Os desafios da Educação Física no ensino a distância

Devido à pandemia do novo coronavírus, a disciplina precisou se adaptar aos limites da tecnologia

Por Beatriz Riscado


Foto: Reprodução/ Liceu Botucatu

Com a expansão da Covid-19 no último ano, inúmeras atividades cotidianas foram obrigadas a entrar nos moldes do distanciamento social. Ir à escola foi uma delas. O sistema de ensino à distância, realizado via plataformas online, substituiu as práticas presenciais e ganhou considerável destaque ao redor do mundo, fazendo com que houvesse uma forçada adaptação e dependência da tecnologia. A Educação Física, que necessita de espaço, movimentação e contato, foi uma das disciplinas que mais sofreram com o impacto do modelo remoto. Como contou Pamela Riscado, professora da rede privada de Macaé-RJ, tanto os professores quanto os alunos encontraram dificuldades na hora das aulas.


“A maior dificuldade foi fazer com que as crianças se mantivessem ativas e motivadas a fazer a aula, elas ficam muito desmotivadas e desanimadas em fazer qualquer atividade. Já rola uma exaustão por conta das outras disciplinas, então quando chegam nas aulas de educação física não querem fazer nada”, disse ao blog Alô, Gragoatá!. 

Pamela também explicou que seu método de abordagem precisa ser o mais simples possível e com materiais alternativos que todos têm acesso em casa. Devido ao afastamento do ambiente escolar, as atividades sofreram modificações e anulações, lançando a ela e aos demais professores o desafio de desenvolver novas dinâmicas que se adequem ao momento. “O planejamento das aulas também é muito difícil, encontrar atividades e brincadeiras para despertar o interesse dos alunos. Procuro levar a atividade física de forma recreativa, proporcionando uma aula descontraída mas ao mesmo tempo funcional”, explicou a professora.


João Pedro Cardoso, de 15 anos, também enxerga complicações em suas aulas de educação física. Segundo ele, suas atividades se baseiam em responder questões do livro didático e explicar o que entendeu dos vídeos passados pela professora. Não há presença de exercícios físicos desde o início do ano letivo. “No ano passado, teve umas duas ou três vezes [exercícios físicos], para gravar e mandar. Esse ano ainda não teve”, contou João.


Ele, que é aluno do primeiro ano do ensino médio, ama futebol e sempre que  pode, joga sozinho ou com o irmão no quintal de casa. No ensino presencial, tal atividade era a sua preferida nas aulas de educação física. “Para ser sincero, eu fico feliz em não ter que me gravar fazendo atividade física. Mas preferia presencialmente, quando podia jogar bola, o que eu sempre gostei muito. E fazer outras atividades também”, relatou.


A pandemia e o distanciamento social ainda não têm prazo final, mas, com o avanço da vacinação, algumas medidas começaram a ser flexibilizadas ao redor do país. O Colégio Barroco Lopes, onde Pamela leciona, retornou parcialmente com suas aulas presenciais, mas, ainda assim, a professora precisa continuar com as atividades remotas. “A forma como estão acontecendo as aulas é difícil e cansativa, porque estamos tendo que dar aula online e presencial ao mesmo tempo. Então criar algo em que eu consiga atender aos dois públicos é exaustivo, a qualidade não é a mesma. Minha expectativa é que todos os alunos fiquem de forma presencial para que eu consiga dar uma aula melhor, com mais qualidade. Eles precisam disso”, revelou.


Já João Pedro, quando questionado sobre suas expectativas para a volta da prática presencial, não escondeu sua paixão pelo esporte. “Me imagino jogando normalmente, como era antes. Quero com certeza jogar futebol”, concluiu.


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