Devido a pandemia, o mundial de Cheerleading segue sem data prevista

 Evento promovido pela ICU (Internacional Cheer Union), o mundial da competição que ocorreria em Orlando foi adiado por precauções sanitárias. A organização ainda não confirmou a realização para a próxima temporada 

Por João Pedro Ramalho



A temporada esportiva em todas as modalidades foi amplamente modificada perante as consequências da pandemia da Covid-19. No âmbito do cheerleading, o Campeonato Mundial da ICU, previsto para esse ano, teve sua data alterada e, para 2021, não houve consenso para o retorno da competição, realizada comumente em abril.

Classificada pela quinta vez seguida para o Mundial da modalidade, o Team Brasil da equipe All Girl Elite representa a Seleção Brasileira Feminina no esporte. Todavia, sem nenhum alicerce social e econômico, todos os integrantes da comissão técnica e atletas são responsáveis pela produção de uniformes e quitação de passagens aéreas, estadias, traslados e alimentação. Diante desse cenário de marginalização no cenário esportivo nacional que exige superação, as cheerleaders possuem um balanço financeiro negativo de praticamente R$ 15 mil com todas as despesas necessárias.

A pontuação no campeonato é estabelecida pelo Varsity, regulamento utilizado de forma abrangente por grande parte das competições, e projetada de forma subjetiva pelos jurados. No Mundial, são cerca de 20 juízes nomeados para eleger as melhores equipes. O processo seletivo de convocação também segue uma diretriz subjetiva do coach da Seleção, assim como em outros esportes. O treinador libera uma série de habilidades que as atletas devem possuir, e por meio de vídeos ou apresentação presencial, a depender do protocolo do Team Brasil, as cheerleaders passam por duas etapas de seleção até serem oficializadas como membras da All Girl Elite.

Convocada pela primeira vez para a Seleção Brasileira, a estudante de Publicidade da UFF, Carol Acciari, relatou a mistura de sensações ao ser selecionada para o Mundial. “A convocação para o Team Brasil foi minha primeira convocação para uma competição fora do país. A sensação é absurda. O engraçado é que no dia do resultado eu havia sido assaltada, e não conseguia acreditar quando me contaram sobre o Mundial, fiquei desacreditada. Achei que era pegadinha.” Sobre as dificuldades impostas pela ausência de apoios ao esporte, Carol ratifica a relevância de sua conquista em um ambiente repleto de muros e bloqueios. “A gente tem que se virar para conseguir focar no esporte e trabalho, para conseguir arcar com tudo que necessita, já que não temos nenhuma ajuda de custo. Por isso, depois de tanto esforço, é bom demais saber que vou representar o país no maior evento de cheerleading do mundo, com os maiores nomes do esporte.”

 A atleta da Team Brasil também lembrou da frustação sobre o adiamento da competição, diante das complicações impostas pela pandemia. “Isso desanimou muito as atletas, uma vez que ficamos sem direção. Muitas pessoas terão seus vistos vencidos até lá, o valor do dólar está ficando cada vez mais alto e a gente não sabe quando voltaremos a treinar para podermos competir. Essas incertezas mexem muito com a gente, mas felizmente, dentro do projeto, também temos uma equipe de psicólogos e preparadores físicos que estão sempre disponíveis e estiveram muito presentes nesses tempos difíceis”.


Comentários

  1. Ótima matéria João. O assunto abordado é muito curioso e interessante. Tenho certeza que a maioria das pessoas não sabem que existe de fato um torneio mundial de cheerleading. Muito menos uma Seleção Brasileira dessa modalidade.

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