Google encerra parceria do drive ilimitado com as universidades

A Universidade Federal Fluminense (UFF) é uma das mais afetadas com o fim do acordo

Por Kézya Alexandra

Foto: Reprodução site MacMagazine

O Google Drive é um software que oferece serviço de armazenamento e sincronização de arquivos na nuvem do Google. Além de possibilitar o acesso e compartilhamento de PDFS, fotos e vídeos, o drive reúne em um só lugar outras plataformas da própria fabricante, como o Google Docs e o Google Slides. A ferramenta, que é integrada ao Google Workspace, passou a ser ofertada, em 2016, gratuitamente e com espaço ilimitado, às universidades brasileiras, entre elas, a UFF. No entanto, essa parceria chega ao fim em julho do ano que vem. 

Em maio deste ano, as universidades brasileiras receberam um aviso de que o Google encerrará, em julho de 2022, o serviço de drive infinito, disponibilizando apenas 100TB para dividir entre todos os usuários. A UFF, que possui mais de 110.141 usuários com acesso ao drive, será uma das mais prejudicadas: menos de 1GB disponível para cada um desses. A justificativa da empresa é de que o recurso não estaria sendo utilizado de maneira otimizada, já que muitos usavam para manter arquivos pessoais, e os gestores das instituições não possuíam mecanismos para administrar essa questão. O dirigente da STI (Superintendência de Tecnologia e Informação) da UFF, Hélcio Rocha, diz que a instituição já está estudando outras opções para armazenamento dos arquivos da comunidade, tanto para docentes, quanto para discentes e técnicos-administrativos.

Uma das alternativas, segundo Hélcio, é o convênio que a UFF tem com Microsoft, que oferece, pelo OneDrive, uma plataforma similar a do Google, 5TB por usuário. Ele diz também que estão estudando a possibilidade de um armazenamento dentro do próprio data center da universidade mantido pela STI, no entanto, seria uma opção “um pouco mais difícil”, levando em conta o preço do disco e os backups necessários. 

Para o professor do departamento de Comunicação Social, Marcos Schneider, que nunca foi a favor da parceria do Google com as Universidades Públicas, alternativas como essa de armazenamento próprio deveriam ter sido implantadas desde o início, principalmente por uma questão de segurança. “Mas sei que é difícil no atual cenário político do país, cujo governo declara-se inimigo do ensino público e do investimento público no ensino, na pesquisa e na extensão”, contrapõe o docente.

Além disso, o dirigente informa que a STI tem participado dos fóruns de discussões, tanto no Colégio Nacional de diretores de TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) das IFFs, quanto na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), com o objetivo de formular melhores propostas de preço para que as instituições possam aderir a uma contratação paga em conjunto. Pagar sozinha por mais espaço na nuvem do Google não é a opção mais viável economicamente para a UFF, como ele afirma, visto que cada plano corporativo sairia a 17 reais por aluno, somando aproximadamente mais de um milhão e meio de reais para a universidade toda. 

Embora o acordo tenha sido feito em 2016, o drive só se tornou uma ferramenta pedagógica essencial com a adoção do ensino remoto devido à pandemia, como afirma a graduanda em engenharia de produção da UFF Lyvia Anastácio, que estava acostumada a tirar xerox do material e a usar pendrives para salvar arquivos da faculdade no presencial, e hoje, no EAD, faz uso exclusivo da plataforma. Já sua irmã, estudante de direito da UFF, Lara Anastácio, que ingressou na faculdade diretamente na modalidade a distância, só tem o costume de usar o drive. Ela afirma que esse uso se tornará uma dependência, principalmente para os alunos, mesmo com a volta do ensino tradicional.  

O ponto mais importante, como destaca Lara, é a acessibilidade que o armazenamento em nuvem proporciona. Se precisasse usar os métodos antigos, como sua irmã, ou pagar por uma plataforma semelhante à em questão, ela diz que teria que “se virar de outra forma”, pois no momento não pode arcar com mais despesas. Assim como a estudante de direito, muitos discentes de cursos os quais têm materiais extensos, como letras e medicina, encontram no drive uma oportunidade de acessá-los com maior facilidade e de mantê-los em segurança. 

Integrar ferramentas tecnológicas à educação, a fim de facilitar os processos de ensino e aprendizagem, é um desafio constante para as escolas e universidades. Por isso, a UFF segue buscando a melhor alternativa para lidar com a limitação do drive. Em nota, a universidade afirma que o ensino remoto não será prejudicado pelo fim do acordo e reforça o prazo para que professores e alunos organizem seus arquivos o quanto antes. 



Comentários

  1. Gente, no 3° parágrafo parece que cortou o artigo a. Era “que a UFF tem com a Microsoft” :)

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