Em virtude dos vários problemas ambientais consumir conscientemente virou uma ordem
Por Jenyffer Vidal
“Menos é mais”, o novo jeito de consumir que virou tendência no mundo da moda. Hoje, vivemos em um movimento de adaptação no que diz respeito ao consumo, novos hábitos pautados na sustentabilidade estão ganhando cada vez mais força. Dessa forma, consumir em brechós que era considerado hábito de pessoas mais velhas, ou alternativa para quem não podia adquirir roupa nova, virou uma tendência, ou melhor, um estilo de vida, para todas as idades.
A origem do produto, os efeitos deste no meio ambiente, como será o descarte, são algumas das preocupações de consumidores com filosofias sustentáveis.
O consumo em massa trouxe um alto preço para o meio ambiente, pois a indústria têxtil é uma das mais poluentes do mundo. Segundo dados do relatório “A new textiles economy: Redesigning fashion 's future”, 500 bilhões de dólares são jogados fora com roupas pouco usadas, e que raramente são recicladas. A indústria têxtil, libera cerca de 1,2 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa no meio ambiente, por ano.
Para a Fashion Revolution, um movimento criado com objetivo de conscientizar sobre os impactos socioambientais do setor da moda, ao se fabricar uma calça jeans são gastos, em média, 10 mil litros de água.
Em entrevista ao blog “Alô Gragoatá!”, a professora de geografia Bruna Piraciaba, considera que o consumismo desenfreado tem trazido consequências preocupantes para o meio ambiente, e que “quanto mais a gente consome, maior é a produção por parte da indústria, maior é a pressão por recursos naturais, maior é a poluição atmosférica e maior é a produção de lixo e de resíduos [...] Nós vivemos em uma sociedade, em uma conjuntura atual que o consumir cada vez mais é estimulado a todo momento através de propagandas, das redes sociais em que consumimos não apenas para atender às nossas necessidades básicas de sobrevivência, mas queremos sempre algo mais atualizado, mais moderno.”
Além disso, a professora também ressaltou a diferença entre o consumo e o consumismo. “É importante destacar que não é o consumo em si que traz um impacto negativo, pois precisamos consumir para sobreviver. O cerne da questão é o consumismo, que é um consumo exagerado e inconsciente que acarreta impacto ambiental. E essa prática precisa ser repensada.”.
Essa preocupação com o meio ambiente fez com que brechós, como o da Helen Fraco, de Icaraí, Niterói, se tornassem cada vez mais comuns tanto em ambientes físicos como nos virtuais.
A empreendedora nos contou que começou a se conscientizar quando percebeu que consumia coisas desnecessárias, e que até mesmo a poluição visual começou a incomodá-la. “Comecei me desfazendo das minhas próprias roupas fazendo grandes doações. Depois segui para troca entre amigas, das peças que eram especiais. Da troca, iniciei a venda, fazendo encontros ainda com as amigas. Depois vieram as amigas das amigas, e assim seguiu. Com a pandemia os encontros se mantêm suspensos e a venda virtual é uma ferramenta que não tem mais volta pra gente. Super funciona!”
Peças vendidas pelo brechó O seu antigo pra mim é novo
Foto 2: Reprodução Instagram @oseuantiopramimenovo
A consultora de estilo, Aline Oliveira do @modasemfirula, falou da importância de conhecer seu próprio estilo e como dá para se vestir bem utilizando poucas peças. “Quanto mais você se conhece e fica segura do que gosta e do que te valoriza as chances de querer comprar algo novo toda hora diminuem e muito”, além disso, "Quanto menos peças você possui, maior sua criatividade na hora de montar os seus looks, menor risco de ter peças paradas no seu guarda-roupa [...] O meio ambiente e nosso bolso agradecem.”
Em consonância com esse pensamento, Bruna Gomes, estudante da UFF e uma consumidora de brechó desde a infância, falou ao blog que tem um estilo romântico, e “conhecer seu próprio estilo é essencial para fazer decisões de compra mais inteligentes e, dessa forma, consumir conscientemente. Consumir conscientemente é preferir peças que tenham qualidade e que possam durar muito tempo no seu armário.” Além disso, ela considera que vestir roupas usadas trazem um significado, “Tenho muitos vestidos que eram da minha avó na juventude e me sinto bastante conectada com ela através do estilo de vestir, além de serem roupas únicas que mais ninguém da minha idade usa.”
Bruna Gomes usando vestido comprado de brechó
Foto 3: Montagem por Jenyffer Vidal - arquivo pessoal Bruna Gomes
O mundo da moda é um poderoso sistema de comunicação, e através dele, atitudes como da Bruna Gomes e da Helen podem ser difundidas para ajudar na preservação do meio ambiente. Consumir conscientemente ultrapassa comprar em brechós, é entender o ciclo de vida de uma peça de roupa, é pensar a longo prazo, é ser humano.
Consumir conscientemente ajuda a se concentrar no que realmente importa e não esquecer que pequenas atitudes importam.
Amo comprinhas em brechó
ResponderExcluirsou super adepta ah comprar roupas em brechó acho as peças terem um valor histórico incrível.
ResponderExcluirEu amo brechó, além do consumo consciente, conseguimos achar peças incríveis que são atemporais .
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