A resistência da música em tempos de pandemia

Por Laís Reis 


“Quem canta seus males espanta”. Esse foi o lema utilizado por artistas independentes,  como Pedro Della Favera, Laura Pessoa e CYAN, que mesmo em tempos difíceis fizeram  da música sua válvula de escape e a das pessoas que consomem os seus conteúdos. Com  a chegada da pandemia do Covid-19, muitas pessoas tiveram que se adaptar à nova rotina  de isolamento social, com isso teve gente que recorreu à música para lidar com as aflições  internas e externas. 

Foto 1: Desenho de menino com máscara e instrumentos em uma espiral azul.

Reprodução: Portal UERN.

De acordo com a IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica), no ano de 2020  o mercado musical teve aumento de 24,5% no Brasil com a chegada da pandemia,  colocando o país como a maior indústria de música gravada da América Latina. Nesse  sentido, grande parte dos cantores independentes, encontrou nas plataformas de streaming  a oportunidade de divulgar seus trabalhos no período de isolamento social.  

Pedro Della Favera, cantor independente e compositor, deu início a sua carreira musical na pandemia lançando seu primeiro single chamado “Sunrise”. O jovem músico conta ter  tido uma ótima experiência com as plataformas na divulgação de suas músicas. “O meio  digital facilita muito mesmo, é incrível o quanto você pode se conectar com diversos  lugares e expandir o seu público”. Com gratidão, o artista também dá a sua leitura sobre  a arte sonora.“ Música pra mim é algo que flui, que me liberta e me diverte. Aumenta  minha autoestima e alivia o peso quando verbalizo as palavras entaladas no meu peito,  mas basicamente é isso, é algo que flui em mim”.

Laura Pessoa, cantora e professora de canto, concorda com Pedro a respeito da facilitação  do alcance de um público pelo meio digital. “O tiktok tem se mostrado uma rede social  totalmente boa para essa divulgação, que tem muita aderência e viraliza as músicas de  uma maneira muito grande, então muitos artistas têm se beneficiado dessa potência  algorítmica do tik tok em relação a música”. 

Quando se fala de potência artística e cultural, a cidade de Niterói se destaca. Centros  artísticos, como o Teatro Popular Oscar Niemeyer, são conhecidos como ponto de  referência musical, onde acontecem diversos shows, peças e orquestras. O cantor e  compositor niteroiense CYAN, ressalta a força da arte no município.“Aqui em Niterói  tem ouro”. E soma dizendo que a cidade possui a cena mais forte de artistas do Brasil,  mesmo com a diminuição do consumo da arte local no período de isolamento. “ A nossa  música parou de operar porque o dia a dia parou de operar”. 

Apesar das incertezas causadas pelo o descobrimento da nova variante do Coronavírus  chamada “Ômicron”, a prefeitura de Niterói vem lutando para que as atividades musicais continuem resistindo. Nos dias 10, 11, 12, 16, 17, 18 e 19 de dezembro acontecerá o  "Niterói Live”, um festival musical em formato de shows e lives, com a participação de  48 artistas da cidade, que serão escolhidos por meio de uma votação popular. O evento tem como intuito fomentar o consumo de cantores independentes e fortalecer a cultura  local. 


Foto 2: Anúncio do evento "Niterói Live" 

Reprodução: http://www.niteroi.rj.gov.br 

Mesmo com o avanço das vacinações, grande parte da população ainda possui um certo receio da contaminação em eventos presenciais, como é o caso da cantora Laura, que  acredita que é uma situação complexa pois o vírus ainda é um risco. “Mas tem que ser  com o máximo de responsabilidade e cuidados possíveis porque a pandemia não acabou”. Para essas pessoas, existe a opção online, que se popularizou no início da pandemia.  

Se antes a inspiração vinha das ruas, com o isolamento social ela precisou partir de outras referências. Como é explicado por CYAN. “Atrapalhou muito a criatividade do artista, o artista precisa de vivência, precisa estar na rua, nas cidades, vivendo, observando e tirando 

as suas próprias conclusões. Mas por outro lado a pandemia fez o artista recorrer a outras maneiras de criatividade, e levou para uma interiorização do ser, de ter que olhar para si  mesmo, a criatividade se voltou para o interior.” 

“Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro/Ano passado eu morri, mas esse  ano eu não morro”. A letra da canção “Sujeito de sorte” do cantor Belchior, quando colocada no cenário atual, representa o sofrimento do povo brasileiro pelas perdas  sofridas, mas carrega a esperança de um amanhã melhor. E por meio da música, a arte  que possui o poder medicamentoso de estancar as feridas da alma, esses cantores  independentes mesmo com as adversidades têm lutado pela sobrevivência de suas verdades para tocar quem necessita. Como verbaliza Laura: “Música é pra mexer contigo”. 


Mais informações:  

Instagram Pedro Della  

Favera: https://instagram.com/pedrofavera?utm_medium=copy_link 

Instagram Laura Pessoa:  

https://instagram.com/eulaurapessoa?utm_medium=copy_link 

Instagram CYAN: https://instagram.com/cyansolo?utm_medium=copy_link Niterói Live: http://www.niteroi.rj.gov.br/niteroilive/

Comentários

  1. Incrível o texto! A leitura ficou bem fluída, as respostas dos entrevistados foram ótimas e o final mexeu muito com o coração 💛

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