Por Mariana Mangueira
A pandemia decorrente do novo Coronavírus causou mudanças
significativas à sociedade e aos métodos de convivência. Uma delas é a
instauração do método remoto, ele não foi aplicado somente para o ensino
formal, mas foi tido como principal meio de relacionar-se em tempos de
pandemia. Mensagens, vídeo chamadas e e-mails se tornaram mais do que um meio alternativo de comunicação, se tornaram necessários. Para a Universidade
Federal Fluminense (UFF), outra mudança significativa foi a criação do Grupo de
Trabalho que reuniu profissionais diversos e qualificados para desenvolver
táticas de contorno à situação, para diminuir o prejuízo aos alunos,
professores e pesquisadores após a pandemia.
Os pesquisadores e cientistas da UFF tiveram também que se adaptar às novas propostas interativise alguns tiveram resultados muito positivos nesta questão. O professor Alexandre Farbiarz orienta alunos de mestrado, doutorado e PIBIC (programa institucional de bolsas de iniciação científica) e alunos que até mesmo o ajudam em sua pesquisa, ele não parou nem diminuiu suas atividades durante a pandemia. Até mesmo porque sua pesquisa leva em conta a relação entre comunicação e educação passando por diferentes mídias, as aulas remotas serão levadas, assim, à somar em sua pesquisa.
“A própria situação das aulas remotas é muito importante para minha pesquisa e de vários de meus orientandos, pois impõe novas questões com foco no letramento midiático crítico.” Afirmou o professor. Porém, como em qualquer mudança brusca, também foram enfrentadas dificuldades provenientes da nova métodologia. “A primeira questão é a sobrecarga de trabalho administrativo e docente que a pandemia nos impôs. O tempo que usávamos para ir e vir de carro, ônibus, etc, agora está "livre" para ser ocupado por trabalho, e estamos sobrecarregados. A segunda questão é que o contato, seja os orientandos, seja com o campo de pesquisa, de forma remota, é mais complicado.
Além das dificuldades tecnológicas, a ansiedade, a dificuldade de concentração, entre outros, dificultam a pesquisa.” Revelou Farbiarz. Mas ele e seu grupo de pesquisadores também enxergam as dificuldades como oportunidade para pesquisa e melhora de suas atividades profissionais, e facilitar o acesso dos alunos. Alexandre também contou sobre os resultados, ele conta que não há comparações a serem feitas entre o método remoto e presencial já que foram feitas adaptações tanto nas formas de abordagem quanto nos objetivos. O professor se mantém positivo sobre os resultados.
“Na minha pesquisa específica, no uso da
gamificação no ensino superior, posso dizer que os ajustes que fizemos, até o
momento, tem apresentado resultados bem mais interessantes em motivação e
engajamento dos alunos.” [...] “De uma maneira geral, o que temos levantado e
discutido sobre comunicação e educação neste período de ensino remoto tem sido
muito interessante e está contribuindo muito para as nossas pesquisas e,
esperamos, para a sociedade também.” Relatou Alexandre.
A adaptação também foi necessária em outras áreas
da pesquisa, deste modo investigamos no campus Praia vermelha da UFF a que
passo andava a casa da descoberta que além de ser um espaço público de
visitação é também destinado à divulgação científica. Conversamos com a
monitora da casa da descoberta Vivian Fávere que nos revelou que o programa não freou suas atividades e também passou por evoluções midiáticas. Ela conta que as atividades rotineiras de visitação e oficinas realizadas durante a colônia
de férias tiveram de ser substituídas. Vivian relata uma incompatibilidade
parecida com a do professor Farbiarz, em dado momento sentiu dificuldades em
inserir-se no meio remoto devido à sobrecarga de atividades cobradas para
“provar” que se mantinha em atividade. Relata ainda ter tido problemas para
lidar psicologicamente com a situação.
Já que não foi possível a realização de visitações à casa da descoberta, a monitora deixou claro que resolveram investir em conteúdo para redes sociais, dando ênfase às postagens no Instagram. Desse modo puderam suprir a falta da visitação e continuaram a divulgar pesquisas científicas. “Sem a Casa, Niterói perde um dos poucos museus de ciência que temos. E a UFF também! Divulgação científica é tão importante, ainda mais no contexto atual que vivemos, de completa desvalorização da educação de qualidade. Influenciar crianças e adolescentes a gostarem de ciências num museu, pode ser o único incentivo da vida delas.” Enfatizou Vivian sobre a importância da casa da descoberta.
Mesmo que tenhamos exemplos de projetos que deram a volta por cima durante a pandemia, não há como não mencionar os que ficaram defasados por não terem o mesmo progresso na adequação de seus meios. Lucas Rangel por exemplo, que cursa o décimo período de medicina, teve que “estacionar”, como ele mesmo disse, sua pesquisa sobre nefrite lúpica (acometimento renal devido à doença lupus) por dificuldades de acesso e disponibilidade em seu grupo.
“Somos uma equipe de 4,1 aluno estava com bastante
problema nessa questão de acesso. E somou as divergências de horário e a
diferença de produtividade quando comparado as reuniões presenciais.” Contou o
estudante.
Há pesquisas que buscaram na pandemia a oportunidade de investigar métodos que ajudem em futuras empreitadas como esta que passamos, como exemplo o GT (grupo de trabalho). O professor Farbiarz e a monitora Vivian são exemplos de atitudes otimistas em relação a eficiência procurada. Porém há pesquisas interessantes e talvez de grande importância como a de Lucas que foram arquivadas, o que podemos esperar é que haja um resgate dessas informações ao fim do período pandêmico.

Muito boa a matéria, um tema extremamente necessário. Eu apenas acrescentaria o depoimento de algum aluno que continua sua pesquisa, pra trazer a perspectiva dele sobre a rotina de estudos, se afetou de alguma forma, ou talvez alguns números de quantas pesquisas foram paralisadas e qual o impacto disso para a universidade, etc. De qualquer forma, está muito bem feita!
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