Pandemia amplia sedentarismo entre os universitários

Jovens estudantes passaram a gastar tempo demais frente às telas e de menos em movimento.


Por Lucca Pinho


O período de pandemia, durante o qual cidadãos foram impossibilitados de saírem de seus lares, teve forte impacto direta e indiretamente na saúde da população, uma vez que, tornou inativos fisicamente em sedentários, aumentando o uso de aparelhos eletrônicos e diminuindo o uso das valências físicas dos indivíduos.


Em uma primeira análise, é importante compreender a diferença entre inatividade física e sedentarismo. A primeira refere-se à não prática de qualquer esporte ou atividade física, mas prevê que esses indivíduos não praticantes formalmente, ainda assim, colocam o corpo em movimento, seja no deslocamento para uma aula, trabalho ou, até mesmo, em uma saída casual. Por sua vez, a palavra “sedentarismo” refere-se ao ato de estar sentado, em absoluta inércia.


Foto 1: Homem sentado frente à televisão

Reprodução: Google Imagens


Uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI) em meados de 2021, período no qual começou-se a flexibilizar o distanciamento social, aponta uma crescente assustadora no número de alunos que tornaram-se sedentários em virtude da COVID-19. 


No estudo foram feitas perguntas que interligam o período pré-pandemia ao período pandêmico, de modo que os estudantes respondessem às mesmas questões, mudando-se apenas a inserção temporal de suas análises; como horas frente às telas, horas e frequência semanal de prática de atividades físicas, entre muitas outras. Um dado que chamou bastante a atenção dos pesquisadores foi o impacto em universitários da área da saúde, como estudantes de educação física, nutrição e medicina; isso porque, acreditava-se que em função do maior nível de instrução desses em relação às boas práticas alimentares e físicas, os efeitos seriam atenuados.


Além disso, a pesquisa aponta que houve um aumento de 26% em relação à inatividade física, 266% em tempo despendido frente à televisão e 38% em computadores, tablets ou celulares. Alessander Dutra, professor de tênis na cidade de Niterói-RJ, aponta que os principais agravantes para a sedentarização dos jovens foram: o fechamento de academias e a suspensão de esportes de contato físico ou praticados em locais fechados, como lutas, futebol, vôlei, etc. Segundo ele, estas categorias englobam a maior parte da aptidão e do interesse desse grupo mais novo para a prática de atividades físicas. Alessander conta ainda que, desde o início da flexibilização do isolamento social, seu negócio cresceu exponencialmente: "Conforme um estudo publicado no Canadá, o tênis está entre os esportes mais seguros no que diz respeito à transmissão de doenças, juntamente à canoagem, ao ciclismo e à corrida, por serem atividades sem contato físico e praticadas em locais abertos", completou.


Foto 2: Professor Alessander Dutra em partida oficial

Reprodução: Instagram (@alessander.dutra)


É essencial que jovens universitários entendam a importância de ressignificar as boas práticas, adaptando-se à nova realidade construída pela COVID-19. Uma mudança nas atividades procuradas faz-se necessária, bem como a redução no uso de aparelhos eletrônicos. Não é imprescindível, inclusive, a prática de uma atividade física formal, dado que o período acadêmico caracteriza-se por longas jornadas de estudo. Ainda que a sobra de tempo seja pouca, quem sabe não dê para trocar o ônibus por alguns minutos de caminhada? Não é preciso ser um atleta para sair da inércia.


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