Quais as expectativas e as mudanças que a pandemia vem trazendo para os profissionais da área de saúde mental
por Victória Worcman
Foto: VittudeComércios fechados, convivência 24hrs com os familiares ou companheiros de casa, home office, ensino a distância. Ansiedade e medo do incerto foram sentimentos comuns à pessoas de todo o mundo em 2020. Com isso, o atendimento psicológico, à distância, tem sido muito requisitado e importante no atual contexto da pandemia. Mas como será que tem sido a organização dos profissionais da área com essa nova era de atendimentos virtuais?
Para responder esta pergunta, a estudante de Psicologia na UFRJ, Paola Kligerman, nos concedeu uma entrevista sobre a sua visão, como futura psicóloga nessa nova configuração, e também sobre como tem sido a sua experiência na análise online.
Segundo Paola, os atendimentos online já vinham se popularizando, por conta dos problemas de locomoção de alguns pacientes e de outras questões que impossibilitaram o encontro presencial. Nesse sentido, o CRP, Conselho Regional de Psicologia, já tinha validado e regulado o esse atendimento remoto. No entanto, nem todos os profissionais da área acreditavam ou estavam familiarizados com esse tipo de consulta, e para Paola a mudança forçada para essa nova realidade foi a parte mais difícil: “nesse caso, o maior desafio não foi com o atendimento online em si, mas sim com essa mudança forçada na vida das pessoas, sendo mais uma mudança no caos que já estava instalado. Então, o momento da terapia que pro paciente podia incluir dar uma volta e encontrar com alguém não poderia mais ser feito, por exemplo. E a dificuldade que foi para os psicólogos reestruturarem tudo, sem saber se as pessoas iriam aceitar esse tipo de consulta.”
Entretanto, depois de 9 meses desde o início da pandemia, Paola acredita que esse formato de atendimento foi bem aceito e que vai ser mantido por alguns profissionais, já que para os pacientes ficou mais fácil encaixar a terapia na rotina, bem como remarcar se existir algum problema e não perder tempo com locomoção. Mesmo assim, ela não acredita que depois do controle do coronavírus a consulta virtual vá ser ainda a realidade: “eu acho muito provável que quando acabar a pandemia, e não existir realmente um risco, todos devem voltar no presencial. Eu não acho que esse vai ser o novo modo da psicologia, existe muito apego ainda ao presencial. Mas claro, vai existir mais facilmente a opção de fazer por chamada de vídeo, então acho que vai ser mais visto como uma alternativa.”
Agora, sobre a valorização da profissão depois da alta demanda que a pandemia do novo coronavírus trouxe, Paola acredita que financeiramente essa valorização ao profissional não vai acontecer devido à crise econômica que vem afetando muitos nesse contexto, inclusive pessoas que procuram um atendimento mais acessível por conta dessa questão. Mesmo com a saúde mental sendo muito discutida e priorizada por muitas pessoas nesse novo momento, existem ainda pessoas que não acreditam na importância do acompanhamento psicológico, diminuindo o trabalho e a relevância dos profissionais da área: “eu acho que as pessoas que tem preconceito com o trabalho dos psicólogos não vão mudar, mas acho que mais gente vai ter experiências boas com a terapia nesse momento e vão espalhar o quanto isso fez diferença, mas eu não sei se eu poderia achar que vai ser uma mudança na valorização do psicólogo e agora a gente vai ser bem visto. Eu queria muito isso né (risos), não sei, vamos ver, mas eu espero que aconteça.”

Boa escolha de tema! E foi bem inteligente ao concluir a matéria refletindo sobre a importância do profissional em tempos tão atípicos como os de agora.
ResponderExcluirAmei a escolha da pauta, visto que a saúde mental é um debate mais do que necessário em tempos pandêmicos, e gostei ainda mais da entrevista. Parabéns mais uma vez!
ResponderExcluir