Você sabia que esse famoso foi uffiano?

 
Por Stephany Mariano

Foto: Instagram/@flaviaol

Flávia Oliveira é jornalista formada pela UFF e Técnica em estatística pela ENCE (Escola Nacional de Ciências Estatísticas). Tem quase 30 anos de carreira e atualmente é comentarista na Globo News, colunista do jornal “O Globo” e da CBN, além de ter um podcast chamado “Angu de Grilo” com sua filha também jornalista, Isabela Reis. O “Alô, Gragoatá!” contatou a Flávia, para falar um pouco sobre sua ligação com a UFF, sua trajetória, e sobre como o cenário da pandemia afetou seu trabalho. 

Crescida em Irajá, zona norte do Rio de Janeiro e filha de uma mãe com apenas 5 anos de escolaridade, Flávia conta que não tinha muita perspectiva de fazer um curso superior até entrar para a ENCE. Foi ali que sua vontade de ingressar em uma universidade começou a surgir, mas o jornalismo, por sua vez, acabou sendo por acaso, apesar de já gostar de noticiários e coisas relacionadas. “Foi por uma coincidência. Uma provocação de uma amiga que achava que eu teria vocação para a profissão me chamou atenção para isso e a partir daí eu comecei a fazer jornalismo” disse Flávia.

Sua aprovação veio no segundo vestibular, passou para duas universidades e escolheu a UFF, o que ela diz ter sido um desafio pela questão do deslocamento. Pois morava em Irajá e estudava em Niterói. Um dos primeiros passos após sua formação foi um estágio em uma empresa de assessoria de imprensa, gerando posteriormente uma contratação no Jornal do Comércio através da indicação de um de seus professores da universidade. Portanto, ela afirmou que a UFF tem tudo a ver com sua entrada no mercado de trabalho jornalístico.

Quando perguntada sobre como a pandemia afetou seu trabalho ela afirmou: “Afetou totalmente. Eu estou há um ano, precisamente há um ano, trabalhando de casa, sem ir a redações”. Já fazia parte de seu trabalho em casa, como na rádio e a coluna do jornal, mas as suas participações na TV eram no estúdio. Por conta disso ela diz se sentir afastada da convivência das redações e da cidade, algo que ressaltou ser muito importante para ela. “Isso é desafiador, é cansativo, é solitário, mas é o que temos de inserção profissional possível e sou grata” acrescentou.

Flávia vê o jornalismo e a comunicação como uma missão, um oficio profissional. Destacou que essa experiência de ser uma mulher negra e poder analisar a conjuntura, o ambiente político, econômico, social e cívico sob essa ótica e com suas vivências é a principal característica do jornalismo que ela faz e que isso continua a inspirando.

No entanto em meio ao cenário em que o país se encontra, o vento não parece soprar muito a favor dos jornalistas, que infelizmente têm sofrido ataques e que precisam lutar, mais do que nunca, contra uma corrente negacionista que tentar desvalorizar a profissão. Para Flávia, os futuros comunicólogos precisam estar muito bem informados, pensar na qualidade da informação, ter um compromisso com a precisão dos dados, construir credibilidade e estar inteirado em relação às transformações tecnológicas, tendo em vista que a comunicação se faz muito através destes meios. 

Ainda dando conselhos e incentivos, continuou dizendo, que acha importante pensar também nas várias possibilidades de inserção através da profissão. Que não enxergar as possibilidades e ficar preso em uma só posição pode atrapalhar carreiras que podem ser prósperas. Finalizou afirmando: “Acho que em qualquer lugar do mundo sempre vai ter alguém precisando de informação e, portanto, haverá de ter um profissional capacitado a preparar essa informação, traduzir essa informação, explicar essa informação e entregar essa informação para esse público.”

Para Cecile Mendonça, estudante de jornalismo que acompanha o trabalho da Flávia, nesse contexto de negacionismo é cada vez mais importante buscar referências e exemplos de pessoas da área, a fim de encontrar uma certa esperança de que vale a pena e continuar lutando pelo jornalismo. Afirmou que ver a atuação da Flávia, considerando tudo que ela representa é muito importante. Disse ainda ser uma grande inspiração para ela e finalizou: “Eu fico feliz de saber que ela foi da mesma universidade que eu estudo. Isso me dá muito orgulho, só de pensar que eu faço parte de uma universidade que propiciou que ela tivesse essa formação como jornalista. Isso me faz pensar que um dia eu posso ser como ela.”

Profissionais como a Flávia são capazes de se tornar uma grande luz no fim do túnel em tempos onde a esperança parece estar distante e ofuscada, além de oferecer representatividade aos que não costumam se enxergar com frequência em lugares de destaque no país.

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