Eu ouvi um amém? Alunes e coordenação de comunicação da UFF se encontram para debater o período remoto

Com nome quase bíblico, a Assembleia de Partilha permitiu a realização do ditado “a voz do povo é a voz de Deus”.

Por Júlia Cruz

foto: DACO/Assembleia de partilha

Ensino remoto, EAD, aula online. Independente da forma como você chama, o fato é que o período letivo de 2020.1, realizado entre os meses de setembro a dezembro, foi uma novidade para estudantes e professores da Universidade Federal Fluminense (UFF). Houveram muitos pontos positivos, negativos e incertezas durante e esses 3 meses, sendo a única certeza que até maio de 2021 us alunes ainda estarão estudando dentro de suas casas.

Com o intuito de realizar um 2020.2 melhor, a coordenação de comunicação social da UFF convidou us alunes de jornalismo e publicidade e propaganda para compartilhar suas experiências, desejos, sugestões e relatos do período remoto. Divulgado pelo Diretório Acadêmico de Comunicação (DACO), o encontro virtual serviu como um amém para us alunes serem ouvides em um espaço seguro.

“Eu fui a última a responder porque tenho vergonha de falar assim. E eu queria ver como seria e já estava com vontade de falar de uma situação específica, mas eu não sabia como eles [us coordenadores] iriam receber isso, qual era a proposta deles. E quando eu vi que eles estavam super abertos, eu resolvi falar, eu me encorajei. Vi as pessoas falando e encarei aquilo com realmente sendo um espaço para nós”, conta Letícia Merotto, aluna do segundo período de jornalismo.

Além de Letícia, outrus 9 estudantes de jornalismo e 4 de publicidade, tiveram suas falas ouvidas pelus coordenadores presentes, Carla Baiense e Adilson Cabral, além do professor Michele Pucarelli. Moderada pelo integrante da gestão do DACO, Roberto Malfacini, a Assembleia de 2 horas teve um pico de 42 pessoas presentes simultaneamente, surpreendendo integrantes do DACO, tendo em vista que assembleias costumam ser mais vazias.

 Carla Baiense ficou satisfeita com o andamento da Assembleia de Partilha. “Eu diria que fiquei muito feliz com a oportunidade de ouvir como nossos alunos e alunas avaliaram esse período em que todos e todas nós tivemos que repensar nossas práticas pedagógicas, nosso papel como educadores e educadoras e até nossas relações dentro da universidade. A pandemia trouxe desafios de muitas ordens, e não apenas para a educação. Conciliar os cuidados com a saúde, a preservação da renda familiar, a atenção aos mais vulneráveis e os estudos tem sido uma tarefa difícil para muitos e muitas estudantes. Saber que podemos contar uns com os outros, num ambiente de confiança mútua ameniza as dificuldades e nos faz enxergar novos caminhos. O objetivo da assembleia foi justamente este, compreender como podemos aproximar nosso trabalho como educadores e educadoras da realidade de nossos e nossas estudantes”.

Não é pelos 30%

Entre as principais reclamações feitas pelos alunes estão professores que dão 100% do tempo de aula síncrono, conteúdos assíncronos disponibilizados pelos professores que não podem ser feitos sem assistir as aulas síncronas, a quantidade de trabalhos passados e os prazos para entregá-los. Ana Flávia Rodrigues, aluna do terceiro período de jornalismo, foi uma das pessoas que reclamou dos trabalhos, “Desde o início do período remoto eu digo que é como se a gente estivesse num eterno final de período, pois toda semana tinha 500 trabalhos para fazer, 500 textos para ler, justamente porque os professores não podiam cumprir o tempo todo da aula para não ficar cansativo. Mas eu acho que eles se perderam um pouco nesse não ficar cansativo e passaram milhões de trabalhos”.

A porcentagem de tempo de aula síncrona dada foi um assunto bastante discutido no encontro. Os integrantes do DACO, Roberto Malfacini e Thais Gesteira, usaram seu momento de fala como alunes para pedir respeito dus professores ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPEx). Em Assembleia realizada antes do início do período remoto, o DACO leu para mais de 90 estudantes presentes virtualmente o documento emitido pelo CEPEx com regras para o ensino remoto. Dentro dessas regras estava que os professores só poderiam dar 30% máximo de aulas síncronas e os 70% restantes seriam preenchidos com materiais assíncronos. Além disso, seria proibida a cobrança de presença, por isso os materiais e atividades assíncronas deveriam ser adaptados para aqueles que não estiveram no momento de aula ao vivo.

A nova regra pareceu interessante para a aluna de Publicidade e Propaganda Raphaela Moraes, que pegou mais disciplinas para cursar achando que teria tempo o suficiente. O que ela não esperava era que a regra se tornou uma sugestão e a sugestão foi pouco acatada. Ana Flávia Rodrigues é mais uma que está sofrendo com o desrespeito a sugestão CEPEx. “Estou perto de um esgotamento físico porque a minha vista dói muito, todo dia eu tenho dor de cabeça, a minha coluna tá doendo pra caramba. E eu falo isso de um lugar de muito privilégio porque eu tenho uma cadeira, um computador e uma mesa muito bons para estudar. Imagina quem não tem. Se a missão da UFF era fazer um ensino emergencial acessível e respeitoso a nossas condições, a UFF falhou”, ela diz.

A parte boa

Também houve espaços para elogios na Assembleia de Partilha. Us estudantes elogiaram professores que se destacaram no ensino online e práticas que o EAD trouxe com mais facilidade. As professoras Bárbara Emanuel, Lilian Ribeiro, Maíra Lacerda e Adriana Barsotti foram as mais citadas como bons exemplos serem seguidos. Já a possibilidade de trazer mais convidades para as aulas e trabalhos integrados entre as disciplinas foram práticas elogiadas pelos alunes e de mais fácil execução graças ao período remoto.

Adilson Cabral considerou a Assembleia como uma aproximação entre alunes e professores e Carla Baiense acredita que o encontro possibilitou saber os pontos mais importantes e urgentes a serem resolvidos. Carla garante que as sugestões e avaliações serão compartilhadas com outros professores na reunião de departamento que acontecerá dia 18 de dezembro. 

“Por fim, acho que todos temos a ensinar e a aprender e, para isso, precisamos ouvir uns aos outros”, conclui Carla. E é com o diálogo que us estudantes esperam não precisar rezar para que 2020.2 seja melhor.


Comentários

  1. Título e linha fina muito criativos. O lead se a adequa a escolha (lead de enumeração). Foca no acontecimento, é objetiva, informativa, de leitura rápida. E um comentário mais subjetivo: eu gostei muito rs. Parabéns pela matéria! Seguem as observações:

    1º Parágrafo: " que ocorreu de setembro a dezembro" | É "Houve". Quando "haver" não tem sujeito, é impessoal | "durante esses três meses" | Eu trocaria o "dentro de suas casas" por "remotamente" |

    2º: "a coordenação de Comunicação Social da UFF" | "serviu como um "amém" para us alunes" |

    3º: “Eu fui a última a responder, porque..." | "Eu queria ver... |

    4º: "a Assembleia de duas horas teve um pico de 42 pessoas" > Não tenho certeza se é assim em texto jornalístico, mas em texto acadêmico - sei lá pq - de 0 a 10, é por extenso. |

    5º: “O objetivo da assembleia foi justamente este: compreender ...”.

    6º: "... pelus alunes..." | “Desde o início do período remoto, eu digo..." | "acho que eles se perderam um pouco nesse "não ficar cansativo" e...”.

    7º: "Dentro dessas regras, estava que us professores..." |

    8º: "O que ela não esperava era que a regra se tornasse uma sugestão"| "o desrespeito a sugestão do CEPEx" |

    10º: "...e práticas que o ERE trouxe com mais facilidade" | "como bons exemplos a serem seguidos" ou "a seguir"| "...execução, graças ao período remoto".

    11º: ------

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  2. Ah: EAD e ERE são diferentes. A UFF está em ERE - Ensino Remoto Especial, que é emergencial, temporário e tem várias coisinhas que diferenciam um do outro. Mas, acho que não percebemos essa diferença na prática, pq mts profs não seguiram a resolução do CEPEx e conduziram o curso como se fosse EAD.

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