Por Nathalia Guimarães
Foto: Fortalezas.org
Túneis subterrâneos, bateria alta e título de “cidade invicta” para Niterói marcam a história do Forte de São Domingos do Gragoatá, um espaço de muito prestígio para a ex-capital fluminense. O blog Alô, Gragoatá! falou com uma historiadora e um sargento de exército sobre essa fortificação única.
O Forte de Gragoatá, localizado na extremidade da antiga praia de São Domingos, mostra sua importância quando dá seu nome a um bairro niteroiense. Antigamente, um dos menores bairros de Niterói, hoje conhecido como Gragoatá, era uma unidade conhecida como São Domingos, nome que ainda hoje designa a Igreja de São Domingos de Gusmão, localizada no bairro. Ele é um dos primeiros fortes da Baía de Guanabara que, mesmo com uma data de construção imprecisa, encontra documentos que a mencionam desde 1896.
Foi armado e desarmado diversas vezes em sua existência, mas sua grande importância se deu na Revolta da Armada: “A Revolta da Armada foi um movimento contrário aos primeiros governos republicanos do Brasil. Idealizado majoritariamente por integrantes da Marinha e alguns civis, buscava combater as medidas inconstitucionais proferidas pelos governos vigentes”, de acordo com Yasmin Ramalho, licenciada em história pela Universidade Federal Fluminense.
Niterói foi tão ameaçada nesse período que a capital da província e, logo após do estado do Rio de Janeiro, teve que ser transferida para Petrópolis. “Niterói foi um dos pontos mais cobiçados pelos revoltosos, pois a península da Ponta da Armação contava com depósitos de munições fundamentais aos navios das esquadras rebeldes”, disse a historiadora.
No Forte de São Domingos, houve disparos em resposta ao bombardeamento que ocorreu em Niterói. Por não ter se rendido à revolta, Floriano Peixoto, presidente à época conhecido como “Marechal de Ferro” por sua repressão aos grupos revoltosos, fez questão de visitar o forte e cedeu o título de Batalhão Acadêmico em 17 de março de 1894. Nesse período, Niterói ficou conhecida como “cidade invicta”, já que tinha lutado bravamente contra a oposição.
O forte conta com túneis subterrâneos, que além de proteger os soldados servia como um espaço para trânsito durante a movimentação de canhões, e é conhecida principalmente pela construção de uma bateria elevada, ou seja, um outro nível mais alto que facilitava a visualização da entrada dos inimigos e orientava as linhas de tiro e as baterias.
Foto: TVBrasil
A muralha e os portões do Forte foram tombados pelo Instituto Do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1938, e desde essa época havia uma mobilização popular para torná-lo um espaço de lazer e cultura. A partir de 1958, tornou- se a sede da Segunda Brigada de Infantaria Organizada.
Atualmente o forte pertence à Artilharia Divisionária da Primeira Divisão de Exército, não havendo mais visitação, de acordo com um sargento do exército com identidade preservada. O espaço é sede do Órgão Pagador de Inativos e Pensionistas de Niterói, funcionando “para militares na reserva remunerada, esposas de militares, viúvas de militares e para dependentes em forma de documentação”, disse ele. Assim, o Forte do Gragoatá, que muitas vezes é esquecido em comparação com outros fortes e fortalezas da Baía de Guanabara, se tornou um símbolo de resistência e de força para a cidade de Niterói, tendo sua importância atual em garantir os direitos dos pensionistas do exército e um patrimônio artístico e histórico para os fluminenses.


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