Por Juliana Palmeirim
Foto 1: Capas dos livros mais divulgados nas mídias sociais em 2021
Reprodução: https://diaadianoticias.com.br/noticia/7496/
O isolamento social que há mais de um ano foi estabelecido como uma importante medida sanitária contra o Covid-19, trouxe também problemas como a ansiedade, o estresse em casa e a monotonia do EAD e do home office para a população de Niterói. Com isso, muitos passaram a buscar diferentes meios que funcionaram como uma válvula de escape e de conexão com outros indivíduos com os mesmos interesses que eles, o que promoveu o desenvolvimento do hábito de leitura e a intensa utilização das plataformas digitais.
No cenário da pandemia do Covid-19, muitos amantes de literatura se uniram aos influenciadores digitais e passaram a divulgar os seus interesses e opiniões nas redes online. Devido ao grande uso dessas mídias, principalmente pelos jovens, muitos começaram a conhecer e aderir mais ao hábito de leitura a partir dos livros com forte notoriedade entre esse público. Dessa forma, muitas pessoas, além de utilizarem a Internet para entretenimento, buscaram dar visibilidade aos diferentes universos literários.
De acordo com a engenheira de telecomunicações Larissa Perestrêlo, os livros, além de serem uma ótima forma de lazer, eles ajudam a desenvolver diversas habilidades como raciocínio, interpretação, vocabulário, e conhecimento sobre vários assuntos, o que os tornam uma alternativa para “tirar um descanso das telas” e, até mesmo, como “fuga da realidade atual”. Para ela, a conexão entre as mídias sociais e a literatura, seria uma tendência para os próximos anos: “Assim como as mídias hoje já influenciam padrões de beleza, moda e gostos musicais, elas também são capazes de inspirar o hábito da leitura nos jovens. Vejo isso de forma muito positiva.”
Diversos leitores passaram a usar plataformas online para alcançarem mais produções literárias durante o período de isolamento social. Isso se espelha também nos que consomem, principalmente, livros acadêmicos e que moram longe das universidades. A UFF possui atualmente 30 bibliotecas e um extenso acervo disponível online. A bibliotecária da Biblioteca do Instituto Biomédico da UFF Patrícia Mota afirma que “da pesquisa bibliográfica para um trabalho universitário a pesquisas cotidianas, como o uso de um medicamento, faz parte do importante hábito de ler que foi muito instigado pelas mídias sociais”. Com as aulas à distância, os materiais didáticos passaram a ser mais online e, com isso, ela explicou que “a leitura online não é linear como a leitura de um livro impresso ou em pdf” mas, ao mesmo tempo, acredita que “a tendência agora talvez seja essa, pois isso facilita pessoas que não poderiam estar fisicamente no mesmo lugar. Além de ser mais barato.”
Além do estímulo ao interesse pela literatura, as mídias sociais também serviram de forte apoio para as livrarias que sofreram junto com outros empreendimentos pela diminuição de consumidores nas lojas físicas. O estudante de Ciências Sociais na UFF e livreiro na Livraria Saraiva do Shopping Plaza Niterói Mateus Alves, observou que “o ritmo de clientes antes da pandemia era grande, até 2019 era uma movimentação completamente diferente do que há agora. Quando chegaram os meses próximos a declaração de isolamento social, as lojas já estavam vazias, praticamente, eram no máximo uns 20 clientes por dia” e que agora “as mídias sociais estão tendo uma grande contribuição, porque você estabelece tanto um contato das editoras diretamente com os públicos delas como também tem influenciadores que podem indicar livros, estabelecer uma relação de literatura mais próxima a pessoas influenciáveis e também tem as indicações.”
Foto 2: Montagem por Juliana Palmeirim de resultados de pesquisas por livros no TikTok e divulgação das livrarias.
Porém, o potencial das mídias sociais não param e extrapolam os números que os novos influenciadores esperavam alcançar com as suas produções. No TikTok, por exemplo, já houveram mais de 28 bilhões de visualizações nos vídeos publicados com a hashtag #BookTok . Esses vídeos que envolvem muito empenho na gravação, edição, produção de artes, busca por trilha sonora, pesquisa de pauta e tendências, ajudaram muito no mercado literário nacional. “A rede mais jovem hoje, que é o Tiktok, tem algumas indicações que toda vez que um livro é indicado, causa um impacto muito grande no mercado. Acontece de alguns livros, por exemplo, que não eram mais publicados ou estavam sem uma atenção muito grande da editora, de repente estourarem e terem mais reimpressão”, afirma Mateus.
As livrarias físicas, ao observarem as tendências dos clientes a partir dos livros mais procurados e indicados pelos book influencers(influenciadores de livros/leituras), também passaram a fazer uma divulgação maior desses livros específicos, o que gerou certas críticas sobre a sua “qualidade”. Nesse sentido, “acho uma ótima maneira de estimular o hábito da leitura e receber recomendações de livros. Eu mesma, por muitas vezes, busquei na internet resenhas de livros que gostaria de comprar ou indicações de livros novos. As redes sociais têm uma grande influência nos jovens de hoje, então podem ajudar a aumentar o interesse desse público pela leitura. Todo incentivo é válido, pois todos os livros podem influenciar positivamente a vida de uma pessoa, independente se está sendo recomendado "Dom Casmurro" ou "Crepúsculo'", Larissa pontuou.
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