A imersão nas redes sociais como relação trabalhista, vendas online e ascensão de influencers por meio de aplicativos
Como a internet abriu novas possibilidades para jovens ingressarem no mercado de trabalho
Por Lucas Adriano
Pode usar o telefone durante o trabalho? Há algum tempo a resposta para essa pergunta seria não, mas hoje é diferente. A tecnologia trouxe novas oportunidades no que diz respeito ao trabalho e empreendedorismo. Muitos jovens antigamente tinham que procurar um emprego formal, que tinham as leis trabalhistas rígidas demais e pouco flexíveis quanto ao uso de aparelhos eletrônicos durante o expediente. Hoje o cenário se mostra outro. Muitas empresas permitiram que a internet fizesse parte dos negócios, a fim de que sua imagem pudesse ser distribuída a uma maior quantidade de pessoas, o que é possível devido ao alcance que as redes sociais possuem. Para isso, buscaram contratar jovens que soubessem trabalhar com esse meio, mais especificamente as redes sociais. Como resultado, mesmo nesse período de pandemia, muitos negócios não ficaram parados ou não tiveram tantos prejuízos, porque os aplicativos facilitaram a forma de se trabalhar.
Giovanna Gurgel, moradora do bairro de Icaraí e estudante do 4° de Publicidade e Propaganda pela UFF, atualmente com 19 anos, trabalha para a Prefeitura de Niterói. Ela supervisiona a conta das redes sociais do Campo de São Bento, situado no bairro de Icaraí, e também monitora a conta da própria prefeitura no instagram: @curtoniteroi. Giovanna afirma: "É difícil fugir desse meio, porque querendo ou não, todo mundo está inserido nas redes sociais”. Ainda relata que por ter crescido com telefone e computador em casa, foi ganhando habilidades para mexer com a internet, como edições de foto e vídeo, por exemplo. Isso fez com que mesmo sem saber exatamente qual profissão iria seguir um dia, gostaria que tivesse como ferramenta um computador e telefone como aliados.
Foto 1: Giovanna Gurgel sentada ao lado da estátua de Paulo Gustavo, no Campo de São Bento.
Reprodução: Arquivo pessoal
Já para Caio Fagundes, estudante de jornalismo do 4° na UFF, é diferente. No cenário atual, aos 23 anos, trabalha como heavy user -a expressão se refere a usuários de redes sociais, e que se dedicam fazendo pesquisas de todo o tipo de conteúdo - de redes sociais para o Canal Combate (@canalcombate). Caio diz: “Sendo sincero, nunca imaginei trabalhar com redes sociais se eu pensasse nisso há alguns anos atrás. Sou de 98, a minha geração viveu grande parte da vida no off-line”. Apesar disso, ele fala que se sente realizado e é um prestígio poder alcançar tantas pessoas através de uma tela, entregando conteúdo sobre o mundo do MMA. O estagiário do Canal Combate ainda complementa falando da sensação de estar totalmente ligado com as pessoas que acompanham o esporte, comentando e recebendo os feedbacks em tempo real. Caio explica: “Acredito que um dos principais méritos e competências das redes sociais é a forma com que elas dão voz ao público, tanto para o bem, quanto para o mal. Porém, penso que isso seja inerente a qualquer novidade que surja na sociedade”.
Foto 2: Caio Fagundes discursando em seu programa no YouTube “Faixa”
Reprodução: Arquivo Pessoal.
Independente da época em que você nasceu, hoje o uso da internet e telefone se tornam cada vez mais constantes e é evidente como têm importância no cotidiano. Exemplo disso, são as relações comerciais existentes com a utilização do Instagram como intermediador. Muitos empreendimentos de alguns anos atrás comercializavam seus produtos e serviços através do “boca a boca”, cartões, banners e outdoors. Com a imersão nas redes sociais, conseguiram expandir para além do bairro ou uma determinada região. Esse novo alcance gerado através do Instagram, fez com que muitos pequenos empreendedores pudessem trabalhar de uma forma mais dinâmica, e, sem precisar fazer um grande esforço para a divulgação do que está sendo oferecido.
Um exemplo disso é o jovem Lucca Trevisan. Ex-aluno do Colégio Pedro II em Niterói, começou a empreender no ramo de sobremesas, tendo como cargo chefe suas receitas inovadoras de cookie. Enquanto fazia o Ensino Médio, vendia para os alunos e funcionários os seus cookies, mas não estava totalmente satisfeito em vender somente ali. Com o surgimento da pandemia, viu que seria interessante criar uma página no Instagram (@cookieschewie) para expor seu produto e aproximar uma nova clientela de outras regiões. Ele relata que quando começou, a mãe dele achava que era simplesmente tirar fotos dos produtos e postar vídeos, mas ele descreve ser muito mais do que isso: “É muito difícil e cansativo, tem toda uma estratégia e análise por trás, existe muita coisa envolvida do que simplesmente postar uma foto, como eu faço no meu perfil pessoal”. De fato, para promover um produto ou serviço tem que se ter uma pesquisa para saber qual nicho de pessoas você quer atingir, e Lucca vem trabalhando muito bem nesse quesito, apesar de morar em Niterói, hoje já realiza entregas até mesmo no Centro do Rio.
Foto 3: Lucca ainda no Colégio Pedro II no início das vendas
Foto 4: Combo cookies diversos sabores
Reprodução: via Instagram @cookieschewie
Esses relatos servem como exemplo para explicar o feito que a internet e as redes causaram, para melhor, na vida profissional de algumas pessoas. Mas não para por aí. Surge nesta nova época a ascensão de influencers digitais. Com apenas um telefone e acesso ao Instagram, criam conteúdo para públicos diferentes, com diversos temas. Além disso, não consideram somente como um hobby, pois muitos são profissionais no que fazem, recebendo dinheiro através de propagandas e “publis” para marcas famosas nacional e internacionalmente.
A nova onda de "influência digital" não para de crescer no Instagram. O que deveria ser só um momento de distração e diversão, se torna algo mais elaborado, que demanda uma maior qualificação. Raquel Alvim (@raquelcsalvim) de 23 anos e criadora de conteúdo digital fala que sua trajetória neste meio começou no início da pandemia e ainda acrescenta: “... eu gostava muito de postar vídeos e fotos no meu instagram, mostrar meu dia a dia. Mas nunca tinha pensado em realmente produzir conteúdo para o insta, no máximo eu via umas pessoas bonitas que tinham seguidores porque postavam sobre moda, challenges, maquiagem… Porém, eu não tinha noção do que era produzir conteúdo para o insta.” Hoje, Raquel tem o foco de ensinar como usar a plataforma, dando dicas do que fazer, como realizar e por onde começar. Entretanto, nem sempre foi assim. Raquel fala como foi difícil no início para ela, com as dúvidas dessa carreira, questões como a estabilidade financeira, algo muito incerto, e até mesmo as pressões sofridas por parte dos pais. Mas foi exatamente a vida de "heavy user" que abriu portas para um estágio.“Eu acabei conseguindo um estágio de arquitetura por causa das minhas redes sociais. A pessoa responsável, estava começando a levar a empresa dele para o meio digital e queria melhorar as redes sociais. Ele perguntou se os candidatos tinham experiência com rede social e não sabia da existência de social media, nem o que era. Ao ver que eu era influenciadora, perguntou se além da parte de arquitetura, eu poderia cuidar das redes sociais da empresa, então foi um diferencial”, relata a jovem.
Foto 5 e 6: Postagens sobre produção de conteúdo para o Instagram
Reprodução: via Instagram @raquelcsalvim
É importante destacar que não é somente porque o mundo virtual é acessível, que será sempre um mar de rosas. A influencer lifestyle e body positive Júlia Antunes (@juliasouzaj) de 23 anos, fala dos perigos existentes nesse mundo: “Tem sido muito boa minha experiência nessa área, porque conheci novas pessoas, pude ir em eventos, e me conectei mais com meus seguidores. Mas ao mesmo tempo, tem que ter uma cabeça muito boa para lidar com hate, pessoas julgando e te criticando… Infelizmente eu sei que é normal desse meio as pessoas passarem umas por cima das outras, e embora eu ame o que eu faça, eu sei que é uma área muito suja. Mas eu preciso estar em eventos para ser vista e trabalhar, mesmo sabendo que nesses ambientes vai ter alguém querendo puxar sua perna”, conclui.
Foto 7: Júlia fazendo propaganda para marca de cosméticos
Reprodução: via Instagram @juliasouzaj
Você tem interesse em trabalhar com a internet e aplicativos? Para isso, saiba que irá precisar de paciência para lidar com os problemas e estar sempre por dentro dos assuntos do momento. Aperfeiçoe o uso de aplicativos e explore o mercado digital: as redes sociais também exigem preparo e estudo.
Comentários
Postar um comentário