A importância da atuação do Grupo Diversidade Niterói para a comunidade local.
por Maria Eduarda Joia
No meio de uma tarde de junho, na orla da Praia de Icaraí, observam-se bandeiras coloridas balançando junto a uma multidão de corpos que dançam e cantam, todos juntos celebrando a diversidade e suas sexualidades. É assim que acontece a Parada do Orgulho LGBTI de Niterói, um evento que vinha aglomerando cerca de 100 mil pessoas todos os anos, até a pandemia do Covid-19 acontecer. E por trás desse grande evento está a figura do Grupo Diversidade Niterói, ou GDN.
Fundado em 24 de janeiro de 2004, a associação denomina-se em seu site como “um grupo que luta pelos direitos e pelo fim do preconceito contra mulheres, gays, travestis, lésbicas, bissexuais, transexuais, profissionais do sexo, transgêneros e qualquer outra pessoa que seja discriminada por gênero ou por sua orientação sexual ou pela forma como decide viver sua sexualidade”. Em junho de 2005, realizaram a primeira Parada de Niterói. Nove anos depois, em 2014, o grupo foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial da cidade.
A denominação não é por acaso. Além de serem os pioneiros do evento de Icaraí, seus âmbitos de atuação são vastos. De acordo com seu portal na internet, o grupo milita em questões políticas relacionadas à comunidade LGBTQ+, como a presença em debates sobre União Civil na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), oferece atendimento psicológico aos membros da comunidade e suas famílias, promove eventos e oficinas culturais como shows, peças de teatro e um cineclube mensal, e atuam em campanhas de prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), AIDS e Hepatites Virais, com a distribuição de camisinhas e a realização de testes de saúde.
Durante o período de distanciamento social, suas atividades não cessaram. Os eventos e oficinas foram transferidos para a esfera digital, sendo realizadas palestras, lives, mostras e discussões de filmes por serviços de streaming. Os atendimentos jurídicos e psicológicos, assim como os acolhimentos sociais, permanecem agora de maneira remota - todos gratuitos. O GDN também tem realizado campanhas de distribuição de cestas básicas e kits de limpeza para famílias LGBTIs que vêm necessitando de amparo durante os meses de quarentena.
Entretanto, seu projeto mais conhecido segue sendo a Parada do Orgulho LGBTI. Em seu primeiro ano, 2005, o evento de lema “Pela Criminalização da Homofobia e União Civil Já!” previa um público de 5 mil pessoas. No final, somaram-se cerca de 30 mil. A última edição, em 2019, com o lema “Diversidade acima de tudo, democracia acima de todos!” atingiu a marca dos 100 mil participantes. Um deles era Lucas Bulhões, universitário, que conta que suas experiências “sempre foram maravilhosas”:
“Eu fui nas duas últimas edições - 2018 e 2019 - e eu fui com um pouco de medo, né? Porque a gente sabe que a gente vive em um país extremamente homofóbico. E eu tinha medo de sofrer algum ataque, alguma coisa… Acho que é uma coisa que passa pela nossa cabeça, é comum, né? Mas chegando lá você vê que não tem nada disso, é um clima super bom. Pelo menos a de Icaraí é super tranquila, muito bem policiada, sabe? Você vê que tem uma estrutura. Tanto que em um dos anos foram quatro trios elétricos e no outro, acho que 2019, tinham cinco trios, tinham muitos policiais, sabe? Foi bem bacana.”
Quando perguntado sobre a importância da festa para Niterói, Lucas respondeu que “é importante para mostrar que essas pessoas estão lá e que essas pessoas estão lutando e que independente de, sei lá, os moradores de Icaraí, porque a parada acontece lá, né? - fazerem carreata para Bolsonaro, os LGBTQ+ estão ocupando aquele espaço e estão mostrando que ali é um lugar pra todo mundo, sabe? Então, acho que é muito importante ter um evento como esse”.
Porém, em uma nota pública liberada em agosto, o Grupo Diversidade Niterói informou que a 16ª Parada do Orgulho LGBTI de Niterói, que aconteceria ainda este ano, está com a data suspensa enquanto a pandemia durar.
Futuras atualizações sobre o evento, seus projetos e os serviços disponibilizados podem ser encontradas em seus perfis no Facebook (https://www.facebook.com/gdnlgbt) e no Instagram (@grupodiversidadeniteroigdn).
Matéria muito relevante e bem construída Maria Eduarda! Acho que esse tipo de pauta é muito importante para o nosso Blog, já que é um assunto que demanda uma discussão e visibilidade, o que você pontuou e fez muito bem. Ao ler não encontrei nenhum tipo de erro gramatical, então acho que nessa parte tudo OK. Acho que seu lead ficou leve e bem didático, o que contribui para a boa construção da matéria e em interessar o leitor a continuar a leitura. Essas foram as minhas considerações, e parabéns!
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