Parceria da UFF com a Secretaria de Habitação promove a regularização fundiária em comunidades do Rio

Arquiteta do grande projeto “Favela Bairro” ressalta a importância de serem exercidos os direitos básicos de moradores de comunidades

Por Gabriel Campelo


Exemplo de projeto concretizado dentro da rocinha, integrando saúde, educação e lazer

Foto: Jorge Mário Jauregui


O projeto de regularização fundiária da Universidade Federal Fluminense, que promove ações urbanísticas em comunidades, possui apoio da secretaria de habitação do estado do Rio de Janeiro e tem como objetivo universalizar o acesso à urbanidade em suas comunidades. A parceria conta com arquitetos e urbanistas, para que dessa forma seja exercido o direito à cidadania dentro desses locais. 


Com o número de moradias irregulares no estado do Rio de Janeiro chegando a 700 mil, segundo dados do IBGE, o projeto, além de regularizar a moradia das casas nas comunidades, possui a proposta de intervir na infraestrutura para que as pessoas que residem nessas áreas possuam condições mais dignas de moradia, como saneamento básico e fácil acesso à saúde.  


A arquiteta Ruth Jurberg, que possui experiência com projetos urbanísticos renomados como o “Favela Bairro”, conta que: “o problema de regularização fundiária realmente é uma realidade presente em comunidades e projetos desse porte precisam estar aliados à políticas de cidadania, saúde, lazer e educação, para que nada seja feito de forma superficial”.


Rocinha - Rio de Janeiro, comunidade urbanizada pelo projeto favela bairro 

Foto: oglobo.com


Com áreas que pouco recebem investimentos governamentais do Estado, devido à falta de verba de órgãos como o Ministério de Desenvolvimento Regional, responsável pela questão de regularização de moradias, o Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFF busca soluções e tecnologias sociais para intervir nessa questão, que historicamente é um problema dos municípios do estado do Rio de Janeiro, como conta o professor do curso Pedro da Luz Moreira.

“O curso da escola de Arquitetura e Urbanismo da UFF desde sua fundação se caracteriza por interesse nas tecnologias sociais. A EAU-UFF (Escola de Artes e Urbanismo da UFF) possui nos seus quadros uma porcentagem de professores expressiva que problematiza o desenvolvimento da cidade brasileira e contemporânea, não aceitando sua naturalização, mas apontando seu caráter elitista e excludente, que precisa ser mudado”, afirma o professor. 


Com o desenvolvimento do curso, as características foram incrementadas a partir da forte demanda pelo tema da habitação nas cidades brasileiras, que permanecem com grandes contingentes populacionais os quais não possuem suas necessidades atendidas por nenhum ramo do mercado imobiliário. Dessa forma, é comum  as pessoas acreditarem que o Estado em si não fará nada a respeito dessa situação de segregação socioespacial, seja por falta de verba e interesse dos órgãos governamentais responsáveis, seja pela execução pela metade de projetos desse tipo. 


Sendo assim, o maior desafio para propor uma melhora nessa situação seria lidar com a falta de credibilidade para se relacionar com os moradores. Dessa maneira, além de intervir através de professores e alunos voluntários, o nome de uma Universidade Federal como a UFF traz mais confiança e crédito ao projeto, devido ao histórico de ajuda que a mesma possui com comunidades desde a criação do curso de Arquitetura e Urbanismo, como ressalta Ruth.


-Em meio a falta de credibilidade que muitas vezes é um problema para que haja relacionamento entre os moradores e desenvolvedores do Projeto, a UFF pode usar sua credibilidade em termos de pesquisa, para que o povo possa confiar no projeto, utilizando da ajuda de professores e alunos de um curso que exige que quem o faz tenha esse olhar de ajuda ao próximo.


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