Por Júlia Barbosa
Foto: Pinterest @laurenbalyssa
Delivery, play, pause, spoiler, internet fazem parte dos muitos exemplos de estrangeirismos que vigoram cada vez mais na língua portuguesa. Um termo importado rapidamente pelos brasileiros foi o “streaming” que, literalmente, significa transmissão. Durante uma pandemia essas plataformas acabam figurando mais do que o acesso a conteúdos sob demanda sem necessidade de download já que as atividades, incluindo o lazer e o estudo, ficam confinadas ao espaço doméstico. Muitos estudantes da UFF tiveram que trocar as calouradas e a "quintareira" pelos serviços de streaming em suas rotinas de isolamento social. Por isso, o Alô, Gragoatá! conversou com uffianos de diferentes cursos sobre como é a relação deles com aplicativos de música e audiovisual dentro de suas rotinas..
Natália Pereira, do segundo período de Jornalismo, conta que esse contato integral, principalmente com a música, não a prejudica em nada, salvo distraí-la um pouco dos seus afazeres, e considera que os benefícios são maiores:
"A música me ajuda em muitos momentos e está comigo praticamente 24h por dia. Ela que me dá ânimo para acordar de manhã, me dá um up durante a tarde para fazer as tarefas de casa e até mesmo para concentrar quando tenho algo da faculdade para fazer. Música é o meu café.”
O aumento da procura por plataformas de entretenimento foi significativo desde o começo do estabelecimento das primeiras medidas de segurança contra a COVID-19, em março de 2020. Uma amostra disso é o crescimento exponencial da Globoplay, que tornou-se o maior streaming do Brasil, acumulando mais de 20 milhões de assinantes e ultrapassando a já consolidada Netflix.
A recorrência a conteúdos em vídeo também tem um papel expressivo nos momentos de relaxamento. Lucas Muniz, que além de cursar Direito no período noturno na UFF, está no terceiro período de Cinema na PUC-RJ, comenta que ter contato com filmes e séries é muito importante, principalmente, por pretender seguir carreira no campo do audiovisual e considera, inclusive que poderia ver filmes com mais frequência, mesmo com os dias tão ocupados.
Além do propósito recreativo, os serviços de streaming também podem servir como ferramenta e complemento para os estudos, como relata Biatriz Nunes, caloura de Ciências Biológicas:
“Desde a escola eu sempre consumi muito do YouTube para estudo, como videoaulas. Ainda mais agora, cursando biologia, tem muitos vídeos que te dão muito mais uma noção do que apenas imagens, né? Aí tem vídeos de microscopia que ajudam muito. Eu já cheguei a ouvir um podcast no Spotify da própria caderneta da faculdade. Para mim, é uma forma de estudo que eu uso mesmo e que tem muita qualidade, inclusive.”
Por conta da mudança das aulas para o período remoto, alunos e professores da universidade precisaram adaptar-se dentro dos requisitos síncronos e assíncronos. Uma alternativa didática dentro das restrições da sala de aula virtual é a prescrição de conteúdos presentes em plataformas de streaming para a realização de trabalhos e debates. Os estudantes consultados informaram que foram orientados pelo menos uma vez a realizar alguma atividade baseada em alguma produção presente em um serviço do gênero e consideram tal abordagem como positiva.
“Eu realmente acho que agrega muito no aprendizado, porque você pode passar um filme, um documentário. Como cada aluno, cada pessoa absorve aquilo de uma forma diferente acaba gerando mais debate e eu acho, também, que aquilo ali serve pra pra você conseguir observar melhor as situações do conteúdo.” Acrescentou Biatriz.
Um empecilho que precisa ser levado em conta, sobretudo em uma faculdade pública, são as condições de acesso dos estudantes a essas plataformas. Natália informou que a realização de um trabalho avaliado durante o primeiro semestre remoto dependia de um documentário disponível no Canais Globo, que requer assinatura em algum pacote de TV à cabo. Por isso, a turma precisou recorrer a outras formas para assistí-lo.
Como graduando na rede pública e privada, Lucas acredita que, em ambas, as opções possíveis para contemplar todos os alunos seriam a disponibilização desses materiais pelo próprio professor ou a não obrigatoriedade desse tipo de atividade, quando assíncrona. Ele ainda completa, destacando a importância do relacionamento do ensino e da arte, incluindo o que disponibilizado pelos serviços de streaming:
“Acho que a arte, em geral, é uma fonte muito rica de relações com as percepções de mundo mesmo, né? Então, quando você estuda uma matéria, ainda mais em faculdades de humanas - é muito possível que existam filmes, séries, músicas que você possa relacionar um determinado tema. Usar a arte como embasamento serve tanto para fundamentar um trabalho acadêmico, por exemplo, quanto para você entender e absorver melhor um assunto. Realmente é algo que enriquece muito.”
Parabéns Júlia! Excelente texto!!
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