O gonçalense de Niterói: a vida do Bela Vista Futebol Clube

O alvirrubro disputará em 2021 a inédita Série C do Campeonato Carioca

Por José Roberto Coutinho


Foto: Pedro Costa/FutRio.net

Na tarde do dia 10 de março, a FFERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) definiu, em sua sede, localizada no Maracanã, os 14 clubes que estão aptos para disputar a Série C do Campeonato Carioca em 2021. Entre eles, está o Bela Vista Futebol Clube, atualmente de Niterói, mas que tem laços e raízes ligados a São Gonçalo, município vizinho.

Próximo de completar 44 anos, o Alvirrubro do Leste Fluminense foi fundado no dia 10 de maio de 1977. Apesar da pouca idade, o clube já trocou de sede e ocupou-se em instalações de municípios diferentes. A sua estreia no campeonato estadual foi em 1990, quando disputou a terceira divisão dos profissionais. A empolgação, porém, não durou muito, já que em 1998, por falta de recursos financeiros, o time se licenciou das competições oficiais.

Somente a partir do século XXI o Alvirrubro colheu bons frutos, pelo menos no que diz respeito à infraestrutura. Após fechar uma parceria com a empresa Ágiles Consultoria, em 2009, o clube modernizou-se e criou o seu próprio Centro de Treinamento, localizado em Nova Cidade, bairro do município de São Gonçalo, chamado, anteriormente, de Centro de Futebol do Zico do Rio Sociedade Esportiva.

Através dos projetos do proprietário e presidente Eduardo Marcos Pereira da Silva, conhecido também como “Dico”, o clube investiu, ainda, em categorias de base, abrindo escolinhas em sua sede e dando oportunidades aos mais jovens. Patrick Rodrigues, de 29 anos, foi um dos que recebeu uma chance no profissional. Mesmo com apenas 17 anos, o meia-atacante chamou a atenção do técnico Branco e subiu para o time principal. O ex-atleta conta que, à época, enxergava com bons olhos o futuro do clube em São Gonçalo.

“O Bela Vista tinha tudo para dar certo. Quando recebi a minha primeira oportunidade, bem novo, meus pais acreditavam que aquilo era o melhor para mim. Alguns garotos da minha idade saíram para clubes como Botafogo, Vasco e Flamengo e eu esperava a minha chance, acreditando que ela chegaria. A estrutura era de time grande, poucos times pequenos do Rio poderiam ter algo parecido naquela época”, disse Patrick.

O conto de fadas, porém, mais uma vez, terminou de forma precoce. Em 2010, com as inúmeras inadimplências, o Bela Vista viu-se obrigado a vender as suas dependências a uma imobiliária que, mais tarde, transformou o local em um condomínio. Cercado por incertezas, o clube decidiu suspender novamente as atividades, dando mais uma pausa nos sonhos dos dirigentes de subir de divisão.

Em 2016, porém, uma mudança ousada fez com que o time do Leste Fluminense pudesse trilhar um novo caminho. De São Gonçalo para Niterói, o Alvirrubro iniciou o projeto e a ideia treinando em um ambiente praticamente abandonado. Localizado em Venda da Cruz, bairro quase no limite com Niterói, o 3° Batalhão de Infantaria do Exército (3° BI) tornou-se a casa provisória do clube, que já mostrava o interesse em transferir-se para a “Cidade Sorriso”.

Foto: José Roberto Coutinho/RH Assessoria

O novo local, porém, logo foi substituído, meses depois, pelo bairro de São Domingos, agora oficialmente localizado em Niterói. A Concha Acústica acolheu não só o time profissional, mas a outros jovens que esperavam uma oportunidade no mundo do futebol. Mesmo depois de abandonar o esporte, Patrick Rodrigues salientou a importância da mudança no que ele trata como “reavivamento” da instituição.

“Foi necessário mudar para Niterói, apesar de não ser o que a maioria dos gonçalenses desejavam. Outros times surgiram em São Gonçalo, como Gonçalense e São Gonçalo Esporte Clube, o Bela Vista perdeu o espaço e o protagonismo que nunca conseguiu obter. Em Niterói surgiu a chance de um reavivamento, acredito que todos os clubes vivem crise em algum momento e precisam de uma segunda chance”, concluiu o ex-jogador.

O Bela Vista Futebol Clube, agora, se prepara para algo inédito na história do estado do Rio de Janeiro, a disputa da quinta divisão do Campeonato Carioca, estabelecida pela FFERJ em 2020 e que será colocada em prática na temporada 2021. A competição, que está prevista para acontecer em junho, conta também com outros 13 clubes: Atlético Carioca, Barcelona, Brasileirinho, Búzios, CAAC, Brasil, Canto do Rio, EC Resende, Império Serrano, Independente, Juventus, Paduano, Profute e Santa Cruz. O Alvirrubro tentará, além do acesso, o seu primeiro título estadual.

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