Por Lara Diana
Foto: Instagram @sergiofotos
A pandemia da COVID-19 afetou a vida daqueles que tinham a fotografia como único trabalho e fonte de renda. O Alô, Gragoatá conversou com o fotógrafo Sergio Lopes para saber um pouco mais sobre como foi o processo de adaptação e as dificuldades enfrentadas como profissional nesse período.
Sergio começou a fotografar de forma profissional em 2019, 4 meses antes da pandemia, depois de anos já se interessando pela área. Começou com retratos femininos, mas atualmente também fotografa família, casais, formaturas. Ele conta: “Era uma paixão que eu já tinha pelos programas de edição e pela fotografia em si, que é uma forma de você, igual no retrato feminino, realçar a beleza de outra forma. A beleza já está ali e a gente realça, a pessoa consegue se enxergar de uma outra forma, de outros olhos”.
Quando a pandemia chegou no Brasil, Sergio conta que parou completamente o trabalho que estava fazendo, ficando de março até setembro de 2020 sem sair de casa para fotografar presencialmente. Ele diz que ficou perdido, sem saber como reagir, e ficou em casa tratando fotos de ensaios antigos e conhecendo outros fotógrafos online que passavam pela mesma situação: “Eu poderia ter continuado trabalhando, vi muitos fotógrafos da minha cidade que continuaram trabalhando e tudo mais, só que eu realmente tinha consciência que eu iria aguentar até onde desse, mesmo que atrasasse conta pra pagar. [...] É que é realmente melhor a conta atrasar e a gente se virar, do que mortes acontecerem”.
Como parte da adaptação ao período que o país passava, o fotógrafo fez ensaios virtuais: uma forma encontrada de continuar registrando os momentos, mesmo com a distância: “O que me salvou foram os ensaios virtuais em questão financeira, porque consegui atingir gente de vários lugares, fiz ensaio até de gente da Argentina que acabava me achando por hashtag”. Sergio diz que viu a tendência começar fora do país, mas que, na região de Itaperuna – RJ, foi ele quem começou a fazer, em torno de maio de 2020. Esses ensaios poderiam ser feitos por plataformas como Skype, Zoom ou Facetime, nos quais ele guiava todo o processo da foto, e depois tratava as fotos da mesma forma que fazia com os ensaios presenciais.
Mesmo sendo à distância, o trabalho era quase o mesmo: ele pedia um vídeo do local disponível para as fotos e escolhia os pontos específicos para os ensaios, definia o estilo de ensaio que a cliente gostaria, auxiliando até com a escolha dos looks, e direcionava a forma como as fotos seriam tiradas. Depois, ele usava um aplicativo que melhorava a qualidade das imagens e tratava as fotos, com tratamento de cor e pele.
Em setembro de 2020, Sergio voltou a fazer os ensaios presenciais: “Eu tentei ao máximo ficar em casa, mas realmente já não tinha como. [...] Mas depois eu tive que voltar a fotografar e eu tive que voltar, obviamente, respeitando as normas”.
Atualmente, os ensaios são feitos com uso de máscara constante: ele, como fotógrafo, nunca remove a máscara e sempre pede para as clientes usarem quando não estão batendo as fotos. No fim do ensaio faz-se o uso de álcool em gel. Ele conta que sempre carrega o álcool na bolsa para quando o ensaio terminar e, mesmo assim, sem contato. O mais próximo que chega das clientes é para fotografar e logo se afasta.
Quando perguntado sobre as principais diferenças que sentiu com relação ao trabalho que fazia antes e durante a pandemia, respondeu: “A grande diferença é o contato, a energia. Ainda assim, a gente consegue rir, se divertir, e tudo mais, mas ainda assim é diferente. Porque, às vezes, eu tô pedindo para a pessoa fazer alguma feição específica no rosto e, às vezes, eu esqueço que eu tô de máscara, então tenho que falar ‘por baixo da máscara eu tô dando um leve sorriso’, porque eu esqueço que a pessoa não tá me vendo”.
Para ele, a fotografia, e principalmente o nicho de retrato feminino em que trabalha, mexe muito com a autoestima, e já trouxe muitos depoimentos de pessoas que se viram de outra forma pelas lentes da câmera: “Mas o valor emocional especial que tem neste momento de pandemia é exatamente isso, é trazer a energia da pessoa de volta, trazer ela de volta para ela mesma”.
Foto: Arquivo pessoal de Giulia Navarro
Giulia, que trabalha com fotos de ensaios em seu instagram, conta que os lugares para os ensaios devem ser escolhidos previamente, fazendo parceria com os locais, como restaurantes ou hotéis, para fotografar nos espaços vazios que são reservados para as fotos: “Não posso chegar em um lugar e já pedir para tirar foto, porque aí eu vou me colocar em risco, porque eu vou estar sem máscara para a foto”.
Para Valentina Borges, uma das clientes que foram fotografadas por Sergio nesse período, o ensaio foi uma experiência muito especial: “Eu tô em plena pandemia e presa dentro de casa, e o ensaio eu acho que ajudou muito na minha saúde mental, me distrair com alguma coisa, fazer alguma coisa. E melhora minha autoestima, me ajuda nesse âmbito comigo mesma.”
Mais informações
Instagram do Sergio: https://www.instagram.com/sergiofotos
Instagram da Giulia: https://www.instagram.com/agiulianavarro
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