Reabertura sem movimento: o impacto da pandemia no comércio da Cantareira

 Comerciantes da Praça Cantareira aguardam ansiosamente a volta às aulas presenciais na UFF.

Por Pedro Cardoni

Foto: Google

“Sem a UFF ficamos sem trabalhar, são os estudantes que movimentam o bairro”. Com essa frase, Marcelo do Paraíso, funcionário da papelaria local, resume o drama vivido por todos os comerciantes da Praça Cantareira. A ausência da comunidade estudantil para movimentar a região está fazendo com que o comércio da praça enfrente dificuldades para se sustentar.

O bairro Gragoatá é profundamente interligado com a Universidade Federal Fluminense (UFF),  principalmente no ponto de vista do comércio da região, visto que são os estudantes os principais clientes das papelarias, das padarias, dos bares e dos restaurantes locais. A Praça Cantareira, que fica no coração do bairro, é um dos lugares mais movimentados da região, sendo frequentada principalmente pelos estudantes da UFF, que toda quinta-feira organizam a famosa “Quintareira”. 

Sobre isso, Rosane Santos, dona da banca de revistas da Cantareira, destacou a importância dos alunos universitários para a existência do comércio no bairro: “90% dos meus clientes são estudantes e a UFF é o maior público, não só do meu estabelecimento, mas de todos os comércios nos arredores da praça”. 

Dentro do contexto da pandemia, a UFF reorganizou o seu calendário, aprovando o ensino remoto para os estudantes. Em nota, a universidade declarou que “de acordo com as evidências científicas atualmente disponíveis, é provável que não haja retorno presencial em 2020”. Logo, houve um esvaziamento muito grande da movimentação do bairro Gragoatá e, consequentemente, da Praça Cantareira.

Para os comerciantes da Cantareira, a reabertura do comércio de Niterói, organizada pela prefeitura durante o mês de Agosto, não surtiu efeitos positivos, visto que ela não foi acompanhada pela volta das aulas presenciais da UFF. Segundo eles, o movimento em outros bairros já começou a aumentar, mas o Gragoatá continua na mesma: “não teve melhora nenhuma, com a UFF funcionando esse bairro é outra coisa, bem mais movimentado, mas sem ela fica difícil” comentou Marcelo.

Porém, nem todos os comerciantes acham que somente a volta das aulas presenciais vão ser suficientes para a retomada dos seus estabelecimentos. Rosane teme que o movimento pode melhorar, mas dificilmente vai voltar a ser como era antes: “muita gente tem medo, talvez só resolva se a vacina sair, porque mesmo se os alunos voltarem, o policiamento vai impedir aglomerações na praça, com isso eles vão só passar, não vão ficar na praça como antes”. 

O comércio da Cantareira continua a ter dificuldades de se sustentar devido a baixa movimentação de pessoas pelo bairro, acarretada pela ausência da comunidade estudantil, e a falta de auxílio por parte da prefeitura. Logo, os comerciantes da região esperam que as aulas presenciais da UFF retornem o mais rápido possível. 


Comentários

  1. Pedro, adorei o texto! Trouxe ótimas fontes e se destaca por, ao contrário das outras notícias, ter ido em busca de pessoas que não são estudantes, e sim pessoas de fora da universidade que foram afetados por decisões internas. A única coisa que teria para ressaltar é o alinhamento dos parágrafos, alguns contam com recuo no início, outros não, esteticamente não é legal.

    ResponderExcluir

Postar um comentário