Apesar da prática popular e com comunidade forte na cidade, a pesca vivencia diferentes visões e modos de prática durante a pandemia.
Por Davi Martins
Em uma cidade banhada por mar e aberta ao oceano como Niterói, a prática de atividades marítimas chega a ser inevitável. Entre diversas modalidades olímpicas e clubes esportivos voltados aos mais diversos grupos, uma atividade que sempre ganhou destaque no Brasil e principalmente no município é a pesca esportiva.
Foto 1: Vara de pesca a posto na orla do Gragoatá.
Reprodução: criscardoso.com
A pesca é verdadeiramente um esporte que atraiu uma grande comunidade em diversos pontos clássicos para sua atividade em Niterói, seja Ponta d’Areia, Jurujuba, Gragoatá, etc. De longa tradição entre a população mais próxima de encostas do mar e não somente em Niterói, mas possuindo grande número de praticantes em cidades vizinhas. É o caso de São Gonçalo e Maricá, que diversas vezes desenvolvem suas práticas na cidade. Em diversas praias, você também verá diariamente varas de pesca espalhadas na areia, por se tratar também de uma prática assídua tanto por profissionais da área quanto por amadores, mas que frequentemente procuram horas vagas de suas funções para pescar.
Com um histórico forte de vários anos de atividade e com uma forte comunidade espalhada pela cidade, a pesca esportiva naturalmente se transformou em uma verdadeira tradição em Niterói, mobilizando comércio e economia de diversos bairros e da própria cidade. São exemplos clássicos o Mercado São Pedro e os pontos de encontro de pescadores em São Francisco e Charitas. A prática da pesca é um forte componente na construção histórica, econômica e social da cidade de Niterói.
É evidente que com a ascensão do surto de Coronavírus em escala global e atingindo fortemente o Brasil, atividades ao ar livre e que reuniam pequenos grupos foram devidamente canceladas. A Prefeitura de Niterói procurou cumprir fortemente com as orientações dadas pelos órgãos de saúde competentes, e uma das práticas esportivas que tiveram grande redução de suas presenças foi a da pesca. Pontos de saída para a Baía de Guanabara e outras regiões oceânicas tiveram reduções significativas e clássicos pontos de encontro das comunidades pescadoras tiveram horários controlados, visando maior controle da disseminação do vírus.
O impacto dessas medidas foi visível e bastante discutido entre pescadores de diversos municípios e bairros. Pedro Paulo Martins, morador de São Gonçalo, mas com vasta experiência e vivência na pesca esportiva em Niterói e no Estado do Rio de Janeiro, percebe que antes da pandemia, havia uma maior atividade e concentração da prática na cidade. Nesse período, marcou anualmente diversas pescas em barco pela Baía de Guanabara, explorando grande parte dos pontos mais conhecidos pela abundância de peixes, seja nos pontos de saída de Jurujuba ou Ponta d’Areia, ou na pesca em pontos físicos, como na Orla do Gragoatá e praias como Piratininga. Ele analisa que durante o atravessamento da pandemia, há uma enorme diferença entre a disposição de agendamento para as pescas anos atrás e no atual período.
Foto 2: pescador profissional em atividade em alto mar.
Reprodução: Instagram Okuma Fishing Brasil
É nítido que durante o atravessamento do período pandêmico, com o avanço da vacinação e redução tanto do contágio pelo vírus quanto das mortes, em alguns períodos de 2021, teve-se um processo de maior liberação para atividades esportivas ao ar livre no município, requisitando as medidas de segurança primordiais. Bruno Dias, pescador nas horas vagas, mas com histórico de pesca em Niterói, analisa que nesse período de retorno das atividades presenciais, houve um controle para que as pescas fossem realizadas, mas com as devidas proporções, onde a pesca em alto mar pôde ser realizada, porém não com a mesma quantidade de pessoas no barco, percebendo assim uma redução significativa da presença de pescadores.
Ao analisar dois períodos tão diferentes num esporte tão popular como a pesca esportiva, é evidente que há um divisor de águas na história da pesca niteroiense, entre antes e durante a pandemia do Coronavírus.
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