Por Mariana Costa
Após o Governo Federal lançar Projeto de Lei Orçamentária (PLOA 2021), propondo cortes de verba na educação, na tarde do dia 25 de fevereiro de 2021, alunos da UFF, organizados pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da universidade, se mobilizaram nas ruas de Niterói demandando o fim das medidas governamentais que visam o desmonte da Universidade Federal Fluminense.
Com cortes que chegam a 17,5% nas despesas das universidades federais e a 18% para o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), o PLOA 2021 vem em um momento delicado em todas as instâncias do país. “Cortar dinheiro da CNPQ é cortar diretamente pesquisas que foram essenciais para o Brasil se manter durante a Covid-19. É cortar dinheiro da FioCruz, que conta com alunos da CAPES e da CNPQ”, explicitou Lucas Gabriel Nascimento, um dos atuais coordenadores da DCE UFF.
Os 29 milhões a menos previstos na Lei cortam especialmente verbas do Programa Nacional de Assistência Estudantil, auxílio esse que vem sendo conquistado por luta de movimentos estudantis em todo o Brasil e mostra a força da mobilização desses alunos. O Programa tem como objetivo apoiar estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica do Ensino Público Federal (UFs e IFs) e viabilizar sua permanência nessas instituições, oferecendo assistência à moradia estudantil, alimentação, transporte, à saúde, inclusão digital, cultura, esporte, creche e apoio pedagógico, contribuindo para melhoria no desempenho acadêmico e combatendo o número alto de evasão desses estudantes.
Segundo o site oficial da Universidade Federal Fluminense, desde 2010, ano em que foi criado, o PNAES é o que viabiliza a estadia de muitos estudantes na universidade e em razão da crise da COVID-19 é o programa que possibilita a inclusão digital dos uffianos no ensino remoto, “A luta que fazemos na teoria acaba se concretizando na vida dos estudantes, não é uma luta em vão, é uma luta de resultados, um desses resultados são os auxílios que possibilitam que o ensino remoto seja feita da forma mais justa possível" diz Lucas.
Fonte: Instagram.com/uffoficial
Dessa forma, a medida prevista no PLOA 2021 resultará num enorme agravamento na situação dos estudantes contemplados pela assistência estudantil, que se mostra hoje de enorme importância por conta da queda de renda das famílias.
Além disso, nesse período conturbado a UFF, e outras UFs pelo Brasil têm sido de extrema importância promovendo atendimento à população através dos hospitais universitários, diversas pesquisas no intuito de desenvolver a vacina para imunização contra o novo coronavírus e produção de equipamentos de proteção para profissionais da saúde, e tudo isso está em jogo quando se propõe corte nos setores orçamentais da universidade.
Com esses evidentes ataques à autonomia e orçamento das instituições públicas, a UNE (União Nacional dos Estudante) inspirada no movimento tsunami da educação, que tomou as ruas do país no final de 2019 e fez o governo retroceder em relação a prévia tentativa de corte, mobilizou novamente pelas redes sociais alunos e representantes de movimentos estudantis para fazer uma mobilização simbólica, respeitando as indicações da OMS, criticando o Projeto de Lei e pedindo o fim do Governo Bolsonaro. Com cartazes escritos “Nenhum centavo a menos” os alunos se movimentaram em frente a reitoria da UFF Niterói e evidenciaram o quanto essa redução afeta a manutenção da universidade, a permanência dos alunos na instituição e até mesmo a adaptação para o retorno das aulas presenciais. Em vídeos disponibilizados pelo Instagram do DCE UFF (@dce_uff), os coordenadores reafirmaram sua posição de combate em relação às tentativas de desmonte das universidades federais que em primeiro momento, tiveram a UFF como principal alvo.
Fonte: Instagram.com/dce_uff
Como porta voz da Coordenação do DCE, Lucas afirma que a pesquisa universitária é essencial para o desenvolvimento e movimentação da ciência, cultura, tecnologia e educação brasileira e está diretamente ligada à extensão, que é “a devolução da universidade para sociedade, pois a universidade não existe só para formar profissionais, existe também para ter um resultado social na comunidade na qual está presente”, evidenciando o quanto o desmonte de uma Universidade tão importante quanto a Federal Fluminense não afeta somente a instituição mas toda a cidade ao seu redor que se beneficia e se movimenta a partir da UFF.
Como posso ajudar?
Os movimentos estudantis estão sempre trazendo atualizações sobre a situação em suas redes sociais então, a melhor forma de ajudar é conscientizando o máximo de pessoas possíveis e principalmente os próprios universitários sobre a gravidade da situação e suas consequências para que eles possam acompanhar as redes sociais da UNE (@uneoficial) e do DCE UFF (@dce_uff), participar das mobilizações, se posicionar contra os cortes de verba nas redes sociais, pressionar os Políticos responsáveis pela votação e perceber a importância da união nacional de estudantes, para que Projetos de Lei como esse não passem na Câmara e virem a realidade das instituições de ensino federais brasileiras.
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