Rio de Janeiro e Niterói lidam de maneira diferente com a possibilidade de volta do público aos eventos esportivos
Por Gabriel Gomes
Foto: Reprodução A Voz da Serra
Em março de 2020, com a chegada do vírus da COVID-19 no país, diversas prefeituras, dentre elas a do Rio e a de Niterói, decretaram medidas restritivas, como a proibição de público em eventos esportivos. Agora, com o avanço da vacinação, a volta de torcedores aos palcos desses eventos começa a ser discutida.
No dia 29 de Julho, quarta-feira, a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou, em entrevista coletiva com o prefeito Eduardo Paes(PSD) e o Secretário de Saúde Daniel Soranz, que, diante do avanço da vacinação na cidade, a partir do dia 2 de Setembro, o público poderia voltar aos eventos esportivos realizados na cidade. Já no outro lado da Baía de Guanabara, na cidade de Niterói, a Prefeitura não pensa, ainda, em liberar a presença de público nesses eventos.
Na capital, que possui diversos equipamentos esportivos, como os estádios do Maracanã, São Januário e Nilton Santos e o Ginásio Gilberto Cardoso, a pressão pela volta de torcedores vem, principalmente, do futebol. O Flamengo, clube mais popular da cidade, depois de pleitear, sem sucesso, algumas vezes, o retorno do público no Rio de Janeiro, mandou seus últimos jogos, com presença de público, na Copa Libertadores da América em Brasília-DF.
Foto: Alexandre Vidal/Flamengo
Diante dessa postura do clube da Gávea, alguns rubro-negros se manifestam. “O meu próprio time, que é o Flamengo, está pressionando absurdamente pela volta aos estádios, enquanto os outros, não. Eu acho que os outros estão certos porque é uma pressão desnecessária, tem que ir na calma, tem que ir na segurança, parece que tá pensando mais assim ‘ah quero ter a tua segurança do que quero as pessoas saudáveis e seguras’”, afirmou Daniel Jorge, estudante de física na UFF e rubro-negro apaixonado, em entrevista ao blog Alô, Gragoatá!
Porém, no último mês, o retorno parece ter ficado mais próximo. O prefeito Eduardo Paes(PSD), em coletiva de imprensa, anunciou que pretende, a partir do dia 2 de Setembro, liberar a presença de torcedores nos estádio com 50% da capacidade e, posteriormente, no dia 13 de Outubro, com lotação máxima.
“Nesse momento, eu acho bem inviável a volta do povo aos estádios, mesmo em proporções menores. Eu acho meio desnecessário, no cenário atual, porque sempre que parece que as coisas estão caminhando bem para diminuir essa pandemia terrível, quando tentam liberar mais as coisas, só causa mais problemas, aumenta os casos e depois, proíbe de novo. Então, eu prefiro que volte o público quando realmente a situação estiver completamente estável e segura”, disse Daniel.
Já na Cidade Sorriso, Niterói, a Prefeitura, comandada por Axel Grael(PDT), adota outra postura. A cidade, que abriga também alguns aparelhos esportivos, não anunciou qualquer data e/ou previsão para volta do público.
Um dos aparelhos esportivos mais conhecidos da cidade, o Complexo Esportivo Caio Martins, funciona parcialmente em meio à pandemia. O parque aquático, por exemplo, teve os projetos sociais que ali funcionam paralisados. Já a parte do estádio, sob concessão do Botafogo até 2023, abriga alguns jogos da base e do futebol feminino do clube.
Foto: Reprodução Brasil de Fato
Torcedor do Botafogo, estudante de jornalismo da UFF e presença frequente em estádios, Bernardo Pinho falou sobre a volta do público: “ A volta do público nos estádios hoje é uma sandice. A gente tem uma variante delta aí que não para de crescer e o Rio tá sendo muito afetado, a gente tem cada dia mais notícias alarmantes em relação a contaminação dessa variante e, mesmo com a vacinação avançando, ainda não é o momento né?”.
Mesmo assim, sente saudades de acompanhar o Botafogo no Caio Martins, que já abrigou, antigamente, diversos jogos do time principal do alvinegro. “Seria um dos meus passa- tempos em Niterói acompanhar a base e o futebol feminino do Botafogo, que vem crescendo muito nos últimos anos. Então, com certeza, eu estaria lá pra dar um apoio e também para conhecer os jogadores”, disse Bernardo.
Seja no Rio de Janeiro, em Niterói ou em qualquer lugar, a falta de público em eventos esportivos, como o futebol, é muito sentida. Daniel Jorge declara: “A torcida faz muita falta no futebol porque o que seria do futebol sem a sua torcida, sabe? Não tem, tipo assim, tudo bem que existe apoio ainda de outras formas, pelas redes sociais, mas, o estádio sem torcida não é a mesma coisa.” E Bernardo Pinho completa: “A torcida incendeia o estádio, dando combustível pros jogadores e é o que sustenta os clubes né? A torcida, no futebol, é tudo, sem a torcida, não tem futebol, não tem graça, não tem emoção, tanto que os clubes adotam a medida de usar a caixa de som para simular a torcida porque sem a torcida perde a magia, né?”.
Texto excelente.
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