O culto religioso mediante o novo normal
por Yuri Neri
Foto: Google MapsNo ano de 2020, uma força invisível e onipresente tem assombrado a todas as camadas da população. Contudo, enquanto alguns negam a sua existência, há ainda quem duvide de sua asseidade e trate a sua aparição a partir de um maniqueísmo diabólico. Não, não estamos falamos sobre Deus, as pragas do êxodo ou mesmo sobre o apocalipse, mas sim sobre o novo coronavírus, que já atingiu mais de cinco milhões de pessoas em território nacional. Ao contrário do exemplo de certos líderes religiosos como Valdemiro Santiago, pastor da Igreja Mundial, que, em maio deste ano, se referiu à pandemia como “Exu Corona”, igrejas evangélicas locais têm apresentado alternativas para o cultivo da fé em meio às dificuldades da nova realidade pandêmica. O Alô, Gragoatá! foi à busca de algumas delas.
Na Igreja Cristã Internacional, localizada na Rua Visconde de Sepetiba, Centro de Niterói, os cultos presenciais foram substituídos por reuniões online. “Fazemos reuniões virtuais. Algumas por meio de transmissão ao vivo, com edição através da live do Facebook, outras mais interativas por meio do Google Meet”, conta Caio Costa, jovem líder religioso. A adaptação dos fiéis para com os formatos virtuais, entretanto, não foi nada fácil. “No início foi muito difícil, muitos sentiram falta do convívio e da comunhão com os irmãos. Mas, conforme o tempo foi passando, fomos nos adaptando graças a Deus e aos recursos que a internet e a tecnologia propiciam”, acrescenta.
Mesmo a distância, o sentimento de comunidade tem sido fundamental para a manutenção da religiosidade, de acordo com Larissa Haerold, também membro da Igreja Cristã Internacional, embora isso não a impeça de reagir com saudade às atividades presenciais: “A gente ainda não teve culto presencial, mas mantém um contato constante (nas redes sociais), então um ajuda o outro”. Apesar da saudade, Larissa se opõe à volta dos encontros nas igrejas. “Já ouvi falar (de instituições que não respeitaram as normas de saúde), mas a recomendação é não ter aglomerações, então não é o ideal”, comenta a fiel.
A Igreja Adventista de São Francisco, contudo, já reabriu ao público, mas com 30% da capacidade do prédio. “Ficamos em torno de três meses (com reuniões online) devido a um decreto do município que proibiu os cultos. Agora que retornamos, não estamos tendo dificuldades. (Retornamos à rotina com) Uso de máscara, álcool, distanciamento, e tivemos que isolar algumas cadeiras, mas o pessoal está conseguindo se ajustar dentro desse novo normal”, conta o Pr. Ricardo Castro. A instituição criou um sistema de rodízio para atender à quantidade de fiéis, orientando as pessoas do grupo de risco a continuarem assistindo aos programas online. O pastor relata, que desde a volta das atividades, em maio deste ano, não houve nenhum caso constatado de coronavírus entre os frequentadores do templo religioso.
No período em que não pôde manter os cultos presenciais, a Igreja Adventista de São Francisco ainda criou um projeto de assistência social nas regiões periféricas de Niterói, no qual cerca de 600 famílias entre as comunidades do Preventório, do Palácio e da Grota foram atendidas. “Com o pessoal recluso dentro de casa, sem poder trabalhar, a dificuldade aumentou nessa região mais carente, e aí fizemos uma campanha que arrecadou 23 toneladas de alimento”, comenta o pastor.
É importante lembrar que, embora algumas atividades já estejam retornando, a pandemia não acabou, e nem mesmo preces a Deus substituem os cuidados sugeridos pela Organização Mundial de Saúde. O Alô, Gragoatá! tentou o contato com representantes locais das igrejas Mundial e Universal, mas sem sucesso.
Gostei bastante da matéria Yuri. Achei o lead muito bem construído, e mesmo você tendo iniciado com um ar mais subjetivo, ficou perfeitamente claro o seu objetivo e o assunto que vai ser abordado. O desenvolvimento ficou ótimo, e as entrevistas ficaram muito bem colocadas. Essa semana não tenho nada para criticar pois gostei muito da sua matéria, e acho que você conseguiu colocar o seu estilo próprio nela. Parabéns Yuri!
ResponderExcluir