 2020 e o grupo de mídia da OSN UFF celebra a vitória deles: além de não terem parado, se moldaram em algo que poderia dar certo e deu certo! Os próximos projetos incluem vídeos importantes como os 60 anos da UFF e 60 anos da OSN.

Considerando o contexto atual de pandemia, assim como houve adequações na Orquestra Sinfônica Nacional UFF, o cotidiano da sociedade brasileira também teve a sua alteração. Hugo Telles, professor formado pela Villa Lobos, disse ao Alô, Gragoatá! que sente a falta de exercer a sua profissão em salas de aula e apresentações, mas através da tecnologia pode aprender com outros músicos e bandas sobre música. Hugo acompanhou as lives musicais e disse que houve algumas boas e outras ruins, porém não é algo que ele pense que deva continuar, pois os músicos tem contas a pagar e precisam do seu cachê que é ganho com apresentações. Seu interesse por orquestras foi notório e disse conhecer a OSN. 

Mariana Leite é aluna da UFF de 19 anos e por um tempo já pensou em seguir carreira musical. Foi assim que ela conheceu a OSN. Ela optou por seguir carreira em jornalismo, mas não deixa de lado o seu amor pela música. Como Lidiane Monteiro, que é tecladista, ela não deixou de mencionar a importância da música durante a pandemia em entrevista cedida. Para ela, a música trouxe reflexão, calma e paz durante os dias difíceis.

É primordial ressaltar a importância da música durante a pandemia. A Orquestra Sinfônica da UFF tem sido relevante para o povo brasileiro há cerca de 60 anos e não poderia deixar de ser estudada durante o contexto atual do mundo. Sua contribuição em busca de ferramentas atuais para a divulgação da arte brasileira não é em vão. É evidente que o grupo inteiro teve que se adequar ao que 2020 estava pedindo, seja em mais trabalho para o grupo de mídia ou na inserção de novas estruturas na vida dos músicos. A falta do calor humano não pode deixar de ser ressaltado, já que a orquestra sempre viveu de merecidos aplausos. 

Hoje, os aplausos nem sempre tem o som de mãos ou uma palavra, mas de modo silencioso. Os emoticons ou a escrita digital tem alegrado o coração de seus integrantes que estão motivados o bastante para não deixar para trás o meio digital. A música sempre fará parte da sociedade, em tempos difíceis uma música pode curar, trazer calma, paz e boas lembranças. Investir em novos músicos, incentivar os que já estão na ativa é o dever dos que consomem. 

É com alegria que devemos celebrar que a OSN não ficou encostada, mas cumpriu o seu objetivo inicial de cultivar e difundir a música sinfônica do país seja pelas redes sociais ou em projetos sociais online. Enquanto alunos, professores e amantes de música podemos compartilhar nas nossas plataformas digitais tudo o que pode contribuir para um dia feliz na vida de alguém. Compartilhe música, compartilhe a orquestra, compartilhe vida!

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