Como o amor pelo esporte aproxima pais e filhos

Estudantes da UFF contam como o amor pelos quatro cariocas os aproximaram de seus pais e mães

Por Fernanda Vicente


Foto: Reprodução https://www.guiadeniteroi.com/


‘Se hoje tratamos sobre os mais diversos assuntos e podemos estabelecer essa relação tão boa entre pai e filha, foi graças ao futebol.’ Com esta expressão, Maria Amanda, estudante de jornalismo na UFF, descreve a importância do esporte na relação entre ela e o seu pai. O esporte é conhecido internacionalmente por unir e criar laços entre as mais diversas pessoas, e na relação familiar, a história não é diferente. 


Para João Pedro Leal, estudante de publicidade na UFF, o Vasco teve papel fundamental na construção da relação dele com seu pai, que também se chama João.


 Foto: Arquivo pessoal de João Pedro


Quanto mais o Vasco ia ganhando espaço no meu coração, mais eu buscava meu pai pra falar sobre, torcer junto, pedir pra ir em estádio e, meio sem perceber, quase que por acidente, fui ficando cada vez mais íntimo dele também, passando a enxergar o velho como meu melhor amigo, de fatodiz João.


O estudante relatou que não tem nada em comum com seu pai e que desde sempre foram muito diferentes, mas o momento de encontro e conexão com ele é, na maioria das vezes, relacionado ao clube. 


E eu sei lá, acho que não consigo só simplesmente dizer que o Vasco me ajudou na relação com meu pai porque seria resumir muito isso tudo, na minha cabeça. O que eu sinto, é que minha relação com meu pai é o Vasco inteirinho, na sua mais pura essência, e quanto mais eu amo um, mais eu amo o outro. E é no meu peito que eu carrego e pretendo carregar os dois pelo resto da minha vida, juntinhos, um do lado do outro  – relata o futuro publicitário.


Para Ruann Lima, estudante de jornalismo na UFF, a história não é diferente. Esse relata que o Vasco foi de extrema importância para a construção de uma relação com seu pai, que por muitas vezes era distante. O estudante afirma que: “acho que a nossa relação seria muito mais fria se não fosse o vasco”. Ruann, que mora em Campina Grande, na Paraíba, e seu pai, que mora atualmente no Rio de Janeiro, sempre compartilham conversas sobre o clube, que é predominante no contato entre os dois.


Ele sabe o quanto eu sou fanático e acaba que quando se junta duas pessoas frias e tímidas não se tem muito o que conversar, menos quando algum dos dois solta na roda de conversa um "e o Vasco?" conta.


Foto: Arquivo pessoal de Ruann


Lucas Borges, também estudante da UFF, conta como o Flamengo e o esporte no geral foram determinantes para a sua boa relação com sua mãe, Claudia. O uffiano expõe que o clube era fator de aproximação quando era mais novo, mas que, hoje em dia, a paixão pelo esporte que une os dois.


O paraíso pra gente é ter um período com muitos esportes/jogos como as Olimpíadas ou a Copa, a gente simplesmente não sai da frente da televisão e troca ideia por horas sobre tudo que acontece relata. 


Foto: Arquivo pessoal de Lucas Borges


O estudante ainda complementa:


Nós vivemos duas vidas diferentes, ela com o trabalho dela, com os entendimentos dela, as amigas dela. Eu com meus estudos, com meus entendimentos e com meus amigos. Fora o trabalho de casa. Só que o esporte é a hora que a gente para, senta e conversa sobre, é a hora que a gente basicamente foge dos problemas do mundo e conversa sobre tudo que acontece, debate, diverge, discute e fala "eu entendo mais do que você". Acho que o esporte é o diferencial da relação que eu tenho com ela.


O também flamenguista Pedro Vinicius relata que a sua relação com a sua mãe também possui contato direto com o flamengo: “Eu era criança e aí comecei a assistir os jogos do Flamengo com minha mãe e isso se mantém até hoje [...] a união foi mais de ver ela assistindo aos jogos e aí eu passando a assistir com ela e entendendo o amor e carinho que ela tem pelo Flamengo”


Amanda, também possui esse amor pelo flamengo, apesar de o dividir com outro clube de futebol: o Fluminense. A estudante revela que torceu pelo rubro-negro pelos primeiros 18 anos de sua vida, mas sua relação com o clube esfriou, o que a fez se aproximar do tricolor carioca, clube de seu pai.


Foto: Arquivo pessoal de Amanda


Apesar do pai de Amanda nunca ter insistido para que a filha torcesse pelo mesmo time que ele, a estudante tomou essa decisão com 18 anos. 


E como o futebol é uma paixão, eu não posso simplesmente "escolher" parar de amar o Flamengo. Eu o amo mesmo com seus milhares de defeitos, mas isso esfriou e fez com que eu me aproximasse do Fluminense. e isso foi se intensificando e quando eu fui ver tava comemorando gol, comprando camisa e xingando quando perdia declarou a estudante.


Além disso, a torcedora diz que o futebol foi crucial no desenvolvimento da sua intimidade com seu pai, que acabou por avançar além do esporte.


O futebol é nosso ponto comum que é diferente de coisas corriqueiras. Por muito tempo, a gente só tinha o futebol como assunto, a gente se restringia a ele. Mas como o tempo foi passando e a gente amadurecendo, consigo ver que ele foi circunstancial para a relação de cumplicidade que temos hoje em dia. Futebol foi o que nos aproximou  –  conta.


Para Milena Tirre, estudante de publicidade na UFF, o clube que aumentou a cumplicidade entre ela e seu pai é o Botafogo.


Foto: Arquivo pessoal de Milena Tirre



Nós éramos muito próximos e parceiros, o Botafogo veio como mais um laço que construímos juntos, apoiar, acompanhar era algo que amávamos fazer, ainda mais juntos fazendo companhia um pro outro relatou.


Apesar do seu pai ter influenciado na sua paixão, foi Milena que também o aproximou do clube. A alvinegra contou que quando o time estava passando por uma fase difícil, ela buscava unir os dois e continuar essa relação de amor. Chamava seu pai para ir a jogos e apoiar cada vez mais o clube. A estudante ainda revela que tem diversas lembranças que incluem o pai e o Botafogo e que o alvinegro foi fundamental para a conexão dos dois.


Hoje em dia, 8 anos depois do meu pai ter morrido, é no estádio quando tô apoiando o Botafogo que sinto a gente mais conectado, mesmo ele não estando mais aqui. É uma emoção inexplicável, chego a ficar com os olhos cheios de lágrimas. Uma paixão que uniu a gente e nos fez viver inúmeros momentos juntos e que ficou como uma herança do amor que a gente sentia um pelo outro completou a torcedora.


Assim como a Milena, diversos outros brasileiros possuem uma herança familiar muito ligada aos clubes. O Brasil, país do futebol, ensina que o esporte pode ser muito mais do que apenas um jogo. Símbolo de união, o futebol aproxima distâncias e cria laços entre os tipos mais diferentes de pessoas. União que é considerada por muitos como a maior paixão que uma pessoa pode ter, aquela ligada ao seu clube do coração.


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