O retorno às aulas presenciais na UFF impulsiona a economia de Niterói e marca o período pós-pandemia

 Após o lockdown e queda nas vendas por Niterói, as atividades econômicas voltam a funcionar devido ao retorno de alunos à UFF.


Por Anna Clara Finamor


Imagem 1: Uma compra feita com cartão de crédito

Reprodução: pexels



Iniciada em 2019, a pandemia do coronavírus mudou as estruturas da sociedade. Com o isolamento social, tudo que envolvia contato físico ou aglomeração de pessoas em um mesmo espaço precisou ser interrompido. Com isso, os comércios necessitaram dar um intervalo em suas atividades, assim como no modelo de aula presencial dentro das universidades. A partir desta mudança, a cidade de Niterói (RJ) sofreu uma queda na economia causada pela falta de movimentação. 


Tendo em vista esse momento, os empreendedores que dependiam dos alunos para poder vender seus produtos e serviços, se viram sem saída. Esse cenário se refletiu na realidade de Aldenice da Silva, moradora do bairro São Domingos. Aos 60 anos, ela obtém sua renda com os aluguéis de apartamentos e repúblicas para estudantes. “Foi muito difícil o início da pandemia, as moças começaram a sair das vagas na república e voltarem para suas casas. Fiquei totalmente no escuro, entrei no programa do auxílio emergencial e foi o que me ajudou a pagar água e luz que estavam atrasando” relatou ela.


Aqueles que dependiam dos eventos e ações coletivas dos alunos ao redor dos campus também foram impactados. A vendedora ambulante de doces, popularmente conhecida como Lele, precisou sair da cidade para conseguir trabalhar durante a pandemia por conta da falta dessas movimentações.


A vendedora comentou sobre a importância da presença do público estudantil para poder prover seu salário. “Durante o período de pandemia comecei a trabalhar em Madureira, nos trens para vender meus doces. Foi muito difícil, sem os universitários a gente não vende”.


Atuação da prefeitura para auxiliar a economia e a população 


As políticas públicas influenciam diretamente no desenvolvimento econômico e em como a população enfrenta uma crise. Apesar das dificuldades vividas, os moradores entrevistados apresentaram uma opinião satisfatória no que diz respeito à atuação do órgão público. “Vejo que essa gestão atual está fazendo um bom trabalho, não só de conservação da cidade, como também na parte de apoio financeiro. O município forneceu cesta básica, cartão, incentivou o empreendedor, deu suporte e auxílio. Então, para nós, donos de pequenos negócios, a prefeitura fez um bom trabalho”, disse Aldenice da Silva.


Além disso, a moeda social Araribóia se mostrou importante para quem esperava uma oportunidade de recomeçar no pós-pandemia. O casal de churrasqueiros, Alcione e Rafael, relataram a importância do benefício para iniciar sua barraca. “A prefeitura ajudou em muita coisa, primeiramente, com o cartão Araribóia. Foi o que me deu a oportunidade de montar o churrasquinho. Através dessa moeda eu consegui comprar os materiais” contou Alcione. 


Impacto da universidade e expectativas para o retorno 


Apesar dos esforços da prefeitura, o crescimento econômico depende de outros fatores, por exemplo, a volta dos clientes em massa. Em Niterói, isso se dá pela migração dos estudantes em direção à cidade. Segundo o censo universitário brasileiro, a UFF é constituída por mais de 40 mil alunos, esse número se reverte em potenciais consumidores, fazendo o capital girar.


O otimismo em volta desse retorno é notável. Alcione e Rafael declararam suas expectativas sobre a visão da ocupação dos alunos na praça da Cantareira. “Nós que somos ambulantes e com trabalho informal, dependemos do capital que conseguimos através dos estudantes que interagem aqui na praça. Estou muito feliz vendo as coisas caminharem, vendendo tudo e trazendo dinheiro para casa”. 


Seja alugando apartamentos, comprando produtos alimentícios ou pagando por serviços, os universitários da UFF desempenham uma função fundamental dentro da cidade. Eles são chave para um ciclo econômico que colabora para a comunidade inteira. Nessa perspectiva, Aldenice comentou sobre seu sentimento nesse momento. “Estou muito feliz, vejo na minha vida e na das outras pessoas que estamos dando um respiro de alívio. Cheio de expectativas da economia só crescer e da cidade prosperar”.


Comentários