Os formandos da UFF na pandemia: alívio e incertezas

 Por Letícia Simeão

Foto: Arquivo pessoal de Brenda Porto (Apresentação de TCC)


A formatura: o momento mais aguardado por qualquer estudante se mostrou ainda mais desafiador. Além do fantasma do TCC que preocupa alunos e professores, a pandemia multiplicou as angústias, e a implantação do período remoto adiou muitos planos. Na impossibilidade de ocorrerem festas ou cerimônias, as celebrações tiveram que ser adiadas e até mesmo a banca teve que passar por adaptações.


Para muitos alunos não faltaram dificuldades nessa reta final. Enquanto uma doença inesperada vitimava tantas pessoas e o isolamento não parecia ter previsão de fim, esses alunos da UFF viram sua vida mudar do dia para a noite. Agora, com os olhos voltados exclusivamente para as telas, suas casas se transformaram em seu ambiente de estudo e também de trabalho. A falta de concentração, perda de foco e exaustão física e emocional se tornaram recorrentes e fez com que alunos como a Isabela Evaristo, de jornalismo, pensasse em desistir muitas vezes. Outro problema foi a ausência do ambiente acadêmico e todas as trocas e experiências proporcionadas por ele. Um período solitário em muitos sentidos. 


Em contrapartida, há quem encontre vantagens nisso tudo. Para alguns alunos o período em casa foi produtivo, principalmente para aqueles que moram longe, a economia de tempo gasto no trajeto e a flexibilização de horários possibilitou uma maior dedicação. Daniel Walker, aluno de ciências contábeis, cita como vantagem na sua adaptação o menor desgaste físico causado pelo deslocamento entre casa, faculdade e trabalho. “Pude me dedicar mais a minha monografia por não perder tanto tempo no trânsito", reitera Gleice Neves, que se formou em antropologia no período passado.


A fim de minimizar os impactos negativos, as coordenações de alguns cursos do Departamento de Comunicação flexibilizaram algumas normas de TCC. Por compreender o aumento da carga que o aluno acumulou nesse período e a menor disponibilidade de tempo para produzir um trabalho de qualidade, foram adotadas algumas medidas como a redução do seu tamanho e a possibilidade de mudança do formato de uma monografia para um artigo. De acordo com a professora Lua Inocêncio é necessária uma melhor compreensão do cenário enfrentado pelos alunos. A docente diz que existe também uma demanda maior por acolhimento emocional por parte dos estudantes, o que torna todos os trabalhos concluídos emocionantes.


Um fenômeno proveniente desse novo formato onde as apresentações de TCC acontecem pela plataforma do Google Meet é o crescimento da presença de alunos nas bancas. Com a possibilidade de divulgar esses trabalhos com uma maior antecedência o instagram da Comunicação Social da UFF (@comunicacaouff) consegue atrair um público maior de interessados nos temas e em prestar apoio aos colegas. 


Foto: instagram.com/comunicacaouff/ 


Cada aluno teve uma vivência única, com trajetórias e obstáculos diferentes. Como no caso da Débora Moreira, que atravessou greves e ocupações e após um trancamento e retorno enfrentou uma pandemia para se formar em jornalismo. Sem direito a muitas comemorações entre amigos e família e ainda sem a marcante colação de grau e nem a simbólica sessão de fotos vestindo a beca é assim que esses discentes concluem essa etapa tão importante de suas vidas, aguardando um momento melhor para celebrar o tão sonhado diploma. Essa é a realidade de muitos estudantes, mas no fim das contas todos encerram esse ciclo sabendo que venceram seus fantasmas e mesmo num período de tantas incertezas podem respirar aliviados. 


   Foto: Arquivo pessoal de Débora Moreira


Comentários