Em meio a cortes de verbas, universidade mantém excelência em ensino e garante 14 vitórias no maior congresso de comunicação realizado no Brasil
Por Cristiana Souza
A Universidade Federal Fluminense (UFF) foi a instituição com mais trabalhos finalistas para a etapa nacional do Prêmio Expocom. A Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação é um prêmio destinado a valorização dos trabalhos produzidos por estudantes da área. O prêmio é dividido em três etapas: local, regional e nacional. É organizado pelo Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), uma entidade criada desde 1977 sem fins lucrativos e que tem o intuito de promover a troca de conhecimentos entre pesquisadores e profissionais atuantes no mercado.
Neste ano ocorre o 44º evento desse maior Congresso Brasileiro de Comunicação, que conta com o apoio institucional da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), com o tema: "Comunicação e resistência: práticas de liberdade para a cidadania". O aluno que concorre ao prêmio deve estar inscrito no congresso, e, uma vez inscrito, tem o direito a participar da cerimônia de abertura, encerramento e mesas de debate no campo comunicacional.
Na primeira quarta-feira (04) do mês de agosto, 14 alunos da UFF se tornaram finalistas no prêmio Expocom. Seus trabalhos submetidos concorreram nas categorias de Publicidade e Propaganda, Cinema e Audiovisual, Jornalismo e produção transdisciplinar.
Em meio a cortes de verbas e a situação difícil com a atual pandemia, a universidade conseguiu manter excelência de ensino com as vitórias obtidas na etapa regional do Expocom, pelo esforço conjunto: professores e alunos de graduação.
Em entrevista com uma das integrantes da comissão Expocom na UFF, Lua Inocêncio, conta que essas conquistas significam “resistência criativa e produtiva dos alunos” no contexto de restrição de verbas universitárias para manutenção do espaço da faculdade.
Coordenadora também do LACCRI (Laboratório de Comunicação, Criação Digital e Inovação), Inocêncio fala sobre o laboratório que possui mais duas outras componentes: Andrea Medrado e Maíra Lacerda. O laboratório surgiu da percepção que disciplinas como: Direção de Arte, Comunicação e Criação Digital e Processos Criativos do curso de comunicação possuíam uma inter-relação entre elas, tendo a ideia de estruturar melhor como projeto de extensão. Ela acrescenta que o LACCRI é uma agência experimental com formato de laboratório que simula o ambiente profissional. Enfatiza também que é o projeto que nacionalmente teve mais trabalhos vencedores, além de ser bastante válido para os alunos com experiência, portfólio e capacitação técnica e reflexiva para o mercado.
Docente há quase quatro anos na instituição, ela conta que a UFF foi a universidade com maior número de trabalhos finalistas do Brasil, sendo 34 ao todo. Conclui dizendo que esse resultado significa muito pelo fato de concorrer com universidades de grande porte estrutural.
Em entrevista, a finalista do prêmio na modalidade agência júnior, Hemilly Carvalheira, dá ênfase à importância que a agência experimental teve na sua vitória na etapa regional. A estudante de publicidade afirma que isso auxiliou bastante no seu crescimento pessoal, a desenvolver a confiança na capacidade de realização de excelentes trabalhos, apesar de ainda “ser iniciante”, como ela diz. “É onde os alunos têm oportunidade de criar conteúdo, pensar na melhor forma de atingir o público alvo”, completa Hemilly.
A aluna-líder fez parte de 4 trabalhos inseridos na seção do LACCRI como produtora de conteúdo. Ela conta que todos os trabalhos foram realizados durante o período remoto e narra um pouco das dificuldades passadas durante a execução, como a falta de material, tendo que buscar programas de edição e design alternativos grátis para continuar produzindo. Relata ainda, o esforço dobrado que teve para manter o mesmo nível de antes devido à dificuldade de concentração para realização do trabalho dentro de casa.
Moradora de um bairro pequeno na zona oeste do Rio de Janeiro, Hemilly define a conquista nessa etapa regional com duas palavras: "orgulho e intensidade”. Orgulho de saber que representa a UFF que, embora enfrente obstáculos como a falta de incentivo em infraestrutura para universidade, obtém resultados como esse que mostram o potencial que a instituição de ensino público tem, tanto quanto uma instituição privada. E intensidade pela dedicação posta nos trabalhos “demos o sangue”.
Cheia de expectativas para uma possível vitória na etapa nacional, ela acrescenta que está ansiosa e independente do resultado está muito grata de ter sido a representante “da imensa UFF” no regional, e sente que com a agência LACCRI só tende ao sucesso “já somos a maior do sudeste!”.
Slide da apresentação para etapa regional do prêmio Expocom Sudeste. Foto: Arquivo pessoal Hemilly Carvalheira.
Já na categoria Jornalismo, a UFF teve dois finalistas, Yuri Neri na modalidade de reportagem em Áudio/Radiojornalismo e Giovana Rodrigues na modalidade de Reportagem em Vídeo/Telejornalismo, que apresentou seu trabalho” O novo casamenteiro: o uso dos aplicativos de namoro UFF”.
A estudante de apenas 20 anos, do quinto período do curso, afirma que é a primeira vez que submete seu trabalho e é finalista ao prêmio Expocom e que não tinha conhecimento anterior dessa premiação. Ela comenta que seu trabalho foi feito no primeiro semestre deste ano, em grupo, com outros dois integrantes: Mariana Moura e Lucas Kelly.
A reportagem audiovisual foi produzida nas disciplinas de Oficina de Telejornalismo e Introdução ao Telejornalismo Televisivo, disciplinas integradas sob a orientação da professora Renata Rezende e dois monitores: Gabriela e Robson. O motivo da escolha do tema foi trazer uma pauta que fosse relevante e atual, pouco discutida pela mídia, que permitisse explorar o máximo de seu aprendizado, além da possibilidade de gravação de imagens de cobertura próprias para o vídeo, sendo um “diferencial na pandemia, pois a maioria utiliza de imagens da internet e não imagens próprias”.
Quando perguntada sobre o processo de realização do trabalho, a aluna-líder afirma que percebeu grande diferença na execução feita durante essa pandemia. Encontrou dificuldades na “deficiência de equipamentos”, como a falta de computadores com acesso a programas específicos para edição das filmagens, além de não possuir uma câmera profissional e um microfone para captação de áudio e vídeo de qualidade.
Contudo, ela afirma que esse “entrave” seja um momento de adaptação e de colocar em prática a improvisação e criatividade. Em vez de usar uma câmera profissional foi utilizada a imagem do celular. “Não é a mesma coisa, mas a alternativa foi aproveitar o máximo da luz natural”. Acrescenta também, que a parte mais difícil foi durante as entrevistas, devido à “baixa qualidade das plataformas” e a oscilação da internet, perdendo, por vezes, áudios e imagens relevantes para compor a matéria.
A estudante de Jornalismo atribui o mérito da sua vitória a uma força grupal: monitores, orientadores e organizadores da comissão. Cada um a ajudou, desde a elaboração da defesa escrita, passando pela orientação e dicas gerais para a submissão do trabalho, até o incentivo dado pelos monitores. Por fim, exalta que essa vitória é bem gratificante para si, devido ao reconhecimento do seu esforço dedicado ao trabalho e que esse resultado mostra que a universidade “é muito mais que bagunça, é um local de produção”.
Reportagem audiovisual finalista ao prêmio Expocom. (https://youtu.be/hdhg1n1B2Os) Foto: Retirada do site Youtube
Em sonora com professor das disciplinas de Jornalismo e também integrante da comissão Local do Prêmio Expocom desde 2019, Pedro Aguiar atribui todo o merecimento da vitória à qualidade de ensino teórico e prático e dos trabalhos incríveis dos alunos. Ele afirma também estar na torcida para a conquista do prêmio na etapa nacional.
O docente conta que o número de trabalhos inscritos na UFF para o Expocom deu um salto durante a pandemia, em especial, os trabalhos em formato de áudio. Ele alega que esse crescimento vem da necessidade de familiarização “com a produção e também com o consumo de conteúdos jornalísticos e publicitários digitais, como podcasts e vídeos curtos, tipo os do TikTok.”
É importante destacar que o LACCRI não é o único que oferece essa proximidade de uma vivência profissional. Há outros projetos experimentais como: Dissemina (que visa reduzir os efeitos do racismo estrutural na mídia), Universidade no Ar (projeto que veicula programas radiofônicos de cinco minutos feitos pelos estudantes de Jornalismo) e o LIEX (Laboratório de Imagens Expandidas). Ambos auxiliam nesse processo do desenvolvimento do aluno, dando o devido mérito a todos.
Cabe ainda ressaltar que os finalistas da etapa regional, agora, seguem para a etapa nacional e a premiação online está prevista para ocorrer no dia 9 de outubro, às 18h30.
Acesse o link abaixo e confira a lista completa de alunos que representaram a instituição UFF e são finalistas na etapa regional (Sudeste) do 28º Prêmio Expocom:
https://www.portalintercom.org.br/uploads/wysiwyg/vencedores-expocom-sudeste-2021.pdf
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