Quando o esporte arrepia até o rival, o ato de aplaudir é incontrolável
Por Igor Klen (e para Maradona)
Foto: Site Economia.ig
No último dia 25 de novembro, o mundo do esporte recebeu a triste notícia da perda de uma de suas maiores e mais alegres estrelas. Diego Armando Maradona, o maior jogador da história do futebol argentino e, para muitos, o segundo maior do planeta (atrás apenas de Pelé), faleceu aos 60 anos vítima de uma parada cardiorrespiratória e levou consigo uma parte da magia do futebol que sempre esteve com ele em vida, dentro e fora dos gramados. A vida de Maradona sempre foi muito conturbada e polêmica, sobretudo por atitudes ilícitas que cometeu; entretanto, o que mais se viu nas primeiras horas e dias após o seu falecimento foi um sentimento de tristeza genuína, de perda de alguém que era (e sempre será) um símbolo de um esporte, de que o talento esportivo sempre estará acima de qualquer rivalidade para todos os fãs de esportes.
Seja no futebol ou em qualquer outro esporte, a rivalidade entre seleções, clubes e jogadores sempre esteve e sempre estará presente no contexto de um evento esportivo, sobretudo entre os torcedores, que fazem uma forte pressão na “trocação de farpas” antes e durante os jogos, além é claro do pós-jogo cheio de bom humor e gozação após um resultado negativo dos adversários. Entretanto, além do aspecto lúdico da rivalidade, é importante ressaltar o quão ela pode ser benéfica no sentido de incentivar os “artistas do espetáculo” (atletas) a se doarem mais durante os jogos, buscando a superação das dificuldades impostas pela partida e dos seus próprios limites. Há também, infelizmente, àqueles que se utilizam da desculpa da rivalidade para fomentar o ódio e a violência, algo que evidentemente é lamentável e que não é o foco deste humilde texto.
Se há um momento completamente sublime no esporte, é quando você perde todas as suas energias negativas diante de um atleta de uma equipe rival e se sente obrigado(a) a aplaudi-lo(a) por uma jogada genial. O grande homenageado desta matéria já viveu esse grande momento, ao ser aplaudido pela torcida do Real Madrid após marcar um gol jogando o clássico pelo Barcelona… entretanto, anos depois, outro grande craque teve o prazer de viver esse mesmo contexto de Diego, calando boa parte do estádio Santiago Bernabéu e arrancando aplausos de muitos outros da torcida adversária. O brasileiro Ronaldinho Gaúcho, o “bruxo”, no dia 19/11/2005, fez uma das melhores partidas de sua carreira e anotou dois golaços na vitória por 3 a 0 do Barcelona sobre o time de Madrid.
Foto: Divulgação/FC Barcelona
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Barcelona, Real Madrid, Maradona, Ronaldinho Gaúcho,e o papo envolve craques e uma das maiores rivalidades futebolísticas do mundo, não é possível deixar de falar sobre esses dois gênios da bola do século XXI: o argentino Lionel Messi e o português Cristiano Ronaldo. Donos de 11 prêmios de melhor jogador do mundo (6 do Messi e 5 do CR7), os craques dividem as atenções do mundo da bola há mais de 10 anos e já se enfrentaram 35 vezes, com vantagem para Messi. Normalmente, a rivalidade entre as torcidas coloca um fanático de um como um provável odiador do outro, quando na verdade os dois possuem suas semelhanças e diferenças e, independente da preferência do estilo de futebol na visão do público, são jogadores extraordinários, consagrados e que só contribuem para o aumento da paixão pelo jogo e para a evolução do futebol.
Foto: AS.com/Reprodução
equipe do Alô, Gragoatá! conversou com Mateus Pelizzon, estudante de engenharia elétrica da Universidade Federal Fluminense (UFF) e armador do time de basquete da Associação Atlética Acadêmica Pio Orlando (AAAPO) - Engenharia UFF, onde também é vice-presidente. Sobre o esporte que pratica, ele nos conta qual o grande ídolo que o influencia e inspira em sua atividade desportiva, tanto na qualidade e perseverança em quadra como no exemplo que é fora dela: “Me sinto influenciado pelo Oscar Schmidt, principalmente pela sua dedicação e vontade de vencer. Sempre negou o apelido ‘Mão Santa’ (dado carinhosamente pela imprensa e pelos torcedores) e corrigia dizendo que ele era o ‘Mão Treinada’. São posturas e atitudes que, de certa forma, conseguimos aplicar em nossas rotinas e que nos possibilitam alcançar nossas metas pessoais”.
Sobre a rivalidade no esporte, Pelizzon apresenta sua visão sobre o assunto dizendo como essa concorrência esportiva pode ser encarada por torcedores e atletas: “Enxergo a rivalidade como algo benéfico no geral. Ela desperta emoções nos atletas de modo que o jogo passe a ser sempre mais decisivo, não levando em consideração o grau de importância da partida. A torcida também passa a ser mais fundamental nesses confrontos, para apoiar as equipes até o final. Juntando esses fatores, palcos são formados para a história ser escrita. Os atletas que se destacam nesses momentos são lembrados por gerações e as conquistas alcançam novos patamares. Infelizmente, temos casos de extremismos nessas rivalidades que acabam ficando mais notórios que os aspectos positivos dos embates, mas acredito que as vitórias e as coisas boas transcendem essa rivalidade. Diego Maradona pode ser usado como exemplo, no qual seu óbito uniu torcedores do Boca Juniors e do River Plate, rivalidade essa que já impediu uma final de Libertadores acontecer em solo argentino, mas que encontrou simpatia no luto do ídolo do Boca”.
Como foi relatado pelo entrevistado, não é apenas no futebol que a rivalidade entre grandes ídolos do esporte é colocada à prova. Em diversos outros segmentos esportivos, atletas fora de série e que muitas vezes são contemporâneos (ou seja, praticam o esporte na mesma época) dão ao público que ama acompanhar os mais variados esportes verdadeiros espetáculos inesquecíveis. Na Fórmula 1 (a categoria do automobilismo mais bem quista no meio esportivo), por exemplo, já houveram grandes pilotos e disputas memoráveis, mas que com certeza não chegaram aos pés daquela que se tornou uma das maiores rivalidades da história do esporte, entre o brasileiro Ayrton Senna (tricampeão) e o francês Alain Prost (tetracampeão). Diferentemente da maioria dos casos, essa foi uma rivalidade que realmente foi além de uma disputa entre os torcedores, já que os dois se viam mesmo como adversários e não companheiros, ainda que por boa parte do tempo tenham corrido pela mesma equipe.
Foto: Site Globoesporte.com / Divulgação
Viver a emoção do esporte sempre deve estar acima de qualquer rivalidade, sobretudo no sentido negativo que é atribuído à palavra. As grandes disputas entre ídolos e estrelas consagradas do esporte são o grande motor de toda paixão e admiração dos torcedores, que evidentemente sempre vão escolher um lado, um time, uma preferência, mas que jamais vão deixar de reconhecer um talento bruto e puro, que nasceu para praticar aquele esporte. Dentre tantas rivalidades e tantos aspectos, justamente ele, o polêmico Maradona, sempre deu em vida um exemplo de como respeitar um “rival” e saber agregar ao invés de separar, que foi justamente a amizade entre ele e Édson Arantes do Nascimento, o rei Pelé. Independentemente do número de gols marcados e do número de títulos mundiais (Pelé é tricampeão e Maradona foi o maior nome da conquista da Argentina em 1986), eles jamais se deixaram levar pela discussão de “quem é melhor?”, preferindo cultivar a amizade mais significativa da história do futebol e uma das maiores de todo o esporte mundial.
Foto: Diário Indústria e Comércio¡Gracias, D10S!






Ótimo texto, Igor. Tenho só um observação para fazer, é bom prestar atenção em alguns casos no tamanho das frases a fim de evitar períodos muito longos, que podem prejudicar a compreensão do leitor e fazê-lo se perder no meio.
ResponderExcluirMas independente disso, o texto está ótimo e bem completo, abordando exemplos de diferentes esportes e diferentes épocas. Parabéns!
Sua matéria está muito boa, Igor. Eu também observei a questão dos períodos muito longos como a Maria Eduarda disse. Gostei bastante da abordagem das rivalidades nos diferentes tempos e esportes, realmente muito boa!
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